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Chamando o Servo de Deus de "Santo" não queremos, aqui, antecipar o pronunciamento da Santa Igreja, mas queremos tão somente falar como o povo de Deus chama o Cônego Lafayette: "Santo Cônego".

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Cônego Lafayette, de Santa Maria, mais perto da beatificação

A primavera chegou mais cedo na Diocese de Guanhães, mais especificamente, em Santa Maria do Suaçuí, pois no dia 20 de setembro, às 15 horas, foi realizada a 41ª sessão do Tribunal Eclesiástico Diocesano, encerrando a fase diocesana do processo de beatificação do Servo de Deus Lafayette da Costa Coelho, conhecido como Cônego Lafayette, considerado santo por milhares de fiéis.
Após o “nihil obstat”, sinal verde de Roma, o processo foi iniciado em 2001. Centenas de páginas de depoimentos foram escritas; documentos pessoais, cartas, relatórios, atas, fotografias e um apanhado histórico fizeram parte do processo que foi levado ao Vaticano pelo postulador da causa, Frei Paolo Lombardo, que mora em Roma e acompanhará toda a tramitação processual.
O Tribunal, presidido por Dom Emanuel Messias de Oliveira, bispo de Guanhães, era formado também por Padre Marcello Romano, promotor de justiça, e Ana Lúcia Ferreira Frigini, notária.
Antes do fechamento do processo, no dia 08 de setembro foi feita a exumação dos restos mortais do Servo de Deus, sepultado no cemitério de Santa Maria. Após o tratamento adequado, os ossos foram colocados em urna devidamente lacrada e foram sepultados, dia 20 de setembro, no interior do Santuário São Miguel, anexo ao cemitério, após uma concorridíssima procissão pelas ruas daquela cidade.
Algumas pessoas disseram que a procissão, com tanta gente, lembrava o dia 22 de setembro de 1961, quando o Servo de Deus foi sepultado, após o seu falecimento no dia 21, quarenta e oito anos atrás.
Cônego Lafayette viveu em Santa Maria no período de 1917 a 1961, primeiro como auxiliar e depois como pároco. Foram 44 anos de serviço e doação ao Povo de Deus, que reconhecia naquele virtuoso sacerdote um homem santo, cuja bênção era portadora das imensuráveis graças de Deus.
O Regional Leste II da CNBB, através de seu presidente Dom Walmor Oliveira de Azevedo, entregou a Dom Emanuel um documento escrito, dando apoio à causa. Agora, toda a Diocese de Guanhães, após a conclusão dessa fase processual, continuará em oração à espera de uma resposta positiva da Sagrada Congregação para as Causas dos Santos, que deverá dar ao Cônego Lafayette o título de Venerável. (Ismar Dias de Matos, Vice-Postulador da Causa)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

CRO­NO­LO­GIA DO SERVO DE DEUS CÔNEGO LAFAYETTE DA COSTA COELHO

1886 - Nas­ci­men­to do Ser­vo de ­Deus La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho, em Ser­ro - MG, em 10 de no­vem­bro. É o sex­to fi­lho de Jo­sé da Cos­ta Coe­lho e Jú­lia Fe­lis­bi­na de Je­sus.
1887 - Ba­tis­mo do Ser­vo de ­Deus, na Ma­triz de Ser­ro, pe­lo Pe. Jo­sé Al­ves de Mes­qui­ta, em 30 de ­abril.
1888 - Abo­li­ção da Es­cra­va­tu­ra no dia 13 de ­maio.
1889 - Pro­cla­ma­ção da Re­pú­bli­ca no dia 15 de no­vem­bro; se­pa­ra­ção da Igre­ja e Es­ta­do.
1908 - In­gres­so do jo­vem La­fa­yet­te no Se­mi­ná­rio da Dio­ce­se de Dia­man­ti­na - MG, com 22 ­anos in­com­ple­tos.
1909 - Fun­da­ção da Ir­man­da­de do San­tís­si­mo Sa­cra­men­to, no Bra­sil. Per­mis­são de se dar a Co­mu­nhão aos me­ni­nos e me­ni­nas nos ­dias 25 de ca­da mês - Era a co­mu­nhão da "Cru­za­da An­gé­li­ca". Iní­cio do cos­tu­me da ado­ra­ção no­tur­na ao San­tís­si­mo Sa­cra­men­to na 1ª quin­ta-fei­ra pa­ra sex­ta-fei­ra de ca­da mês.
1914 - Iní­cio da Pri­mei­ra Guer­ra Mun­dial; Pri­mei­ra Ton­su­ra re­ce­bi­da pe­lo se­mi­na­ris­ta La­fa­yet­te, no Se­mi­ná­rio, em 24 de ­abril.
1915 - Dia­co­na­to de La­fa­yet­te, em Dia­man­ti­na, em 08 de ­abril.
1917 - Or­de­na­ção pres­bi­te­ral do jo­vem La­fa­yet­te, pe­la im­po­si­ção das ­mãos de S. Ex.a Rev.ma Dom Joa­quim Sil­vé­rio de Sou­za, Ar­ce­bis­po de Dia­man­ti­na, em 15 de ­abril, na Ca­pe­la do Se­mi­ná­rio. No­mea­ção pa­ra au­xi­liar Pe. Jo­sé Ma­ria dos ­Reis, em Sta. Ma­ria de São Fé­lix - MG.
Em Por­tu­gal, as crian­ças Fran­cis­co, Ja­cin­ta e Lú­cia re­ce­bem men­sa­gens da Vir­gem de Fá­ti­ma.
1918 - Fim da Pri­mei­ra Guer­ra Mun­dial.
1919 - Mor­te do Pe. Jo­sé Ma­ria e no­mea­ção do Pe. La­fa­yet­te co­mo Vi­gá­rio Ecô­no­mo, fun­ção que ocu­pa até ­maio de 1922, quan­do pas­sa a ser o Pá­ro­co En­co­men­da­do de San­ta Ma­ria. Con­vo­ca­ção de Mis­sões Re­den­to­ris­tas pa­ra a Pa­ró­quia.
1923 - Mis­sões com os Pa­dres La­za­ris­tas na Pa­ró­quia.
1925 - Vi­si­ta Pas­to­ral do Sr. Ar­ce­bis­po Dom Joa­quim Sil­vé­rio de Sou­za a San­ta Ma­ria.
1927 - Cria­ção, pe­lo Pe. La­fa­yet­te, em San­ta Ma­ria, da Guar­da de Hon­ra, da ­qual fa­zia par­te, em Dia­man­ti­na, nos tem­pos de se­mi­na­ris­ta. No­vas Mis­sões Re­den­to­ris­tas. Au­to­ri­za­ção pa­ra ex­po­si­ção do San­tís­si­mo du­ran­te to­das as pri­mei­ras quin­tas-fei­ras de ca­da mês.
1929 - Cri­se eco­nô­mi­ca mun­dial, com a que­da da Bol­sa de No­va ­York.
1930 - Cria­ção da As­so­cia­ção das Fi­lhas de Ma­ria, na Pa­ró­quia.
1933 - Em Dia­man­ti­na, or­de­na­ção do Pe. Jo­sé Ba­tis­ta dos San­tos, que foi en­via­do ao Se­mi­ná­rio pe­lo Pe. La­fa­yet­te. O neo-sa­cer­do­te can­ta sua pri­mei­ra Mis­sa na ter­ra na­tal no dia 09 de ja­nei­ro de 1934. É o pri­mei­ro fi­lho de San­ta Ma­ria a ser or­de­na­do pres­bí­te­ro. No­vas Mis­sões com os Pa­dres La­za­ris­tas.
1937 - Vi­si­ta Pas­to­ral de Dom Se­ra­fim Go­mes Jar­dim, Ar­ce­bis­po de Dia­man­ti­na, a San­ta Ma­ria, em se­tem­bro.
1938 - Vi­si­ta Pas­to­ral de Dom Se­ra­fim à Ca­pe­la de S. Se­bas­tião do Ma­ra­nhão.
1939 - Iní­cio da Se­gun­da Guer­ra Mun­dial.
1941 - Pe. La­fa­yet­te com­ple­ta 55 ­anos e já sen­te os pri­mei­ros sin­to­mas da ve­lhi­ce. No­va Vi­si­ta Pas­to­ral de Dom Se­ra­fim, em agos­to.
1942 - Rea­li­za­ção de no­vas Mis­sões Re­den­to­ris­tas na Pa­ró­quia: ­abril e ­maio. Vi­si­ta Pas­to­ral de Dom Se­ra­fim, em ju­lho.
1944 - Pe. La­fa­yet­te as­sis­te o Pe. Ale­xan­dri­no Cor­dei­ro da Luz, Vi­gá­rio de ­Água Boa, que fa­le­ceu na Ca­sa Pa­ro­quial de San­ta Ma­ria. Cria­ção da Pa­ró­quia de S. Se­bas­tião do Ma­ra­nhão. Pe. La­fa­yet­te é no­mea­do De­le­ga­do do Sr. Ar­ce­bis­po pa­ra dar pos­se ao 1º Vi­gá­rio, Pe. Ja­dir Bran­dão Cos­ta.
1945 - Vi­si­ta Pas­to­ral do Sr. Ar­ce­bis­po Dom Se­ra­fim Go­mes Jar­dim, em agos­to. Fim da Se­gun­da Guer­ra Mun­dial
1946 - Che­ga­da à Pa­ró­quia do Vi­si­ta­dor Apos­tó­li­co "Ad hoc" Cô­ne­go Se­bas­tião Fer­nan­des.
1947 - Con­sa­gra­ção da Pa­ró­quia ao Ima­cu­la­do Co­ra­ção de Ma­ria, pe­lo Pe. La­fa­yet­te, a pe­di­do de Dom Se­ra­fim Go­mes Jar­dim. Or­de­na­ção, em 30 de no­vem­bro de ­dois pa­ro­quia­nos: Pe. Joa­quim Araú­jo Sil­vei­ra e Pe. Jo­sé de Ávi­la Gar­cia, en­via­dos ao Se­mi­ná­rio pe­lo Pe. La­fa­yet­te. No­mea­ção de Pa­dre La­fa­yet­te Cô­ne­go Ti­tu­lar da Ca­te­dral de Dia­man­ti­na, por Dom Se­ra­fim Go­mes Jar­dim.
1948 - No­va Vi­si­ta Pas­to­ral de Dom Se­ra­fim à Pa­ró­quia de San­ta Ma­ria, em agos­to.
1949 - No­mea­ção do Cô­ne­go La­fa­yet­te pa­ra Vi­gá­rio Fo­râ­neo da Co­mar­ca das Se­te Do­res.
1952 - Che­ga­da a San­ta Ma­ria de um Vi­gá­rio Coo­pe­ra­dor, Pe. Afon­so Araú­jo Sil­va, em mar­ço.
1953 - Vi­si­ta Pas­to­ral de Dom ­João de Sou­za Li­ma, Bis­po Au­xi­liar de Dia­man­ti­na, du­ran­te os ­dias 20 de ­maio a 6 de ju­nho. Rea­li­za­ção de no­vas Mis­sões dos Pa­dres La­za­ris­tas nas ca­pe­las de N. Se­nho­ra da Con­cei­ção de ­Poaia e de São Jo­sé da Sa­fi­ra.
1954 - Re­cep­ção, no ano San­to de Ma­ria e Cen­te­ná­rio da Cria­ção da Ar­qui­dio­ce­se de Dia­man­ti­na, pe­la Pa­ró­quia de San­ta Ma­ria, da ima­gem pe­re­gri­na de N. Se­nho­ra de Fá­ti­ma, con­du­zi­da pe­los pa­dres La­za­ris­tas.
1956 - No­mea­ção de Pe. ­Sady Pe­rei­ra da Sil­va pa­ra no­vo Vi­gá­rio Coo­pe­ra­dor de San­ta Ma­ria, em subs­ti­tui­ção ao Pe. Afon­so.
1958 - Cria­ção da Cru­za­da Eu­ca­rís­ti­ca In­fan­til na Pa­ró­quia.
1959 - Con­vo­ca­ção do Con­cí­lio Va­ti­ca­no II pe­lo San­to Pa­dre ­João ­XXIII.
1961 - Ho­me­na­gem do De­pu­ta­do Es­ta­dual Na­cip Ray­dan Cou­ti­nho, de San­ta Ma­ria do Sua­çuí, ao seu pa­dri­nho Cô­ne­go La­fa­yet­te, dan­do o seu no­me à Es­co­la da Vi­la Jo­sé Ray­dan, em fe­ve­rei­ro.
Fa­le­ci­men­to, ­após vá­rios ­dias de en­fer­mi­da­de, do Ser­vo de ­Deus La­fa­yet­te, aos 75 ­anos in­com­ple­tos, na Ca­sa Pa­ro­quial, no dia 21 de se­tem­bro, quin­ta-fei­ra. O se­pul­ta­men­to ocor­re no dia se­guin­te.
1972 - Ten­ta­ti­va de es­cri­ta da bio­gra­fia do Cô­ne­go La­fa­yet­te pe­lo Pe. Eu­ler Al­ves Pe­rei­ra, SVD. Iní­cio de um trí­duo pre­pa­ra­tó­rio pa­ra o dia 21 de se­tem­bro.
1986 - Ano do cen­te­ná­rio do nas­ci­men­to do Ser­vo de ­Deus. Pu­bli­ca­ção de um opús­cu­lo, de au­to­ria do se­mi­na­ris­ta Is­mar ­Dias de Ma­tos, ce­le­bran­do o acon­te­ci­men­to.
1994 - Pu­bli­ca­ção, com a au­to­ri­za­ção do Bis­po Dio­ce­sa­no, Dom An­tô­nio Fe­lip­pe da Cu­nha, SDN, de um pe­que­no li­vro so­bre o Cô­ne­go La­fa­yet­te, de au­to­ria do Pe. Is­mar ­Dias de Ma­tos.
2000 - En­tre­ga em Ro­ma, por Dom Ema­nuel Mes­sias de Oli­vei­ra, Bis­po Dio­ce­sa­no de Gua­nhães, do pe­di­do pa­ra ini­ciar a cau­sa de ca­no­ni­za­ção do Cô­ne­go La­fa­yet­te.
NI­HIL OBS­TAT, da Sa­gra­da Con­gre­ga­ção pa­ra as Cau­sas dos San­tos, de Ro­ma, au­to­ri­zan­do o iní­cio do Pro­ces­so de Ca­no­ni­za­ção do Ser­vo de ­Deus La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho, dia 13 de no­vem­bro.
2001 - No­mea­ção do Pos­tu­la­dor da Cau­sa do Ser­vo de ­Deus, do Tri­bu­nal Ecle­siás­ti­co Dio­ce­sa­no e da Co­mis­são His­tó­ri­ca, que cui­da­rão da ins­tru­ção do pro­ces­so de bea­ti­fi­ca­ção a ní­vel dio­ce­sa­no, com pos­se so­le­ne em 24 de ju­nho.
19 de se­tem­bro: Ho­me­na­gem pres­ta­da ao Ser­vo de ­Deus na As­sem­bléia Le­gis­la­ti­va do Es­ta­do de Mi­nas Ge­rais.
21 de se­tem­bro: Ce­le­bra­ção, em San­ta Ma­ria do Sua­çuí, do 40º ani­ver­sá­rio de fa­le­ci­men­to do Ser­vo de ­Deus.
2009
08 de setembro: exumação dos restos mortais do Servo de Deus.
20 de setembro:Procissão pelas ruas de Santa Maria do Suaçuí com os restos mortais do servo de Deus, celebração da Eucaristia e novo sepultamento do Servo de Deus no interior do Santuário São Miguel, anexo ao Cemitério de Santa Maria. Conclusão da fase diocesana do processo de beatificação do Servo de Deus.
21 de setembro: celebração festiva no 48º aniversário de falecimento do Servo de Deus.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

SAN­TA MA­RIA DO SUA­ÇUÍ: A NO­VA TER­RA DO SER­VO DE ­DEUS

Lo­ca­li­za­da no Va­le do Rio Do­ce (Ba­cia do Sua­çuí), no cen­tro-nor­des­te de Mi­nas Ge­rais, a Pa­ró­quia de San­ta Ma­ria te­ve seu iní­cio na dé­ca­da de 1860. Em 1865 con­ta­va ­três ca­sas de te­lha e ou­tras ­seis co­ber­tas de pal­mei­ra ou sa­pé, se­gun­do re­la­tos do Ca­pi­tão Ra­ma­lho, tes­te­mu­nha ocu­lar da­que­les pri­mór­dios (FER­REI­RA 5, 141-145). Ca­pi­tão Ra­ma­lho re­la­ta no seu diá­rio que os pri­mei­ros ha­bi­tan­tes de San­ta Ma­ria fo­ram Ca­mi­lo dos San­tos, For­tu­na­to Cha­ves, Ana Al­ves de Oli­vei­ra, Fran­cis­ca Ma­ria da Cos­ta, Ma­nuel Fe­li­pe, Meo­fal­do Flo­ria­no, Inham­bu e ou­tros.
Os es­cri­tos do Ca­pi­tão Ra­ma­lho da­tam de 1865 e re­gis­tram que sur­ge, ­mais tar­de, no po­voa­do, um gru­po de ita­lia­nos com ­suas har­pas e "ins­tru­men­tos exó­ti­cos", to­can­do e dan­çan­do pa­ra ga­nhar di­nhei­ro. Den­tre ­eles des­ta­ca­va-se o de no­me Jo­sé Ba­rat­ti, que mor­reu ­anos de­pois. Fa­lam tam­bém de um al­dea­men­to dos ín­dios bo­to­cu­dos, um pou­co abai­xo do Ar­raial.
San­ta Ma­ria per­ten­cia, na­que­la épo­ca, ao Mu­ni­cí­pio de Mi­nas No­vas. Mas a Pa­ró­quia era aten­di­da pe­lo Pe. Fran­cis­co da Luz, Vi­gá­rio de Ca­pe­li­nha das Gra­ças (ho­je ci­da­de de Ca­pe­li­nha). Em sua com­pa­nhia vi­nha, qua­se sem­pre, o sub­de­le­ga­do de po­lí­cia, Co­ro­nel Je­suí­no Go­mes da Sil­va.
A par­tir de 1871, o Pre­si­den­te da Pro­vín­cia de Mi­nas Ge­rais, Fran­cis­co Lei­te da Cos­ta Be­lém, con­vic­to de que a res­pos­ta pa­ra o de­sa­fio da ca­te­qui­za­ção dos ín­dios des­sa imen­sa re­gião se­ria con­fiá-la a mis­sio­ná­rios, pe­de ao Su­pe­rior Ge­ral dos Fra­des Ca­pu­chi­nhos que to­me pro­vi­dên­cia nes­se sen­ti­do. For­ma­ram-se, en­tão, vá­rias co­lô­nias in­dí­ge­nas em Mi­nas, en­tre as ­quais Itam­ba­cu­ri, de on­de vie­ram os Fra­des Ca­pu­chi­nhos pa­ra a re­gião de San­ta Ma­ria. En­tre os pio­nei­ros es­tão ­Frei Vir­gí­lio de Am­blar e o seu com­pa­nhei­ro ­Frei Joa­quim da Lo­mia de Ca­ni­cat­ti que, no iní­cio de 1872, fun­da­ram o Al­dea­men­to de San­ta Ma­ria de São Fé­lix (PA­LAZ­ZO­LO 9).
Os Fra­des Ca­pu­chi­nhos ti­ve­ram um tra­ba­lho enor­me na re­gião, da­das as pre­ca­rie­da­des de tu­do. Em 1873, os Su­pe­rio­res trans­fe­ri­ram ­Frei Joa­quim e em seu lu­gar ­veio ­Frei ­João de Gan­gi, que fi­cou até 1878, quan­do foi trans­fe­ri­do pa­ra a Al­deia de Nos­sa Se­nho­ra da Con­cei­ção. ­Frei Vir­gí­lio fi­cou so­zi­nho, vin­do a fa­le­cer pou­co tem­po de­pois, na re­gião da ­Poaia14 .
O his­to­ria­dor Nel­son de Se­na, no Anuá­rio His­tó­ri­co Co­ro­grá­fi­co de Mi­nas Ge­rais, es­cre­veu so­bre o en­tão Dis­tri­to de San­ta Ma­ria: "Es­te opu­len­to dis­tri­to agrí­co­la do mu­ni­cí­pio e ter­mo de Pe­ça­nha per­ten­ceu an­tes de 1875 à Co­mar­ca de Mi­nas No­vas e de­pois, até 1881, ao mu­ni­cí­pio de São ­João Ba­tis­ta (Co­mar­ca de Ita­ma­ran­di­ba). Foi cria­da a sua Pa­ró­quia em 5 de ou­tu­bro de 1870 (lei mi­nei­ra n.º 1.719) e con­fir­ma­da pe­lo § 2º do art. 1º da lei n.º 2.214, de 3 de ju­nho de 1876.
Em 1881 ga­nhou o dis­tri­to uma Agên­cia de Cor­reios. O Te­lé­gra­fo Na­cio­nal foi inau­gu­ra­do a 3 de ­abril de 1909. ­Duas es­co­las pú­bli­cas fo­ram cria­das pe­la lei n.º 2.478, de 9 de no­vem­bro de 1878, san­cio­na­da pe­lo Vi­ce Pre­si­den­te da Pro­vín­cia de Mi­nas Ge­rais, Cô­ne­go Joa­quim Jo­sé de ­Sant'Anna.
Pe­lo re­cen­sea­men­to de 1900, o Dis­tri­to de San­ta Ma­ria apre­sen­tou um nú­me­ro de 11.980 ha­bi­tan­tes e em 1905, um co­lé­gio elei­to­ral de 417 elei­to­res, com uma po­pu­la­ção ur­ba­na de 3.000 ha­bi­tan­tes. Na se­de do dis­tri­to o re­cen­sea­men­to es­co­lar apre­sen­tou um nú­me­ro de 286 alu­nos".
No nú­me­ro 17 de A Es­tre­la Po­lar, da­ta­do de 30 de ju­nho de 1908, lê-se o se­guin­te: "O dis­tri­to de San­ta Ma­ria de São Fé­lix, par­te in­te­gran­te do vas­to mu­ni­cí­pio do Pe­ça­nha, es­tá si­tua­do a 6 lé­guas da mar­gem es­quer­da do Sua­çuí Gran­de. Con­fi­na ao nor­te com ­Água Boa, mu­ni­cí­pio de Mi­nas No­vas; ao oes­te com São Jo­sé do Ja­cu­ri e S. Pe­dro do Sua­çuí; ao sul com Ra­ma­lhe­te; ain­da li­mi­ta-se com Ca­pe­li­nha, São ­João Ba­tis­ta (Ita­ma­ran­di­ba) e Co­lu­na. Con­ta a Fre­gue­zia com qua­tro Ca­pe­las fi­liais, a sa­ber: San­to An­tô­nio da Fo­lha Lar­ga, S. Se­bas­tião do Ma­ra­nhão, S. Se­bas­tião dos Cris­tais e Nos­sa Se­nho­ra da Con­cei­ção da ­Poaia, an­ti­go al­dea­men­to. A po­pu­la­ção da Fre­gue­zia é de 16.000 ha­bi­tan­tes, sen­do a do pe­rí­me­tro do ar­raial de qua­se 4.000. O ­maior diâ­me­tro dis­tri­tal é de 15 lé­guas, en­tre a ca­choei­ra gran­de do Sua­çuí e o al­to da Boa Vis­ta, ver­ten­te pa­ra Ita­ma­ran­di­ba... Si­tua­do no cru­za­men­to de es­tra­das en­tre o ser­tão e a ma­ta, o dis­tri­to de San­ta Ma­ria de São Fé­lix ocu­pa van­ta­jo­sa po­si­ção pa­ra o de­sen­vol­vi­men­to de ­suas ri­que­zas; es­ta cir­cuns­tân­cia geo­grá­fi­ca con­cor­re imen­sa­men­te pa­ra as ­boas con­di­ções do seu co­mér­cio ati­vo: por exem­plo, quan­do no Rio de Ja­nei­ro o ca­fé ti­po 7 é co­ta­do a 4$000, o ca­fé des­te dis­tri­to, ex­por­ta­do em gran­de es­ca­la pa­ra Mon­tes Cla­ros e Ja­nuá­ria, é ven­di­do, com mui­ta pro­cu­ra, a 6$000 e 7$000, mes­mo sem o bom pre­pa­ro em má­qui­nas, que ­aqui não há. In­fe­liz­men­te lu­ta-se com mui­ta di­fi­cul­da­de pa­ra o trans­por­te em cos­tas de bur­ros: não te­mos es­tra­das ­boas, nem mes­mo so­frí­veis!" (SE­NA 11, 777-779).
O Dis­tri­to de San­ta Ma­ria de São Fé­lix (que se cha­mou Fa­zen­da de San­ta Ma­ria ­Maior e Ca­pe­la de San­ta Ma­ria Eter­na) foi ele­va­do à ca­te­go­ria de Vi­la atra­vés da lei n.º 843, de 7 de se­tem­bro de 1923. Foi ins­ta­la­da so­le­ne­men­te a 16 de mar­ço de 1924, to­man­do a Vi­la a de­no­mi­na­ção de San­ta Ma­ria do Sua­çuí, cu­ja gra­fia, na épo­ca, era Suass­huy (MI­NAS GE­RAIS 6, 1042-1044).
Foi pa­ra es­sa re­gião, que ho­je en­glo­ba os mu­ni­cí­pios de San­ta Ma­ria do Sua­çuí, São Se­bas­tião do Ma­ra­nhão, São Jo­sé da Sa­fi­ra e Jo­sé Ray­dan, que foi en­via­do o Ser­vo de ­Deus La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho. Até 1986 a Pa­ró­quia fa­zia par­te da Ar­qui­dio­ce­se de Dia­man­ti­na e, com a ins­ta­la­ção da Dio­ce­se de Gua­nhães, em 1º de ­maio de 1986, pas­sou a per­ten­cer a es­ta no­va cir­cuns­cri­ção ecle­siás­ti­ca.

CÕNEGO LAFAYETTE NO SEMINÁRIO DE DIAMANTINA

O Se­mi­ná­rio de Dia­man­ti­na foi fun­da­do em 1867 pe­lo pri­mei­ro Bis­po da Dio­ce­se, Dom ­João An­tô­nio dos San­tos, que, se­guin­do uma for­te es­pi­ri­tua­li­da­de da épo­ca, de­di­cou aque­la ca­sa de for­ma­ção sa­cer­do­tal ao Sa­gra­do Co­ra­ção de Je­sus. Ali, jun­ta­men­te com as ciên­cias, apren­dia-se tam­bém a sa­lu­tar de­vo­ção ao Sa­gra­do Co­ra­ção, bas­tan­te li­ga­da à de­vo­ção Eu­ca­rís­ti­ca. Foi a par­tir da pu­bli­ca­ção da En­cí­cli­ca "An­num Sa­crum" (1899), pe­lo Pa­pa ­Leão ­XIII, que o cul­to to­mou gran­de im­pul­so, com as la­dai­nhas, o mês do Sa­gra­do Co­ra­ção e a de­vo­ção à "pri­mei­ra sex­ta-fei­ra do mês". O pró­prio Ro­ma­no Pon­tí­fi­ce fez um so­le­ne ato de Con­sa­gra­ção ao Sa­gra­do Co­ra­ção de Je­sus no dia 31 de de­zem­bro de 1899.
O Se­mi­ná­rio foi di­ri­gi­do até 1964 pe­los pa­dres da Con­gre­ga­ção da Mis­são, ­mais co­nhe­ci­dos co­mo Pa­dres La­za­ris­tas. Es­ses pa­dres ­eram, em sua gran­de maio­ria, eu­ro­peus. E o Se­mi­ná­rio se­guia o es­ti­lo es­co­lar da Eu­ro­pa, com o ano le­ti­vo co­me­çan­do em ou­tu­bro. Era uma vi­da bem di­fe­ren­te dos tem­pos de ho­je.
Em 1908, num do­min­go, 4 de ou­tu­bro10, o rei­tor do Se­mi­ná­rio Epis­co­pal, o mis­sio­ná­rio fran­cês Pe. Er­nes­to Hen­ri­que La­cos­te, re­ce­beu o jo­vem La­fa­yet­te, que vi­nha ma­tri­cu­lar-se na­que­la ca­sa de for­ma­ção sa­cer­do­tal. Con­ta­va, en­tão, vin­te e ­dois ­anos. Aque­le jo­vem al­to, for­te e ­cheio de vi­da, es­ta­va cons­cien­te do que que­ria.
Jun­ta­men­te com La­fa­yet­te ma­tri­cu­la­ram-se: Zó­zi­mo Ra­mos Cou­to (Dia­man­ti­na), Jo­sé Via­na Gon­çal­ves (Dia­man­ti­na), Gil Pe­rei­ra da Sil­va (Gua­nhães), ­Sylvio Ca­tão (Gua­nhães), Plí­nio de Ma­ga­lhães e Au­gus­to ­Lins (Ser­ro), Ubi­ra­ja­ra Via­na No­vaes e Ál­va­ro Via­na No­vaes (Ita­bi­ra do Ma­to Den­tro)11.
En­tran­do pa­ra o Se­mi­ná­rio, ele sa­bia que ­iria tra­jar, do­ra­van­te, ba­ti­na e bar­re­te. Sa­bia que as vi­si­tas à ca­sa pa­ter­na se­riam ra­ras. Co­me­ça­va uma vi­da aus­te­ra, de obe­diên­cia ao Pa­dre Su­pe­rior, aos pro­fes­so­res e re­gen­tes. Le­van­ta­va às cin­co ho­ras da ma­nhã pa­ra a ora­ção, mis­sa e ca­fé. Às se­te co­me­ça­vam as au­las, que ­eram in­ter­ca­la­das com equi­va­len­te tem­po de es­tu­dos. Es­tu­da­va-se uma ho­ra e ha­via, su­ces­si­va­men­te, uma au­la com du­ra­ção de uma ho­ra. O al­mo­ço era às dez e ­meia da ma­nhã. ­Após o ­meio-dia re­co­me­ça­vam as ati­vi­da­des es­co­la­res. Às 16:30, era o jan­tar. À noi­te, ha­via o chá, a ora­ção da noi­te às 20:30 ho­ras e de­pois... dor­mir. As­sim era o dia-a-dia do Se­mi­ná­rio em 1908.
Da­li do Se­mi­ná­rio, La­fa­yet­te po­dia con­tem­plar o ma­jes­to­so Pi­co do Itam­bé, que lhe tra­zia sau­da­des de ca­sa. Mas as li­ções de sau­da­des se mis­tu­ra­vam ao enor­me de­se­jo de atin­gir os de­graus do sa­cer­dó­cio e, com es­te, a pos­si­bi­li­da­de de se­cun­dar as ­ações do Cris­to Pas­tor e Mes­tre do ­Amor.
Quan­do o jo­vem se­mi­na­ris­ta foi pas­sar as pri­mei­ras fé­rias, co­me­çou a vi­ver uma ex­pe­riên­cia no­va. Era a pri­mei­ra vez que vol­ta­va à con­vi­vên­cia fa­mi­liar, ­após um pe­río­do de ro­ti­na aus­te­ra e dis­ci­pli­na­da, que ele co­me­ça­va a in­cor­po­rar à sua no­va op­ção de vi­da. Os pró­prios ­pais dos se­mi­na­ris­tas cos­tu­ma­vam tra­tá-los com for­ma­li­da­des, ­pois ven­do-os com os tra­jes ecle­siás­ti­cos, já an­te­viam os pa­dres que tan­to res­pei­ta­vam. As­sim, em ca­sa, La­fa­yet­te co­me­çou a tra­tar ­suas pri­mas com ­mais ce­ri­mô­nias, dis­se-me sua pri­ma Ir. Ga­brie­la Sa­les. Ele as cha­ma­va de "frei­ras", res­pon­den­do ao tra­ta­men­to de "fra­de". Mas às ve­zes tu­do se trans­for­ma­va nu­ma gran­de brin­ca­dei­ra de crian­ças e jo­vens.
No Se­mi­ná­rio Epis­co­pal de Dia­man­ti­na, que sem­pre ofe­re­ceu uma das me­lho­res for­ma­ções pa­ra o cle­ro do Bra­sil, La­fa­yet­te fez os cur­sos de Hu­ma­ni­da­des (Se­mi­ná­rio Me­nor), com du­ra­ção de cin­co ­anos; Fi­lo­so­fia, com du­ra­ção de ­dois ­anos; e Teo­lo­gia (Se­mi­ná­rio ­Maior), com du­ra­ção de ­três ­anos. Fo­ram dez ­anos de es­tu­do e ora­ção na­que­la ca­sa que já for­mou tan­tos fi­lhos ilus­tres pa­ra a Igre­ja e pa­ra o ­País.
Atra­vés da ci­ta­ção das dis­ci­pli­nas cur­sa­das no Se­mi­ná­rio Me­nor, o lei­tor te­rá uma vi­são so­bre a for­ma­ção hu­ma­nís­ti­ca dos alu­nos: es­tu­da­vam Por­tu­guês, La­tim, In­glês, Fran­cês, Ál­ge­bra, De­se­nho, Geo­gra­fia, His­tó­ria Uni­ver­sal, Ins­tru­ção Re­li­gio­sa, etc. O Cur­so de Teo­lo­gia ti­nha as se­guin­tes dis­ci­pli­nas: Dog­ma, Mo­ral, His­tó­ria Ecle­siás­ti­ca, Di­rei­to Ca­nô­ni­co, Sa­gra­da Es­cri­tu­ra, Her­me­nêu­ti­ca, Li­tur­gia, etc.
No Se­mi­ná­rio Me­nor, La­fa­yet­te te­ve co­mo co­le­gas uma tur­ma de ra­pa­zi­nhos bem ­mais jo­vens do que ele, em sua maio­ria, dos ­quais foi Re­gen­te (au­xi­liar de dis­ci­pli­na). Co­mo Re­gen­te, ti­nha um quar­to in­di­vi­dual. No Se­mi­ná­rio ­Maior, era um alu­no mé­dio. No cur­so de Teo­lo­gia ­suas me­lho­res no­tas ­eram em Teo­lo­gia Mo­ral, Di­rei­to Ca­nô­ni­co e His­tó­ria da Igre­ja.
Du­ran­te a as­cen­são nos es­tu­dos do Se­mi­ná­rio, até che­gar a ser or­de­na­do pres­bí­te­ro, o se­mi­na­ris­ta re­ce­bia as cha­ma­das or­dens me­no­res. São os "de­graus do sa­cer­dó­cio". Foi as­sim que no dia 24 de ­abril de 1914 che­gou a vez do se­mi­na­ris­ta La­fa­yet­te re­ce­ber a pri­mei­ra ton­su­ra (uma pe­que­na co­roa no al­to da ca­be­ça, não ­mais pra­ti­ca­da ho­je). Em 1915, re­ce­beu o dia­co­na­to, em 8 de ­abril.
An­tes da or­de­na­ção o can­di­da­to ao sa­cer­dó­cio de­ve­ria es­cre­ver um re­que­ri­men­to pe­din­do ao Bis­po que in­cluís­se o seu no­me en­tre aque­les que re­ce­be­riam as or­dens sa­cras no fi­nal do ano. Era fei­to um pro­ces­so ca­nô­ni­co na Dio­ce­se pa­ra a es­co­lha e ad­mis­são do can­di­da­to. Com o dia­co­na­to, con­fir­ma-se o cha­ma­do de ­Deus, atra­vés da es­co­lha e cha­ma­do da Igre­ja, na pes­soa do Bis­po.
En­con­tra-se no Ar­qui­vo da Cú­ria Me­tro­po­li­ta­na de Dia­man­ti­na o se­guin­te do­cu­men­to, fei­to de pró­prio pu­nho pe­lo se­mi­na­ris­ta La­fa­yet­te:

La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho, nas­ci­do, ba­ti­za­do e mo­ra­dor na Fre­gue­zia de Nos­sa Se­nho­ra da Con­cei­ção do Ser­ro, des­te Bis­pa­do de Dia­man­ti­na, fi­lho le­gí­ti­mo de Jo­sé da Cos­ta Coe­lho e Jú­lia Fe­lis­bi­na de Je­sus, na­tu­rais da di­ta Fre­gue­zia, ne­to pa­ter­no de Ro­gé­rio da Cos­ta Coe­lho e Ma­ria Eu­frá­sia de Je­sus, e ma­ter­no de Ber­nar­di­no da Cos­ta Coe­lho e Ma­ria Eu­lá­lia da Luz, com vin­te e no­ve ­anos de ida­de, de­se­jan­do ser pro­mo­vi­do às or­dens sa­cras até o Pres­bi­te­ra­to, vem ro­gar a V. Ex.a Rev.ma se dig­ne ad­mi­ti-lo à ha­bi­li­ta­ção de ge­ne­re, man­dan­do pro­ce­der as di­li­gên­cias de es­ti­lo.

Nes­tes ter­mos, pe­de a V. Ex.a Rev.ma be­nig­no de­fe­ri­men­to e
E.R.M

Dia­man­ti­na, 22 de mar­ço de 1916.
a) La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho12

Den­tro das "di­li­gên­cias de es­ti­lo" fo­ram ou­vi­dos os de­poi­men­tos de ­duas tes­te­mu­nhas pe­la Câ­ma­ra Ecle­siás­ti­ca, em Dia­man­ti­na: Vir­gí­lio Ma­me­de Al­ves Pe­rei­ra, 52 ­anos, e Fer­nan­do Au­gus­to de Vas­con­ce­los, 49 ­anos, am­bos re­si­den­tes na ci­da­de de Ser­ro.
De­pois de to­do o pro­ces­so apro­va­do, a or­de­na­ção pres­bi­te­ral acon­te­ceu no dia 15 de ­abril de 1917, pe­la im­po­si­ção das ­mãos do Bis­po de Dia­man­ti­na, Dom Joa­quim Sil­vé­rio de Sou­za, em ce­ri­mô­nia rea­li­za­da na Ca­pe­la do Sa­gra­do Co­ra­ção de Je­sus, ane­xa ao Se­mi­ná­rio, que ho­je é a Ba­sí­li­ca do Co­ra­ção de Je­sus. La­fa­yet­te foi o úni­co de sua tur­ma a tor­nar-se sa­cer­do­te.
Sua or­de­na­ção foi re­gis­tra­da pe­lo se­ma­ná­rio "A Es­tre­la Po­lar", ór­gão ofi­cial da Ar­qui­dio­ce­se de Dia­man­ti­na, que, em sua edi­ção de 22 de ­abril de 1917, trou­xe uma pe­que­na co­lu­na, as­si­na­da por Pra­do, in­ti­tu­la­da NO SE­MI­NÁ­RIO, que di­zia:
"O dia 15 de ­abril, do­min­go pas­sa­do, foi, pa­ra os alu­nos des­te Es­ta­be­le­ci­men­to, ­cheio de ale­gria. Vi­ram de joe­lhos aos pés do Pon­tí­fi­ce, no re­cin­to sa­gra­do, na Ca­pe­la do Sa­gra­do Co­ra­ção de Je­sus, to­da or­na­da e re­ves­ti­da de ga­las, um jo­vem le­vi­ta e cin­co ou­tros se­mi­na­ris­tas... Co­mo ma­ni­fes­ta­ções do en­tu­sias­mo de que se acha­vam pos­suí­dos, qui­se­ram os se­mi­na­ris­tas me­no­res sau­dar o no­vo sa­cer­do­te, Rev.mo Se­nhor Pe. La­fa­yet­te Coe­lho, seu re­gen­te des­de al­guns ­anos. ­Após o al­mo­ço, se di­ri­gi­ram ao sa­lão, com a ban­da de mú­si­ca, fa­zen­do-se ou­vir o alu­no Jo­sé Al­ti­mi­ras Jú­nior, que di­ri­giu, em no­me dos co­le­gas, ao no­vo Pa­dre, pa­la­vras de gra­ti­dão e ­amor. Tam­bém o se­mi­na­ris­ta me­nor Pau­lo Ce­sá­rio pro­nun­ciou um atraen­te dis­cur­so de con­gra­tu­la­ção... O alu­no Fran­cis­co Sil­va sau­dou o no­vo sa­cer­do­te e os ou­tros se­mi­na­ris­tas por um bem ela­bo­ra­do dis­cur­so: ­'Sois, Pa­dre, dis­se ele. ­Ides es­pa­lhar en­tre os ri­cos e po­bres, en­tre os or­gu­lho­sos e os hu­mil­des, a dou­tri­na san­ta do Evan­ge­lho, tra­zer ao ­seio da re­li­gião e da Igre­ja as ove­lhas des­gar­ra­das, se­guin­do o exem­plo do Di­vi­no Mes­tre... Ó ­quão su­bli­me é a vos­sa mis­são! ­Sois aque­le que en­tra­rá no ­mais ri­co pa­lá­cio co­mo na ­mais hu­mil­de cho­ça... Te­reis le­ni­ti­vos pa­ra as do­res, pa­ra as mi­sé­rias dos in­di­gen­tes...' (E ou­tras coi­sas ­mais).
À noi­te, hou­ve tea­tro, com apre­sen­ta­ção do Dra­ma O Tio Fa­lot ou o In­cen­diá­rio de Van­gi­rar. Du­ran­te os in­ter­va­los, a ban­da exe­cu­tou vá­rias pe­ças"13.
Na­que­le ano de 1917, por es­tes nos­sos la­dos, lon­ge das in­for­ma­ções so­bre a guer­ra mun­dial, ­alheios a qua­se tu­do, mui­tos vi­viam tran­qüi­la­men­te. Os ­meios de co­mu­ni­ca­ção ­eram ra­ros e pou­co efi­ca­zes. O neo-sa­cer­do­te, po­rém, sa­bia que aque­le era um ano di­fí­cil: a Pri­mei­ra Guer­ra mun­dial (1914-1918) con­ti­nua­va. Os afa­ze­res mas­cu­li­nos no cam­po e nas ofi­ci­nas co­me­ça­ram a ser exe­cu­ta­dos por mu­lhe­res, ­pois os ho­mens tinham sido con­vo­ca­dos pa­ra a guer­ra. O ca­pi­ta­lis­mo co­me­ça­va a se fir­mar por to­da a par­te, com um avan­ço no se­tor in­dus­trial. A Rús­sia re­ti­ra­va-se da Guer­ra e ins­ta­la­va o re­gi­me so­cial - mar­xis­ta (co­mu­nis­mo). No­vi­da­des pa­ra o mun­do! Po­rém, em ­meio a es­ses acon­te­ci­men­tos, uma no­va luz bri­lha­va pa­ra o mun­do: em Por­tu­gal, a Vir­gem de Fá­ti­ma fa­zia de Fran­cis­co, Lú­cia e Ja­cin­ta os por­ta­do­res de sua men­sa­gem de es­pe­ran­ça e de paz.
Es­sa é uma pe­que­na mos­tra do con­tex­to em que o Pe. La­fa­yet­te ini­cia­va o seu mi­nis­té­rio pas­to­ral.
A mis­são es­ta­va co­me­çan­do. E foi exer­ci­da uni­ca­men­te na Ar­qui­dio­ce­se de Dia­man­ti­na.

SER­RO: TER­RA NA­TAL DO SER­VO DE ­DEUS

A vi­da da fa­mí­lia do Cô­ne­go La­fa­yet­te se pas­sou na re­gião mi­nei­ra de Ser­ro, um am­bien­te pri­vi­le­gia­do por ­Deus. A be­la e pi­to­res­ca ci­da­de, que viu nas­cer o me­ni­no La­fa­yet­te, tem uma lon­ga his­tó­ria. Aque­las ­ruas tor­tuo­sas, com ca­sa­rões de ar­qui­te­tu­ra ti­pi­ca­men­te co­lo­nial, que so­bem e des­cem os mor­ros de cal­ça­men­to de pe­dra sa­bão ou pé-de-mo­le­que, ti­ve­ram iní­cio com o cha­ma­do "ci­clo do ou­ro" de Mi­nas Ge­rais, um glo­rio­so pe­río­do de opu­lên­cia. Os vá­rios tem­plos, ri­ca­men­te or­na­men­ta­dos, re­tra­tam a fé cris­tã que im­preg­na to­da a cul­tu­ra do lu­gar.
Na re­gião cen­tral-les­te de Mi­nas Ge­rais, en­tre os va­les do rio Je­qui­ti­nho­nha e rio Do­ce, a ci­da­de es­tá si­tua­da a 940 me­tros de al­ti­tu­de, o que ex­pli­ca o an­ti­go no­me Hi­vi­tu­ruí (ou Ser­ro ­Frio), por ser com­ba­ti­da por fri­gi­dís­si­mos ven­tos. Es­tá a pou­co ­mais de 80 km de dis­tân­cia de Dia­man­ti­na, e a 320 km de Be­lo Ho­ri­zon­te, pas­san­do por Cur­ve­lo.
Em 14 de mar­ço de 1702 já se en­con­tra as­sen­ta­men­to es­cri­to da exis­tên­cia do lu­gar, quan­do o Pro­cu­ra­dor da Fa­zen­da ­Real, Bal­ta­zar de Le­mos Mo­rais, nu­me­rou e ru­bri­cou o Li­vro Pri­mei­ro da Re­cei­ta da Fa­zen­da ­Real das Mi­nas do Ser­ro do ­Frio e Tu­cam­bi­ra.
Pri­mi­ti­va­men­te foi cha­ma­da de "Ar­raial das La­vras Ve­lhas", sen­do, ­mais tar­de, ele­va­da a Vi­la, com o no­me de "Vi­la do Prín­ci­pe", em 29 de ja­nei­ro de 1714. A Co­mar­ca do Ser­ro foi cria­da e de­mar­ca­da pe­la pro­vi­são ré­gia de 17 de fe­ve­rei­ro de 1720, pu­bli­ca­da em 26 de ­abril de 1721. Pas­sou a ser ci­da­de, com o no­me de Ser­ro, atra­vés da Lei Pro­vin­cial n.º 93, de 6 de mar­ço de 1838. For­ma­va um mu­ni­cí­pio imen­so que, em 1890, con­ta­va 75.270 ha­bi­tan­tes3 .
A Pa­ró­quia do Ser­ro foi fun­da­da em 1703 e, por al­va­rá de 16 de fe­ve­rei­ro de 1724, foi tor­na­da co­la­ti­va. O pri­mei­ro vi­gá­rio en­co­men­da­do foi Pe. An­tô­nio de Men­da­nha Sou­to ­Maior e o pri­mei­ro vi­gá­rio co­la­do, Pe. Si­mão Pa­che­co.
Ser­ro foi a quar­ta lo­ca­li­da­de de Mi­nas a pos­suir im­pren­sa pe­rió­di­ca: sur­giu em 1830 a Sen­ti­ne­la do Ser­ro, fun­da­da e di­ri­gi­da pe­lo ser­ra­no Teó­fi­lo Oto­ni. Ou­tros se se­gui­ram: No­ti­cia­dor Ser­ra­no (1833), Bo­le­tim da Le­ga­li­da­de (1842), etc. (BAR­BO­SA 1, 493-495).
A ci­da­de de Ser­ro es­tá in­cluí­da no ro­tei­ro tu­rís­ti­co do Es­ta­do de Mi­nas Ge­rais e pre­ser­va to­da a ri­que­za cul­tu­ral do pas­sa­do atra­vés das tra­di­ções fol­cló­ri­cas e fes­tas re­li­gio­sas.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

REUNIÃO GERAL

Todos os confrades e confreiras estão convocados para a reunião geral da AMAHGI: dia 19 de maio de 2009, terça-feira, às 18:30h, na sede da Academia Mineira de Letras, rua da Bahia, 1466.

sexta-feira, 13 de março de 2009

REVISTA DE HAGIOLOGIA

A Academia Mineira de Hagiologia lançará ainda neste semestre o primeiro número de sua revista HAGIOLOGIA, que terá duas edições por ano: julho e dezembro.
Aguardem!

terça-feira, 10 de março de 2009

Alguns trechos de Cartas recebidas pelo Servo de Deus

Carta nº 1 - Pe­di­do de gra­ça e bên­ção.

Ita­ma­ran­di­ba, 06 de agos­to de 1959
Rev.mo Sr. Cô­ne­go La­fa­yet­te,no mo­men­to em que pas­so a trans­mi­tir es­tas sim­ples fra­ses, ve­nho pe­dir-vos, por es­mo­la, uma ora­ção pa­ra eu al­can­çar um mi­la­gre. Eis a mi­nha si­tua­ção: Gos­to de um ra­paz há ­seis ­anos. De­pois tu­do atra­pa­lhou-se. Ho­je ele es­tá na­mo­ran­do com ou­tra mo­ça. Eu não o es­que­ço nem con­si­go na­mo­rar ou­tro ra­paz. A fa­mí­lia de­le é su­pe­rior à mi­nha e o seu pes­soal não faz gos­to, mas sei que ele gos­ta de mim e eu ain­da ­mais de­le. Por­tan­to, pe­ço-vos fa­zer-me es­que­cê-lo ou tor­nar a en­ca­mi­nhar o nos­so ca­sa­men­to. Des­de já, agra­de­cen­do, fi­na­li­zo. Pe­ço tam­bém uma bên­ção pa­ra uma so­bri­nha mi­nha que es­tá de­sam­pa­ra­da, pre­ci­san­do de uma co­lo­ca­ção, um em­pre­go. Ela é ain­da "de me­nor". No ­mais as­si­no-me, C.T.A.

Car­ta n.º 2 -Pe­di­do de bên­ção da saú­de.

Ita­ma­ran­di­ba, 18 de agos­to de 1959
Rev.mo Cô­ne­go La­fa­yet­te,hu­mil­de­men­te vos pe­ço a bên­ção e uma ora­ção pa­ra mi­nha cu­ra, por­que vi­vo mui­to doen­te. Pe­ço-vos a es­mo­la de uma bên­ção pa­ra meu fi­lho J.G.M. que pa­re­ce so­frer uma ten­ta­ção: vi­ve mui­to de­so­rien­ta­do...
Vi­vo mui­to doen­te...A hu­mil­de que vos pe­de, M.G.A.

Car­ta n.º 3 - Pe­di­do de bên­ção da saú­de e de con­se­lho so­bre na­mo­ro.

Rio de Ja­nei­ro, 1º de no­vem­bro de 1959
Sr. Cô­ne­go La­fa­yet­te,ape­sar do Sr. não me co­nhe­cer pes­soal­men­te, es­cre­vo es­ta car­ta por­que en­con­tro-me de­ses­pe­ra­da. Pe­ço a bên­ção da saú­de por­que te­nho a ­idéia mui­to per­tur­ba­da. Ve­jo a ho­ra de fi­car lou­ca. Es­pe­ro mes­mo por car­ta, re­ce­ber es­ta gra­ça. Nas­ci aí e fui cria­da em Glu­cí­nio até a ida­de de 16 ­anos. Há cin­co ­anos es­tou ­aqui. Vi­vo ho­ras ator­men­ta­das. Sou ca­tó­li­ca, até mes­mo da Con­fra­ria de Nos­sa Se­nho­ra da Con­so­la­ção. Re­zo com fé, mas, mes­mo as­sim as coi­sas me são con­trá­rias. Pe­ço ao Sr., se for pos­sí­vel, um con­se­lho: Eu gos­to de um ra­paz aí... Tal­vez o Sr. o co­nhe­ça. É o jo­vem J.F., fi­lho de J.F. Pa­re­ce que ele me ama, mas mui­tas co­le­gas fa­zem tu­do pa­ra se­pa­rar-me des­te ­amor. Sou ór­fã de pai. Mi­nha mãe não po­de fa­zer na­da por mim. Meu ­maior de­se­jo é ca­sar-me, ad­qui­rir o meu lar. Eu tra­ba­lho, sus­ten­to mi­nha mãe. Às ve­zes nem sei se de­vo me ca­sar e vi­ver ao la­do da­que­le que eu amo tan­to. ­Qual é a opi­nião do Sr.? M.F.S.

Car­ta n.º 4 - Car­ta de sua ir­mã con­san­güí­nea, com pe­di­do de ora­ções por al­guém.

Re­ci­fe, Pa­tro­na­to de São Vi­cen­te de Pau­lo, 18-04-1960
Meu ca­ro ir­mão,Lou­va­do se­ja Nos­so Se­nhor Je­sus Cris­to!
Re­ce­bi uma car­ti­nha do nos­so que­ri­do ir­mão Pe. Jo­sé, dan­do-me ­suas no­tí­cias. Gra­ças a ­Deus são ­boas e con­so­la­do­ras. Não re­cla­mo nem me quei­xo de ser es­que­ci­da, ­pois sei per­fei­ta­men­te que o tem­po é pou­co. Em to­do ca­so não pos­so dei­xar de ba­ter à por­ta do seu co­ra­ção no mo­men­to. Es­tou mui­to ne­ces­si­ta­da do seu au­xí­lio, pa­ra me aju­dar a fa­zer uma vio­lên­cia ao céu, em fa­vor de uma po­bre al­ma que ­caiu no er­ro. É uma al­ma que me é ca­ra e cu­ja que­da me aba­lou... Te­nho re­za­do mui­to e com mui­ta con­fian­ça que Nos­so Se­nhor me fa­rá es­ta con­ver­são, mas vo­cê, co­mo sa­cer­do­te, tem ­mais for­ça jun­to ao al­tar, e no mo­men­to de sua mis­sa co­lo­que es­ta po­bre cria­tu­ra (cha­ma-se Ma­ria dos An­jos) na pa­te­na sa­gra­da. Nos­so Se­nhor o pa­ga­rá por mim. Es­te ano a nos­sa co­mu­ni­da­de es­tá fes­te­jan­do o tri­cen­te­ná­rio da mor­te de nos­so pai São Vi­cen­te de Pau­lo e de nos­sa mãe San­ta Luí­za de Ma­ri­lac e, pa­ra mim se Nos­so Se­nhor me con­ce­der es­ta gra­ça, se­rá uma con­so­la­ção imen­sa. Fi­co ­aqui. Con­to com ­suas ora­ções e de ­seus pa­ro­quia­nos.
Sua ir­mã ­mais de­di­ca­da,Ir. Apo­li­ne Coe­lho, Fi­lha de Ca­ri­da­de.

Car­ta n.º 5 - Pe­di­do de bên­ção da saú­de.

São Pe­dro do Sua­çuí, 12 de se­tem­bro de 1960
Sr. Cô­ne­go,os­cu­lan­do vos­sas ben­fa­ze­jas ­mãos, pe­ço-vos aben­çoar-me.
É im­pul­sio­na­da por uma gran­de ne­ces­si­da­de de al­can­çar uma gra­ça que vos di­ri­jo es­ta car­ta, al­me­jan­do a vos­sa pre­cio­sa bên­ção. Sr. Cô­ne­go, te­nho um fi­lho com ­dois ­anos e pou­co, com as per­ni­nhas mo­les; ele não ca­mi­nha. Tem a ca­be­ça um pou­co cres­ci­da. Eu, há tem­po, an­do adoen­ta­da. Fui sub­me­ti­da a di­ver­sos tra­ta­men­tos, os ­quais têm si­do inú­teis. Cien­te de vos­sa va­lio­sa bên­ção, con­fia­da em ­Deus, ro­go-vos uma bên­ção es­pe­cial pa­ra meu fi­lho que não ca­mi­nha, pa­ra meu com­ple­to res­ta­be­le­ci­men­to, saú­de e fe­li­ci­da­de pa­ra to­da mi­nha fa­mí­lia. Eu de­se­ja­va ir pes­soal­men­te, mas sen­do im­pos­sí­vel (pe­los mo­ti­vos aci­ma re­fe­ri­dos), vos es­cre­vo, es­pe­ran­do re­ce­ber a vos­sa san­ta bên­ção... ­Deus vos re­com­pen­sa­rá por mim...Subs­cre­ve a vos­sa ser­va, M.D.B.R.
Jun­ta­men­te re­me­to a im­por­tân­cia de Cr$ 50,00, sen­do uma pe­que­na es­mo­la pa­ra o Sa­gra­do Co­ra­ção de Je­sus.

Car­ta nº 6 - Pe­di­do de bên­ção pa­ra a cu­ra do al­coo­lis­mo.

São Pe­dro do Sua­çuí, 24 de ou­tu­bro de 1960
Revmo. Cô­ne­go La­fa­yet­te, ve­nho por ­meio des­ta pe­dir ao Sr. pa­ra dar uma bên­ção em meu ma­ri­do, pa­ra que ele dei­xe de be­ber. Ele só fi­ca be­ben­do, não tra­ba­lha, não com­pra coi­sa ne­nhu­ma pa­ra ca­sa. Eu não sou mui­to no­va ­mais, doen­te, tra­ba­lho "por dia" pa­ra os ou­tros pa­ra sus­ten­tar ­duas me­ni­nas, com­prar o que pre­ci­sa em ca­sa. Meu ma­ri­do xin­ga, bri­ga quan­do fa­lo com ele em tra­ba­lho. Quan­do não tem di­nhei­ro pa­ra be­ber, ven­de en­xa­da, foi­ce, ga­li­nha, o que ele ­acha, pa­ra com­prar ca­cha­ça. Fi­ca na ca­ma ­dias e ­dias, só be­ben­do, man­dan­do-me pe­dir es­mo­las pa­ra tra­tar de­le. Eu não te­nho co­ra­gem de pe­dir es­mo­las, ­pois ain­da pos­so tra­ba­lhar. Ape­nas fal­ta-me o sos­se­go pa­ra po­der tra­ba­lhar. Às ve­zes es­tou no tra­ba­lho e daí a pou­co pre­ci­so lar­gar tu­do e ­sair ­atrás de­le, nas ­ruas: ele es­tá fa­zen­do ­maus ne­gó­cios, amo­lan­do os ou­tros ou dor­min­do na rua... Ele cha­ma-se J.C.
Pe­ço- vos ser aten­di­da, subs­cre­ve a vos­sa cria­da, M.C.
NB: Man­do uma pe­que­na es­mo­la, ­pois não pos­so man­dar ­mais. Man­do ape­nas Cr$ 10.00.

Car­ta n.º 7 - Pe­di­do de bên­ção e de con­se­lhos.

São Jo­sé da Sa­fi­ra, 20 de ou­tu­bro de 1960
Revmo. Sr. Cô­ne­go La­fa­yet­te,com o co­ra­ção con­tri­to sir­vo-me des­ta, de­se­jan­do-vos saú­de, paz e ale­gria, pa­ra fa­zer-vos um pe­di­do, o que de­ve­ria ser fei­to pes­soal­men­te... É o se­guin­te: Há ­mais de um ano que con­fes­sei e há 8 mes­ses ­mais ou me­nos que jul­go es­tar com o meu co­ra­ção ou o meu es­pí­ri­to afe­ta­do de ­maus pen­sa­men­tos, os ­quais, ­além de se­rem hor­ri­vel­men­te pre­ju­di­ciais à mi­nha al­ma, co­mo tam­bém se os co­lo­car em prá­ti­ca ha­ve­rá um gran­de pre­juí­zo mo­ral ... Con­fia­do em ­Deus e no Sr. Cô­ne­go La­fa­yet­te, ro­go, de joe­lhos, que o Sr. fa­ça um pe­di­do a ­Deus pa­ra que eu me li­vre de ­tais pen­sa­men­tos, sur­gin­do ou­tros ­bons no lu­gar, pa­ra que eu pos­sa es­tar con­for­me as ­Leis de ­Deus ... Aguar­do vos­sos con­se­lhos que, pa­ra mim, se­rão fon­te de ri­que­za. Ca­so se­ja pre­ci­so uma con­fis­são pes­soal es­tou dis­pos­to a fa­zê-la, so­men­te aguar­do as vos­sas or­dens...Subs­cre­vo-me, G.P.S.

Car­ta n.º 8 - Pe­di­do de bên­ção pa­ra a fa­mí­lia e pa­ra rea­li­zar ­bons ne­gó­cios.

Ubá, 15 de no­vem­bro de 1960
Revmo. Cô­ne­go La­fa­yet­te, com hu­mil­da­de bei­jo-lhe as ­mãos.
Ami­go que sou de Na­cip Ray­dan e por sua in­di­ca­ção ve­nho so­li­ci­tar vos­sa san­ta bên­ção pa­ra mi­nha fa­mí­lia, pa­ra mim pró­prio e pa­ra ­meus ne­gó­cios. Há tem­pos fui ví­ti­ma de enor­me pre­juí­zo fi­nan­cei­ro, mas, com aju­da de ­Deus, vou to­can­do a vi­da pra fren­te. As­pi­ran­do em­prés­ti­mo do Ban­co..., pe­ço ao Bom Pas­tor vos­sas ora­ções e aju­da es­pi­ri­tual pa­ra es­te ca­so, com boa so­lu­ção e boa aco­lhi­da por par­te das au­to­ri­da­des, des­pa­chan­do, fa­vo­ra­vel­men­te, meu pe­di­do. Sei do ines­ti­má­vel va­lor de vos­sas pre­ces e o mui­to que po­de­rão au­xi­liar es­se hu­mil­de cria­do,Dr. F. R. R. (mé­di­co)

Car­ta n.º 9 -Pe­di­do de bên­ção pa­ra me­lho­rar a si­tua­ção fi­nan­cei­ra.

São Pe­dro do Sua­çuí, 30 de de­zem­bro de 1960
Revmo. Cô­ne­go La­fa­yet­te, o mo­ti­vo des­ta é pe­dir ao Sr. aben­çoar-me, bem co­mo a meu ma­ri­do e ­meus fi­lhos, a fim de que Nos­sa Se­nho­ra das Gra­ças aju­de-nos a con­ser­tar a si­tua­ção fi­nan­cei­ra de meu ma­ri­do. Ele tem car­ro pró­prio, tra­ba­lha, mas o que ga­nha não é su­fi­cien­te pa­ra as des­pe­sas e mes­mo as­sim não dá. Em vos­sas ora­ções pe­ço-vos a bên­ção pa­ra ­sair o re­gis­tro da li­nha e tam­bém o em­pre­go pro­me­ti­do em Be­lo Ho­ri­zon­te, a fim de mu­dar­mos pa­ra lá. Pe­ço-vos a bên­ção pa­ra que o ano de 1961 se­ja me­lhor pa­ra nós...En­vio a Nos­sa Se­nho­ra das Gra­ças uma es­mo­la...M.D.H.

Car­ta n.º 10 - Pe­di­do de bên­ção, co­mu­ni­ca­ção de ­boas no­tí­cias e agra­de­ci­men­to.

Go­ver­na­dor Va­la­da­res, 3 de ja­nei­ro de 1961
Revmo. Sr. Cô­ne­go La­fa­yet­te,Lou­va­do se­ja Nos­so Se­nhor Je­sus Cris­to!
Pe­din­do a bên­ção pa­ra mim e mi­nha fa­mí­lia, ini­cio es­ta pa­ra dar-vos mi­nhas no­tí­cias que, gra­ças ao Al­tís­si­mo, são ­boas. Tem es­ta a fi­na­li­da­de má­xi­ma de vos co­mu­ni­car o nas­ci­men­to do meu quar­to fi­lho, que nas­ceu aos 29 do mês p.p. Agra­de­ço mui­to as ora­ções que fi­zes­tes por mim, as ­quais pe­di pe­la car­ta que es­cre­vi me­ses ­atrás. Gra­ças ao bom ­Deus fui mui­to fe­liz. Pe­ço-vos lem­brar de mim, meu ma­ri­do e fi­lhos em vos­sas ora­ções, ­pois es­tas me são mui­tís­si­mo va­lio­sas. Pe­din­do-vos ­mais uma vez a San­ta bên­ção, des­pe­ço-me, aten­cio­sa­men­te, a ser­va em Cris­to,V.P.O.

Car­ta n.º 11 - Pe­di­do de bên­ção e ora­ções pa­ra um bom par­to.

Bon­fim (­Água Boa), 24 de ja­nei­ro de 1961
Rev.mo Cô­ne­go La­fa­yet­te, Pe­ço-vos as vos­sas bên­çãos.
De­se­ja­va es­tar se­guin­do via­gem pa­ra ir pes­soal­men­te à vos­sa pre­sen­ça, mas re­co­nhe­ço que não su­por­to as do­res du­ran­te tão gran­de dis­tân­cia pa­ra ir a ca­va­lo. Re­sol­vi, en­tão, vos es­cre­ver es­tas li­nhas. ­Cheia de con­fian­ça no vos­so co­ra­ção po­de­ro­so, ve­nho pe­dir as vos­sas bên­çãos pa­ra mim e pa­ra to­dos de mi­nha ca­sa. Faz 3 ­anos e 6 me­ses que es­ti­ve aí: fiz ­duas con­fis­sões e um pe­di­do (e fui mui­to fe­liz). E ago­ra, ou­tra vez, ve­nho fa­zer o mes­mo: A mi­nha fi­lha es­tá grá­vi­da ou­tra vez, sen­tin­do-se bas­tan­te doen­te e mui­to de­sa­ni­ma­da. Con­fia­da no vos­so po­der, ve­nho pe­dir pa­ra ­orar pa­ra ela, pa­ra que re­sul­te um bom par­to. Ela cha­ma-se M.A. ­Aqui fi­ca es­ta me­nor cria­da e mui­to ami­ga M. J. C.

Car­ta n.º 12 - Pe­di­do de bên­ção e orien­ta­ção pa­ra rea­tar o noi­va­do.

Be­lo Ho­ri­zon­te, 17 de fe­ve­rei­ro de 1961
Revmo. Cô­ne­go La­fa­yet­te, ini­cial­men­te pe­ço-vos que me per­doe se es­tou es­cre­ven­do com o tra­ta­men­to er­ra­do... e pe­lo fa­to de es­tar es­cre­ven­do à má­qui­na, mas o fa­ço a fim de tor­nar mi­nha es­cri­ta le­gí­vel, pou­pan­do vos­so pre­cio­so tem­po... ­Aqui em Be­lo Ho­ri­zon­te, on­de mo­ro, ti­ve no­tí­cia de ser V. Rev.ma um Mi­nis­tro de ­Deus vir­tuo­sís­si­mo e que, por vos­so in­ter­mé­dio, tem ha­vi­do mui­tas gra­ças de ­Deus pa­ra nós pe­ca­do­res. To­mei es­te co­nhe­ci­men­to por in­ter­mé­dio de uma mo­ça cha­ma­da M. Es­tan­do em gran­de di­fi­cul­da­de re­sol­vi re­cor­rer à vos­sa bên­ção pa­ra mi­nha pes­soa e uma ou­tra que me é ca­ra. Tra­ta-se do Sr. J. A .M., meu ex-noi­vo, ra­paz de 31 ­anos, eco­no­mis­ta for­ma­do. Co­nhe­ci es­te ra­paz em ­maio de 1958... Fi­quei noi­va em de­zem­bro de 1958. Até ­três me­ses ­após o noi­va­do tu­do ocor­reu bem... Acon­te­ce, que em mar­ço de 1959, a mo­ça que ha­via me apre­sen­ta­do a es­te ra­paz, e que às ve­zes ia à mi­nha ca­sa em vi­si­tas, de­sen­ten­deu-se com mi­nha mãe... Fi­cou rai­vo­sa com is­so e dis­se as­sim: ­Olha, vo­cês es­tão me des­fei­tean­do e vou lhe avi­sar: do mes­mo jei­to que lhe apre­sen­tei es­te mo­ço, vou des­man­char tu­do. Não dei aten­ção a ela... Mas, por in­crí­vel que pa­re­ça, Sr. Cô­ne­go, des­te dia em dian­te, o meu noi­va­do mu­dou. À toa, sem mo­ti­vo, co­me­ça­mos a bri­gar... Até que em no­vem­bro de 1960 ter­mi­na­mos. Per­di o sos­se­go... Es­ta­mos em ­vias de rea­tar tu­do de no­vo... Não sei co­mo ­agir... Sei que vos­sa ca­ri­da­de e ge­ne­ro­si­da­de não per­mi­ti­rão que dei­xe de me aten­der. Gos­ta­ria mui­to de co­nhe­cer V. Rev.ma pes­soal­men­te, mas no mo­men­to não pos­so en­ce­tar via­gem até San­ta Ma­ria. Se ­Deus o ins­pi­rar com al­gum con­se­lho ou aju­da es­pi­ri­tual pa­ra mim, po­de es­cre­ver pa­ra Rua Do­min­gos Viei­ra... San­ta Efi­gê­nia, Be­lo Ho­ri­zon­te, e se acon­te­cer de V. Rev.ma es­tar ocu­pa­do de­mais e não pu­der me res­pon­der, mui­to lhe agra­de­ce­ria se me aben­çoas­se mes­mo sem car­ta de res­pos­ta...Te­nho mui­ta fé com Sta. Te­re­zi­nha, Sa­gra­do Co­ra­ção de Je­sus e Ma­ria... Meu agra­de­ci­men­to mui­to sin­ce­ro, T.M.A.

Car­ta n.º 13 -Agra­de­ci­men­to de bên­ção re­ce­bi­da.

Be­lo Ho­ri­zon­te , 15 de mar­ço de 1961
Revmo. Sr. Cô­ne­go,Lou­va­do se­ja Nos­so Se­nhor Je­sus Cris­to.
Ten­do há ­dias es­cri­to uma car­ta a V. Rev.ma pe­din­do uma bên­ção pa­ra meu noi­vo A.M.N., re­si­den­te em Ves­pa­sia­no, ve­nho por ­meio des­ta, agra­de­cer a V. Rev.ma a bên­ção re­ce­bi­da. Te­nho a gran­de ale­gria de co­mu­ni­car-lhe que o meu noi­vo vol­tou ao que era an­ti­ga­men­te. Con­se­guiu um óti­mo em­pre­go, es­tá gos­tan­do de­mais, tan­to do ser­vi­ço, quan­to dos pa­trões, os ­quais pa­re­cem pes­soas bo­nís­si­mas; lar­gou da be­bi­da por com­ple­to, na ca­sa de­le tem-se mos­tra­do ou­tro, ale­gre, sa­tis­fei­to. V. Rev.ma nem cal­cu­la a de­li­ca­de­za e aten­ção de­le co­mi­go. O me­lhor de tu­do é que ele, ago­ra, ­acha que ­Deus o es­tá aju­dan­do e tem pro­cu­ra­do a re­li­gião ...Fi­quei con­ten­tís­si­ma com is­so. E se tu­do con­ti­nuar a cor­rer bem, em bre­ve, po­de­rei edi­fi­car o meu lar, se ­Deus qui­ser, se­rá aben­çoa­do por ­Deus e pe­la Vir­gem San­tís­si­ma. Pen­sei nu­ma ma­nei­ra de po­der agra­de­cer a V. Rev.ma tu­do o que fez por nós e man­dei ce­le­brar, ­aqui em Be­lo Ho­ri­zon­te, na ca­pe­la do Hos­pi­tal da Pre­vi­dên­cia, uma Mis­sa pe­la in­ten­ção de V. Rev.ma, pe­din­do a ­Deus pe­la sua saú­de e que Ele, que é To­do Po­de­ro­so, pos­sa aju­dá-lo sem­pre a au­xi­liar os ne­ces­si­ta­dos. M... dis­se-me que sua res­pos­ta vi­ria atra­vés de ­Deus e as­sim acon­te­ceu. Pe­ço-lhe que não se es­que­ça de nós. Nas ­suas ora­ções pe­ça pa­ra que se­ja­mos fe­li­zes, com a aju­da de ­Deus. V. Rev.ma po­de­rá ter a cer­te­za que, em mi­nhas ora­ções, pe­di­rei sem­pre a ­Deus pa­ra aju­dá-lo. A sua bên­ção, E.M

Car­ta n.º 14 - Pe­di­do de bên­ção da saú­de e pa­ra um bom par­to.
Bom Je­sus do Ho­ri­zon­te, 08 de ju­nho de 1961
Rev.mo Sr. Cô­ne­go La­fa­yet­te,Res­pei­to­sa­men­te pe­ço-vos a bên­ção.
De­se­jan­do-vos boa saú­de e tran­qüi­li­da­de, ve­nho por ­meio des­ta pe­dir-vos uma bên­ção de saú­de e pe­dir tam­bém que re­ze por mim. Es­tou es­pe­ran­do dar à luz a uma crian­ça es­te mês. Es­ta­va com von­ta­de de ir aí: con­fes­sar-me e fa­zer es­te pe­di­do pes­soal­men­te, mas não me es­tá sen­do pos­sí­vel. Con­to com vos­sa gran­de bon­da­de. Mes­mo de lon­ge ha­ve­reis de me aben­çoar. ­Deus vos da­rá a de­vi­da re­com­pen­sa... Vos­sa ser­va em Je­sus e Ma­ria, G.A.R. NB: Meu ma­ri­do tam­bém vos pe­de a bên­ção.

Trechos de Cartas do Servo de Deus

Car­ta n.º 1 - Es­cri­ta du­ran­te o pe­río­do da Se­gun­da Guer­ra Mun­dial. Mos­tra o in­te­res­se pe­lo Se­mi­ná­rio e pe­las preo­cu­pa­ções da Igre­ja Uni­ver­sal. Fa­la so­bre a cri­se eco­nô­mi­ca que atin­ge San­ta Ma­ria e ex­pres­sa o es­pí­ri­to de hu­mil­da­de e ca­ri­da­de pa­ra com o po­vo.

­Mons. Le­vi, nun­ca su­pus ser pos­sí­vel tan­ta po­bre­za ­aqui, de tem­pos pa­ra cá. Es­cas­sez de gê­ne­ros e con­se­qüen­te su­bi­da de pre­ços dos mes­mos, am­bas con­cor­ren­do pa­ra a di­fi­cul­da­de dos po­bres. Até pou­cos ­anos ­atrás era ra­ro en­con­trar-se al­guém que pe­dis­se dis­pen­sa de es­pór­tu­la por oca­sião da ad­mi­nis­tra­ção de sa­cra­men­to. Ago­ra é gran­de o nú­me­ro dos ne­ces­si­ta­dos nes­te pon­to, nos ­quais no­ta-se a boa von­ta­de que ­lhes vem da boa ín­do­le. Ain­da bem que, gra­ças a ­Deus, não é is­to mo­ti­vo pa­ra ­eles dei­xa­rem ou di­la­ta­rem o tem­po da re­cep­ção dos sa­cra­men­tos. Nas úl­ti­mas fes­tas rea­li­za­das ­aqui o ren­di­men­to tem da­do mal pa­ra as pe­que­nas des­pe­sas fei­tas. Pen­san­do no ren­di­men­to, com­pa­ran­do-o com as mi­nhas des­pe­sas, ti­nha for­ma­do a in­ten­ção de en­trar no es­pí­ri­to que no­to das dis­po­si­ções do Có­di­go de Di­rei­to Ca­nô­ni­co. Pre­ten­dia fa­zer o cál­cu­lo de mi­nhas des­pe­sas or­di­ná­rias, re­ser­var al­gu­ma coi­sa pa­ra al­gu­ma even­tua­li­da­de, e o ­mais dis­tri­buir com as ­obras ­pias. Lem­bro-me do San­to Pa­dre, tão ne­ces­si­ta­do, do Sr. Ar­ce­bis­po, coi­ta­do se es­for­çan­do des­ta ma­nei­ra ad­mi­rá­vel pa­ra me­lho­rar as con­di­ções de sua Ca­te­dral, do seu Se­mi­ná­rio, e de­se­jo ar­den­te­men­te man­dar-­lhes o meu au­xí­lio. Nes­te sen­ti­do, por oca­sião da ad­mi­nis­tra­ção, to­mei a pra­xe de pôr em lu­gar se­pa­ra­do, não só o que es­tá ta­xa­do, mas al­gu­ma quan­tia ­mais, pa­ra ofe­re­cer na oca­sião de pres­tar con­tas. Mas ain­da não pu­de pôr em prá­ti­ca, à vis­ta do que dis­se aci­ma.. Es­pe­ro que Nos­so Se­nhor, sub­me­ti­do o po­vo a es­ta pro­va­ção a que tem si­do sub­mis­so, nor­ma­li­ze as coi­sas. Fa­ço-lhe es­ta ex­po­si­ção por­que sei a es­ti­ma que o Sr. me tem, e que não le­va a mal ­lh'a fa­zer. Vou ter­mi­nar en­vian­do-lhe meu sau­do­so abra­ço.
Seu hu­mil­de co­le­ga e ami­go, Pe. La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho.San­ta Ma­ria, 14 de de­zem­bro de 1940 26.

Car­ta n.º 2
­Mons. Le­vi,gra­ças a ­Deus, ape­sar de já ter com­ple­ta­do os ­meus 55 ­anos, que jul­go ser o iní­cio da ve­lhi­ce, sin­to-me bem dis­pos­to pa­ra a lu­ta. Re­co­men­do-me às ora­ções do bom co­le­ga e ami­go pa­ra que Nos­so Se­nhor con­ce­da-me ain­da po­der tra­ba­lhar até o fim da mes­ma, por al­guns lus­tros... Pe. La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho, San­ta Ma­ria, 14 de no­vem­bro de 1941

Car­ta n.º 3 - Co­mu­ni­ca­do do Vi­gá­rio La­fa­yet­te so­bre a Con­sa­gra­ção da Pa­ró­quia ao Ima­cu­la­do Co­ra­ção de Nos­sa Se­nho­ra:
San­ta Ma­ria do Sua­çuí, 10 de ju­nho de 1947
Ex.mo e Rev.mo Sr.Dom Se­ra­fim Go­mes Jar­dim
Ve­nho Co­mu­ni­car a V.Ex.a que, con­for­me man­dou, no dia trin­ta e um do mês pas­sa­do, fiz a Con­sa­gra­ção des­ta Pa­ró­quia ao Ima­cu­la­do Co­ra­ção de Nos­sa Se­nho­ra. Hou­ve, na­que­le dia, ­aqui, pe­la ma­nhã, Mis­sa fes­ti­va com co­mu­nhões; à tar­de, pro­cis­são, ter­mi­na­da a ­qual re­ci­tei o ato de con­sa­gra­ção, en­cer­ran­do a so­le­ni­da­de com a bên­ção do San­tís­si­mo Sa­cra­men­to.
De V.Ex.a hu­mil­de Coo­pe­ra­dor e fi­lho obe­dien­te em Je­sus.Vi­gá­rio La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho

Car­ta n.º 4 - Mos­tra o ze­lo do vi­gá­rio e sua preo­cu­pa­ção em or­ga­ni­zar a ca­te­que­se pa­ro­quial.
­Mons. Le­vi, quan­to às au­las de ca­te­cis­mo, vou de no­vo, se ­Deus qui­ser, ten­tar ­mais uma vez or­ga­ni­zá-las. Só ob­ti­ve que as pro­fes­so­ras de di­ver­sas es­co­las ­dêem uma au­la to­da se­ma­na; e eu dou aos do­min­gos, na se­de, e nas ca­pe­las quan­do vou vi­si­tá-las. Fiz ­meus cál­cu­los, dos ­quais ti­rei as res­pos­tas que lhe re­me­to. Sei que mi­nha de­mo­ra trou­xe-lhe em­ba­ra­ços; mas pen­sa­va que, com va­gar, me­dian­te in­for­ma­ções, po­de­ria ob­ter um re­sul­ta­do me­lhor. Na­da ob­ti­ve, e re­sol­vi fa­zer o que lhe man­do. Es­pe­ro que me des­cul­pe a de­mo­ra...Pe. La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho, San­ta Ma­ria, 16 de de­zem­bro de 1946

Car­ta n.º 5 - Dom Se­ra­fim, Arcebipso de Diamantina, ho­me­na­geou o Pe. La­fa­yet­te, es­co­lhen­do-o pa­ra o Ca­bi­do Me­tro­po­li­ta­no. Em 1947 ele foi elei­to Cô­ne­go Ca­te­drá­ti­co do Ca­bi­do de Dia­man­ti­na. Des­sa épo­ca em dian­te o po­vo foi-se acos­tu­man­do a cha­má-lo de Cô­ne­go La­fa­yet­te. Ele es­ta­va pa­ra com­ple­tar 61 ­anos.
Ex.mo e Rev.mo Sr.Dom Se­ra­fim Go­mes Jar­dim
DD. Ar­ce­bis­po de Dia­man­ti­na - MG.
Co­mu­ni­co a V.Ex.a que re­ce­bi a Pro­vi­são da­ta­da de vin­te e cin­co de ju­lho des­te ano, pe­la ­qual V.Ex.a se dig­nou no­mear-me Cô­ne­go Ti­tu­lar de sua Ca­te­dral, ten­do si­do o meu no­me apre­sen­ta­do pe­lo co­len­do Ca­bi­do Me­tro­po­li­ta­no, em reu­nião, en­car­re­ga­do des­ta in­cum­bên­cia por V.Ex.a. Com a bên­ção de V.Ex.a, pe­nhor das gra­ças de Nos­so Se­nhor, que me são ne­ces­sá­rias, es­pe­ro cum­prir o de­ver de tão hon­ro­so car­go.
De V.Ex.a hu­mil­de Coo­pe­ra­dor e fi­lho obe­dien­te em Je­sus.
Cô­ne­go La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho, San­ta Ma­ria do Sua­çuí, 13 de agos­to de 1947.


Car­ta n.º 6 - Ain­da a preo­cu­pa­ção com o Se­mi­ná­rio.
­Mons. Le­vi, meus me­lho­res vo­tos a Nos­so Se­nhor pe­la sua saú­de e bem es­pi­ri­tual. Es­tá qua­se in­tei­ra­da a con­tri­bui­ção da Pa­ró­quia de San­ta Ma­ria pa­ra com o Se­mi­ná­rio, nes­te ano. Ar­ran­jei mil cru­zei­ros por oca­sião da fes­ta de Nos­sa Se­nho­ra; e pro­mo­vi es­pe­cial­men­te pa­ra es­te fim, em Cris­tais, uma fes­ti­nha de São Jo­sé... Não me es­que­ci de tra­ba­lhar em be­ne­fí­cio da nos­sa im­pren­sa. Es­pe­ro tam­bém ob­ter au­xí­lios pa­ra a mes­ma, a co­me­çar ­mais pro­va­vel­men­te pa­ra o ano se­guin­te. Cô­ne­go La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho.
San­ta Ma­ria do Sua­çuí, 02-10-1948




Pe­di­do de gra­ça e bên­ção.

Ita­ma­ran­di­ba, 06 de agos­to de 1959
Rev.mo Sr. Cô­ne­go La­fa­yet­te,

No mo­men­to em que pas­so a trans­mi­tir es­tas sim­ples fra­ses, ve­nho pe­dir-vos, por es­mo­la, uma ora­ção pa­ra eu al­can­çar um mi­la­gre. Eis a mi­nha si­tua­ção: Gos­to de um ra­paz há ­seis ­anos. De­pois tu­do atra­pa­lhou-se. Ho­je ele es­tá na­mo­ran­do com ou­tra mo­ça. Eu não o es­que­ço nem con­si­go na­mo­rar ou­tro ra­paz. A fa­mí­lia de­le é su­pe­rior à mi­nha e o seu pes­soal não faz gos­to, mas sei que ele gos­ta de mim e eu ain­da ­mais de­le. Por­tan­to, pe­ço-vos fa­zer-me es­que­cê-lo ou tor­nar a en­ca­mi­nhar o nos­so ca­sa­men­to. Des­de já, agra­de­cen­do, fi­na­li­zo. Pe­ço tam­bém uma bên­ção pa­ra uma so­bri­nha mi­nha que es­tá de­sam­pa­ra­da, pre­ci­san­do de uma co­lo­ca­ção, um em­pre­go. Ela é ain­da "de me­nor". No ­mais as­si­no-me, C.T.A.61

Car­ta n.º 3

Pe­di­do de bên­ção da saú­de.

Ita­ma­ran­di­ba, 18 de agos­to de 1959
Rev.mo Cô­ne­go La­fa­yet­te,

Hu­mil­de­men­te vos pe­ço a bên­ção e uma ora­ção pa­ra mi­nha cu­ra, por­que vi­vo mui­to doen­te. Pe­ço-vos a es­mo­la de uma bên­ção pa­ra meu fi­lho J.G.M. que pa­re­ce so­frer uma ten­ta­ção: vi­ve mui­to de­so­rien­ta­do...
Vi­vo mui­to doen­te...
A hu­mil­de que vos pe­de, M.G.A.62

Car­ta n.º 4

Pe­di­do de bên­ção da saú­de e de con­se­lho so­bre na­mo­ro.

Rio de Ja­nei­ro, 1º de no­vem­bro de 1959
Sr. Cô­ne­go La­fa­yet­te,

Ape­sar do Sr. não me co­nhe­cer pes­soal­men­te, es­cre­vo es­ta car­ta por­que en­con­tro-me de­ses­pe­ra­da. Pe­ço a bên­ção da saú­de por­que te­nho a ­idéia mui­to per­tur­ba­da. Ve­jo a ho­ra de fi­car lou­ca. Es­pe­ro mes­mo por car­ta, re­ce­ber es­ta gra­ça. Nas­ci aí e fui cria­da em Glu­cí­nio até a ida­de de 16 ­anos. Há cin­co ­anos es­tou ­aqui. Vi­vo ho­ras ator­men­ta­das. Sou ca­tó­li­ca, até mes­mo da Con­fra­ria de Nos­sa Se­nho­ra da Con­so­la­ção. Re­zo com fé, mas, mes­mo as­sim as coi­sas me são con­trá­rias. Pe­ço ao Sr., se for pos­sí­vel, um con­se­lho: Eu gos­to de um ra­paz aí... Tal­vez o Sr. o co­nhe­ça. É o jo­vem J.F., fi­lho de J.F. Pa­re­ce que ele me ama, mas mui­tas co­le­gas fa­zem tu­do pa­ra se­pa­rar-me des­te ­amor. Sou ór­fã de pai. Mi­nha mãe não po­de fa­zer na­da por mim. Meu ­maior de­se­jo é ca­sar-me, ad­qui­rir o meu lar. Eu tra­ba­lho, sus­ten­to mi­nha mãe. Às ve­zes nem sei se de­vo me ca­sar e vi­ver ao la­do da­que­le que eu amo tan­to. ­Qual é a opi­nião do Sr.?
M.F.S.63

Car­ta n.º 5

Car­ta de sua ir­mã con­san­güí­nea, com pe­di­do de ora­ções por al­guém.

Re­ci­fe, Pa­tro­na­to de São Vi­cen­te de Pau­lo, 18-04-1960
Meu ca­ro ir­mão,
Lou­va­do se­ja Nos­so Se­nhor Je­sus Cris­to!

Re­ce­bi uma car­ti­nha do nos­so que­ri­do ir­mão Pe. Jo­sé, dan­do-me ­suas no­tí­cias. Gra­ças a ­Deus são ­boas e con­so­la­do­ras. Não re­cla­mo nem me quei­xo de ser es­que­ci­da, ­pois sei per­fei­ta­men­te que o tem­po é pou­co. Em to­do ca­so não pos­so dei­xar de ba­ter à por­ta do seu co­ra­ção no mo­men­to. Es­tou mui­to ne­ces­si­ta­da do seu au­xí­lio, pa­ra me aju­dar a fa­zer uma vio­lên­cia ao céu, em fa­vor de uma po­bre al­ma que ­caiu no er­ro. É uma al­ma que me é ca­ra e cu­ja que­da me aba­lou... Te­nho re­za­do mui­to e com mui­ta con­fian­ça que Nos­so Se­nhor me fa­rá es­ta con­ver­são, mas vo­cê, co­mo sa­cer­do­te, tem ­mais for­ça jun­to ao al­tar, e no mo­men­to de sua mis­sa co­lo­que es­ta po­bre cria­tu­ra (cha­ma-se Ma­ria dos An­jos) na pa­te­na sa­gra­da. Nos­so Se­nhor o pa­ga­rá por mim. Es­te ano a nos­sa co­mu­ni­da­de es­tá fes­te­jan­do o tri­cen­te­ná­rio da mor­te de nos­so pai São Vi­cen­te de Pau­lo e de nos­sa mãe San­ta Luí­za de Ma­ri­lac e, pa­ra mim se Nos­so Se­nhor me con­ce­der es­ta gra­ça, se­rá uma con­so­la­ção imen­sa. Fi­co ­aqui. Con­to com ­suas ora­ções e de ­seus pa­ro­quia­nos.
Sua ir­mã ­mais de­di­ca­da,
Ir. Apo­li­ne Coe­lho, Fi­lha de Ca­ri­da­de.64

Car­ta n.º 6

Pe­di­do de bên­ção da saú­de.

São Pe­dro do Sua­çuí, 12 de se­tem­bro de 1960
Sr. Cô­ne­go,

Os­cu­lan­do vos­sas ben­fa­ze­jas ­mãos, pe­ço-vos aben­çoar-me.
É im­pul­sio­na­da por uma gran­de ne­ces­si­da­de de al­can­çar uma gra­ça que vos di­ri­jo es­ta car­ta, al­me­jan­do a vos­sa pre­cio­sa bên­ção. Sr. Cô­ne­go, te­nho um fi­lho com ­dois ­anos e pou­co, com as per­ni­nhas mo­les; ele não ca­mi­nha. Tem a ca­be­ça um pou­co cres­ci­da. Eu, há tem­po, an­do adoen­ta­da. Fui sub­me­ti­da a di­ver­sos tra­ta­men­tos, os ­quais têm si­do inú­teis. Cien­te de vos­sa va­lio­sa bên­ção, con­fia­da em ­Deus, ro­go-vos uma bên­ção es­pe­cial pa­ra meu fi­lho que não ca­mi­nha, pa­ra meu com­ple­to res­ta­be­le­ci­men­to, saú­de e fe­li­ci­da­de pa­ra to­da mi­nha fa­mí­lia. Eu de­se­ja­va ir pes­soal­men­te, mas sen­do im­pos­sí­vel (pe­los mo­ti­vos aci­ma re­fe­ri­dos), vos es­cre­vo, es­pe­ran­do re­ce­ber a vos­sa san­ta bên­ção... ­Deus vos re­com­pen­sa­rá por mim...
Subs­cre­ve a vos­sa ser­va, M.D.B.R.
Jun­ta­men­te re­me­to a im­por­tân­cia de Cr$ 50,00, sen­do uma pe­que­na es­mo­la pa­ra o Sa­gra­do Co­ra­ção de Je­sus.
A mes­ma .65
Car­ta nº 7

Pe­di­do de bên­ção pa­ra a cu­ra do al­coo­lis­mo.

São Pe­dro do Sua­çuí, 24 de ou­tu­bro de 1960
Rev.mo Cô­ne­go La­fa­yet­te,

Ve­nho por ­meio des­ta pe­dir ao Sr. pa­ra dar uma bên­ção em meu ma­ri­do, pa­ra que ele dei­xe de be­ber. Ele só fi­ca be­ben­do, não tra­ba­lha, não com­pra coi­sa ne­nhu­ma pa­ra ca­sa. Eu não sou mui­to no­va ­mais, doen­te, tra­ba­lho "por dia" pa­ra os ou­tros pa­ra sus­ten­tar ­duas me­ni­nas, com­prar o que pre­ci­sa em ca­sa. Meu ma­ri­do xin­ga, bri­ga quan­do fa­lo com ele em tra­ba­lho. Quan­do não tem di­nhei­ro pa­ra be­ber, ven­de en­xa­da, foi­ce, ga­li­nha, o que ele ­acha, pa­ra com­prar ca­cha­ça. Fi­ca na ca­ma ­dias e ­dias, só be­ben­do, man­dan­do-me pe­dir es­mo­las pa­ra tra­tar de­le. Eu não te­nho co­ra­gem de pe­dir es­mo­las, ­pois ain­da pos­so tra­ba­lhar. Ape­nas fal­ta-me o sos­se­go pa­ra po­der tra­ba­lhar. Às ve­zes es­tou no tra­ba­lho e daí a pou­co pre­ci­so lar­gar tu­do e ­sair ­atrás de­le, nas ­ruas: ele es­tá fa­zen­do ­maus ne­gó­cios, amo­lan­do os ou­tros ou dor­min­do na rua... Ele cha­ma-se J.C.
Pe­ço- vos ser aten­di­da, subs­cre­ve a vos­sa cria­da, M.C.
NB: Man­do uma pe­que­na es­mo­la, ­pois não pos­so man­dar ­mais. Man­do ape­nas Cr$ 10.00.66

Car­ta n.º 8

Pe­di­do de bên­ção e de con­se­lhos.

São Jo­sé da Sa­fi­ra, 20 de ou­tu­bro de 1960
Il.mo e Rev.mo Sr. Cô­ne­go La­fa­yet­te,

Com o co­ra­ção con­tri­to sir­vo-me des­ta, de­se­jan­do-vos saú­de, paz e ale­gria, pa­ra fa­zer-vos um pe­di­do, o que de­ve­ria ser fei­to pes­soal­men­te... É o se­guin­te: Há ­mais de um ano que con­fes­sei e há 8 mes­ses ­mais ou me­nos que jul­go es­tar com o meu co­ra­ção ou o meu es­pí­ri­to afe­ta­do de ­maus pen­sa­men­tos, os ­quais, ­além de se­rem hor­ri­vel­men­te pre­ju­di­ciais à mi­nha al­ma, co­mo tam­bém se os co­lo­car em prá­ti­ca ha­ve­rá um gran­de pre­juí­zo mo­ral ... Con­fia­do em ­Deus e no Sr. Cô­ne­go La­fa­yet­te, ro­go, de joe­lhos, que o Sr. fa­ça um pe­di­do a ­Deus pa­ra que eu me li­vre de ­tais pen­sa­men­tos, sur­gin­do ou­tros ­bons no lu­gar, pa­ra que eu pos­sa es­tar con­for­me as ­Leis de ­Deus ... Aguar­do vos­sos con­se­lhos que, pa­ra mim, se­rão fon­te de ri­que­za. Ca­so se­ja pre­ci­so uma con­fis­são pes­soal es­tou dis­pos­to a fa­zê-la, so­men­te aguar­do as vos­sas or­dens...
Subs­cre­vo-me, G.P.S.67

Car­ta n.º 9

Pe­di­do de bên­ção pa­ra a fa­mí­lia e pa­ra rea­li­zar ­bons ne­gó­cios.

Ubá, 15 de no­vem­bro de 1960
Rev.mo Cô­ne­go La­fa­yet­te,
Com hu­mil­da­de bei­jo-lhe as ­mãos.

Ami­go que sou de Na­cip Ray­dan e por sua in­di­ca­ção ve­nho so­li­ci­tar vos­sa san­ta bên­ção pa­ra mi­nha fa­mí­lia, pa­ra mim pró­prio e pa­ra ­meus ne­gó­cios. Há tem­pos fui ví­ti­ma de enor­me pre­juí­zo fi­nan­cei­ro, mas, com aju­da de ­Deus, vou to­can­do a vi­da pra fren­te. As­pi­ran­do em­prés­ti­mo do Ban­co..., pe­ço ao Bom Pas­tor vos­sas ora­ções e aju­da es­pi­ri­tual pa­ra es­te ca­so, com boa so­lu­ção e boa aco­lhi­da por par­te das au­to­ri­da­des, des­pa­chan­do, fa­vo­ra­vel­men­te, meu pe­di­do. Sei do ines­ti­má­vel va­lor de vos­sas pre­ces e o mui­to que po­de­rão au­xi­liar es­se hu­mil­de cria­do,
Dr. F. R. R. (mé­di­co)
Car­ta n.º 10

Pe­di­do de bên­ção pa­ra me­lho­rar a si­tua­ção fi­nan­cei­ra.

São Pe­dro do Sua­çuí, 30 de de­zem­bro de 1960
Rev.mo Cô­ne­go La­fa­yet­te,

O mo­ti­vo des­ta é pe­dir ao Sr. aben­çoar-me, bem co­mo a meu ma­ri­do e ­meus fi­lhos, a fim de que Nos­sa Se­nho­ra das Gra­ças aju­de-nos a con­ser­tar a si­tua­ção fi­nan­cei­ra de meu ma­ri­do. Ele tem car­ro pró­prio, tra­ba­lha, mas o que ga­nha não é su­fi­cien­te pa­ra as des­pe­sas e mes­mo as­sim não dá. Em vos­sas ora­ções pe­ço-vos a bên­ção pa­ra ­sair o re­gis­tro da li­nha e tam­bém o em­pre­go pro­me­ti­do em Be­lo Ho­ri­zon­te, a fim de mu­dar­mos pa­ra lá. Pe­ço-vos a bên­ção pa­ra que o ano de 1961 se­ja me­lhor pa­ra nós...
En­vio a Nos­sa Se­nho­ra das Gra­ças uma es­mo­la...
M.D.H.

Car­ta n.º 11

Pe­di­do de bên­ção, co­mu­ni­ca­ção de ­boas no­tí­cias e agra­de­ci­men­to.

Go­ver­na­dor Va­la­da­res, 3 de ja­nei­ro de 1961
Rev.mo Sr. Cô­ne­go La­fa­yet­te,
Lou­va­do se­ja Nos­so Se­nhor Je­sus Cris­to

Pe­din­do a bên­ção pa­ra mim e mi­nha fa­mí­lia, ini­cio es­ta pa­ra dar-vos mi­nhas no­tí­cias que, gra­ças ao Al­tís­si­mo, são ­boas. Tem es­ta a fi­na­li­da­de má­xi­ma de vos co­mu­ni­car o nas­ci­men­to do meu quar­to fi­lho, que nas­ceu aos 29 do mês p.p. Agra­de­ço mui­to as ora­ções que fi­zes­tes por mim, as ­quais pe­di pe­la car­ta que es­cre­vi me­ses ­atrás. Gra­ças ao bom ­Deus fui mui­to fe­liz. Pe­ço-vos lem­brar de mim, meu ma­ri­do e fi­lhos em vos­sas ora­ções, ­pois es­tas me são mui­tís­si­mo va­lio­sas. Pe­din­do-vos ­mais uma vez a San­ta bên­ção, des­pe­ço-me, aten­cio­sa­men­te, a ser­va em Cris­to,
V.P.O.

Car­ta n.º 12

Pe­di­do de bên­ção e ora­ções pa­ra um bom par­to.

Bon­fim (­Água Boa), 24 de ja­nei­ro de 1961
Rev.mo Cô­ne­go La­fa­yet­te,
Pe­ço-vos as vos­sas bên­çãos.

De­se­ja­va es­tar se­guin­do via­gem pa­ra ir pes­soal­men­te à vos­sa pre­sen­ça, mas re­co­nhe­ço que não su­por­to as do­res du­ran­te tão gran­de dis­tân­cia pa­ra ir a ca­va­lo. Re­sol­vi, en­tão, vos es­cre­ver es­tas li­nhas. ­Cheia de con­fian­ça no vos­so co­ra­ção po­de­ro­so, ve­nho pe­dir as vos­sas bên­çãos pa­ra mim e pa­ra to­dos de mi­nha ca­sa. Faz 3 ­anos e 6 me­ses que es­ti­ve aí: fiz ­duas con­fis­sões e um pe­di­do (e fui mui­to fe­liz). E ago­ra, ou­tra vez, ve­nho fa­zer o mes­mo: A mi­nha fi­lha es­tá grá­vi­da ou­tra vez, sen­tin­do-se bas­tan­te doen­te e mui­to de­sa­ni­ma­da. Con­fia­da no vos­so po­der, ve­nho pe­dir pa­ra ­orar pa­ra ela, pa­ra que re­sul­te um bom par­to. Ela cha­ma-se M.A.
­Aqui fi­ca es­ta me­nor cria­da e mui­to ami­ga M. J. C.

Car­ta n.º 13

Pe­di­do de bên­ção e orien­ta­ção pa­ra rea­tar o noi­va­do.

Be­lo Ho­ri­zon­te, 17 de fe­ve­rei­ro de 1961
Rev.mo Cô­ne­go La­fa­yet­te,

Ini­cial­men­te pe­ço-vos que me per­doe se es­tou es­cre­ven­do com o tra­ta­men­to er­ra­do... e pe­lo fa­to de es­tar es­cre­ven­do à má­qui­na, mas o fa­ço a fim de tor­nar mi­nha es­cri­ta le­gí­vel, pou­pan­do vos­so pre­cio­so tem­po... ­Aqui em Be­lo Ho­ri­zon­te, on­de mo­ro, ti­ve no­tí­cia de ser V. Rev.ma um Mi­nis­tro de ­Deus vir­tuo­sís­si­mo e que, por vos­so in­ter­mé­dio, tem ha­vi­do mui­tas gra­ças de ­Deus pa­ra nós pe­ca­do­res. To­mei es­te co­nhe­ci­men­to por in­ter­mé­dio de uma mo­ça cha­ma­da M. Es­tan­do em gran­de di­fi­cul­da­de re­sol­vi re­cor­rer à vos­sa bên­ção pa­ra mi­nha pes­soa e uma ou­tra que me é ca­ra. Tra­ta-se do Sr. J. A .M., meu ex-noi­vo, ra­paz de 31 ­anos, eco­no­mis­ta for­ma­do. Co­nhe­ci es­te ra­paz em ­maio de 1958... Fi­quei noi­va em de­zem­bro de 1958. Até ­três me­ses ­após o noi­va­do tu­do ocor­reu bem... Acon­te­ce, que em mar­ço de 1959, a mo­ça que ha­via me apre­sen­ta­do a es­te ra­paz, e que às ve­zes ia à mi­nha ca­sa em vi­si­tas, de­sen­ten­deu-se com mi­nha mãe... Fi­cou rai­vo­sa com is­so e dis­se as­sim: ­Olha, vo­cês es­tão me des­fei­tean­do e vou lhe avi­sar: do mes­mo jei­to que lhe apre­sen­tei es­te mo­ço, vou des­man­char tu­do. Não dei aten­ção a ela... Mas, por in­crí­vel que pa­re­ça, Sr. Cô­ne­go, des­te dia em dian­te, o meu noi­va­do mu­dou. À toa, sem mo­ti­vo, co­me­ça­mos a bri­gar... Até que em no­vem­bro de 1960 ter­mi­na­mos. Per­di o sos­se­go... Es­ta­mos em ­vias de rea­tar tu­do de no­vo... Não sei co­mo ­agir... Sei que vos­sa ca­ri­da­de e ge­ne­ro­si­da­de não per­mi­ti­rão que dei­xe de me aten­der. Gos­ta­ria mui­to de co­nhe­cer V. Rev.ma pes­soal­men­te, mas no mo­men­to não pos­so en­ce­tar via­gem até San­ta Ma­ria. Se ­Deus o ins­pi­rar com al­gum con­se­lho ou aju­da es­pi­ri­tual pa­ra mim, po­de es­cre­ver pa­ra Rua Do­min­gos Viei­ra... San­ta Efi­gê­nia, Be­lo Ho­ri­zon­te, e se acon­te­cer de V. Rev.ma es­tar ocu­pa­do de­mais e não pu­der me res­pon­der, mui­to lhe agra­de­ce­ria se me aben­çoas­se mes­mo sem car­ta de res­pos­ta...Te­nho mui­ta fé com Sta. Te­re­zi­nha, Sa­gra­do Co­ra­ção de Je­sus e Ma­ria... Meu agra­de­ci­men­to mui­to sin­ce­ro, T.M.A.

Car­ta n.º 14

Agra­de­ci­men­to de bên­ção re­ce­bi­da.

Be­lo Ho­ri­zon­te , 15 de mar­ço de 1961
Rev.mo Sr. Cô­ne­go,
Lou­va­do se­ja Nos­so Se­nhor Je­sus Cris­to.

Ten­do há ­dias es­cri­to uma car­ta a V. Rev.ma pe­din­do uma bên­ção pa­ra meu noi­vo A.M.N., re­si­den­te em Ves­pa­sia­no, ve­nho por ­meio des­ta, agra­de­cer a V. Rev.ma a bên­ção re­ce­bi­da. Te­nho a gran­de ale­gria de co­mu­ni­car-lhe que o meu noi­vo vol­tou ao que era an­ti­ga­men­te. Con­se­guiu um óti­mo em­pre­go, es­tá gos­tan­do de­mais, tan­to do ser­vi­ço, quan­to dos pa­trões, os ­quais pa­re­cem pes­soas bo­nís­si­mas; lar­gou da be­bi­da por com­ple­to, na ca­sa de­le tem-se mos­tra­do ou­tro, ale­gre, sa­tis­fei­to. V. Rev.ma nem cal­cu­la a de­li­ca­de­za e aten­ção de­le co­mi­go. O me­lhor de tu­do é que ele, ago­ra, ­acha que ­Deus o es­tá aju­dan­do e tem pro­cu­ra­do a re­li­gião ...Fi­quei con­ten­tís­si­ma com is­so. E se tu­do con­ti­nuar a cor­rer bem, em bre­ve, po­de­rei edi­fi­car o meu lar, se ­Deus qui­ser, se­rá aben­çoa­do por ­Deus e pe­la Vir­gem San­tís­si­ma. Pen­sei nu­ma ma­nei­ra de po­der agra­de­cer a V. Rev.ma tu­do o que fez por nós e man­dei ce­le­brar, ­aqui em Be­lo Ho­ri­zon­te, na ca­pe­la do Hos­pi­tal da Pre­vi­dên­cia, uma Mis­sa pe­la in­ten­ção de V. Rev.ma, pe­din­do a ­Deus pe­la sua saú­de e que Ele, que é To­do Po­de­ro­so, pos­sa aju­dá-lo sem­pre a au­xi­liar os ne­ces­si­ta­dos. M... dis­se-me que sua res­pos­ta vi­ria atra­vés de ­Deus e as­sim acon­te­ceu. Pe­ço-lhe que não se es­que­ça de nós. Nas ­suas ora­ções pe­ça pa­ra que se­ja­mos fe­li­zes, com a aju­da de ­Deus. V. Rev.ma po­de­rá ter a cer­te­za que, em mi­nhas ora­ções, pe­di­rei sem­pre a ­Deus pa­ra aju­dá-lo. A sua bên­ção, E.M

Car­ta n.º 15

Pe­di­do de bên­ção da saú­de e pa­ra um bom par­to.

Bom Je­sus do Ho­ri­zon­te, 08 de ju­nho de 1961
Rev.mo Sr. Cô­ne­go La­fa­yet­te,

Res­pei­to­sa­men­te pe­ço-vos a bên­ção.
De­se­jan­do-vos boa saú­de e tran­qüi­li­da­de, ve­nho por ­meio des­ta pe­dir-vos uma bên­ção de saú­de e pe­dir tam­bém que re­ze por mim. Es­tou es­pe­ran­do dar à luz a uma crian­ça es­te mês. Es­ta­va com von­ta­de de ir aí: con­fes­sar-me e fa­zer es­te pe­di­do pes­soal­men­te, mas não me es­tá sen­do pos­sí­vel. Con­to com vos­sa gran­de bon­da­de. Mes­mo de lon­ge ha­ve­reis de me aben­çoar. ­Deus vos da­rá a de­vi­da re­com­pen­sa... Vos­sa ser­va em Je­sus e Ma­ria, G.A.R.
NB: Meu ma­ri­do tam­bém vos pe­de a bên­ção.

O Servo de Deus no Seminário de Diamantina

Nos Se­mi­ná­rios Me­no­res, eri­gi­dos pa­ra cul­ti­var os ger­mes da vo­ca­ção, se­jam os alu­nos pre­pa­ra­dos com es­pe­cial for­ma­ção re­li­gio­sa, so­bre­tu­do por uma di­re­ção es­pi­ri­tual con­ve­nien­te, pa­ra se dis­po­rem, com ge­ne­ro­si­da­de e co­ra­ção pu­ro, a se­guir o Cris­to Re­den­tor (...) To­da a edu­ca­ção dos es­tu­dan­tes se­ja tal que ne­les se for­mem ver­da­dei­ros pas­to­res de al­mas, a exem­plo de Nos­so Se­nhor Je­sus Cris­to, Mes­tre, Sa­cer­do­te e Pas­tor.(Con­cí­lio Va­ti­ca­no II, De­cre­to Op­ta­tam To­tius, ns. 3 e 4).

O Se­mi­ná­rio de Dia­man­ti­na foi fun­da­do em 1867 pe­lo pri­mei­ro Bis­po da Dio­ce­se, Dom ­João An­tô­nio dos San­tos, que, se­guin­do uma for­te es­pi­ri­tua­li­da­de da épo­ca, de­di­cou aque­la ca­sa de for­ma­ção sa­cer­do­tal ao Sa­gra­do Co­ra­ção de Je­sus. Ali, jun­ta­men­te com as ciên­cias, apren­dia-se tam­bém a sa­lu­tar de­vo­ção ao Sa­gra­do Co­ra­ção, bas­tan­te li­ga­da à de­vo­ção Eu­ca­rís­ti­ca. Foi a par­tir da pu­bli­ca­ção da En­cí­cli­ca "An­num Sa­crum" (1899), pe­lo Pa­pa ­Leão ­XIII, que o cul­to to­mou gran­de im­pul­so, com as la­dai­nhas, o mês do Sa­gra­do Co­ra­ção e a de­vo­ção à "pri­mei­ra sex­ta-fei­ra do mês". O pró­prio Ro­ma­no Pon­tí­fi­ce fez um so­le­ne ato de Con­sa­gra­ção ao Sa­gra­do Co­ra­ção de Je­sus no dia 31 de de­zem­bro de 1899.
O Se­mi­ná­rio foi di­ri­gi­do até 1964 pe­los pa­dres da Con­gre­ga­ção da Mis­são, ­mais co­nhe­ci­dos co­mo Pa­dres La­za­ris­tas. Es­ses pa­dres ­eram, em sua gran­de maio­ria, eu­ro­peus. E o Se­mi­ná­rio se­guia o es­ti­lo es­co­lar da Eu­ro­pa, com o ano le­ti­vo co­me­çan­do em ou­tu­bro. Era uma vi­da bem di­fe­ren­te dos tem­pos de ho­je.
Em 1908, num do­min­go, 4 de ou­tu­bro10, o rei­tor do Se­mi­ná­rio Epis­co­pal, o mis­sio­ná­rio fran­cês Pe. Er­nes­to Hen­ri­que La­cos­te, re­ce­beu o jo­vem La­fa­yet­te, que vi­nha ma­tri­cu­lar-se na­que­la ca­sa de for­ma­ção sa­cer­do­tal. Con­ta­va, en­tão, vin­te e ­dois ­anos. Aque­le jo­vem al­to, for­te e ­cheio de vi­da, es­ta­va cons­cien­te do que que­ria.
Jun­ta­men­te com La­fa­yet­te ma­tri­cu­la­ram-se: Zó­zi­mo Ra­mos Cou­to (Dia­man­ti­na), Jo­sé Via­na Gon­çal­ves (Dia­man­ti­na), Gil Pe­rei­ra da Sil­va (Gua­nhães), ­Sylvio Ca­tão (Gua­nhães), Plí­nio de Ma­ga­lhães e Au­gus­to ­Lins (Ser­ro), Ubi­ra­ja­ra Via­na No­vaes e Ál­va­ro Via­na No­vaes (Ita­bi­ra do Ma­to Den­tro.
En­tran­do pa­ra o Se­mi­ná­rio, ele sa­bia que ­iria tra­jar, do­ra­van­te, ba­ti­na e bar­re­te. Sa­bia que as vi­si­tas à ca­sa pa­ter­na se­riam ra­ras. Co­me­ça­va uma vi­da aus­te­ra, de obe­diên­cia ao Pa­dre Su­pe­rior, aos pro­fes­so­res e re­gen­tes. Le­van­ta­va às cin­co ho­ras da ma­nhã pa­ra a ora­ção, mis­sa e ca­fé. Às se­te co­me­ça­vam as au­las, que ­eram in­ter­ca­la­das com equi­va­len­te tem­po de es­tu­dos. Es­tu­da­va-se uma ho­ra e ha­via, su­ces­si­va­men­te, uma au­la com du­ra­ção de uma ho­ra. O al­mo­ço era às dez e ­meia da ma­nhã. ­Após o ­meio-dia re­co­me­ça­vam as ati­vi­da­des es­co­la­res. Às 16:30, era o jan­tar. À noi­te, ha­via o chá, a ora­ção da noi­te às 20:30 ho­ras e de­pois... dor­mir. As­sim era o dia-a-dia do Se­mi­ná­rio em 1908.
Da­li do Se­mi­ná­rio, La­fa­yet­te po­dia con­tem­plar o ma­jes­to­so Pi­co do Itam­bé, que lhe tra­zia sau­da­des de ca­sa. Mas as li­ções de sau­da­des se mis­tu­ra­vam ao enor­me de­se­jo de atin­gir os de­graus do sa­cer­dó­cio e, com es­te, a pos­si­bi­li­da­de de se­cun­dar as ­ações do Cris­to Pas­tor e Mes­tre do ­Amor.
Quan­do o jo­vem se­mi­na­ris­ta foi pas­sar as pri­mei­ras fé­rias, co­me­çou a vi­ver uma ex­pe­riên­cia no­va. Era a pri­mei­ra vez que vol­ta­va à con­vi­vên­cia fa­mi­liar, ­após um pe­río­do de ro­ti­na aus­te­ra e dis­ci­pli­na­da, que ele co­me­ça­va a in­cor­po­rar à sua no­va op­ção de vi­da. Os pró­prios ­pais dos se­mi­na­ris­tas cos­tu­ma­vam tra­tá-los com for­ma­li­da­des, ­pois ven­do-os com os tra­jes ecle­siás­ti­cos, já an­te­viam os pa­dres que tan­to res­pei­ta­vam. As­sim, em ca­sa, La­fa­yet­te co­me­çou a tra­tar ­suas pri­mas com ­mais ce­ri­mô­nias, dis­se-me sua pri­ma Ir. Ga­brie­la Sa­les. Ele as cha­ma­va de "frei­ras", res­pon­den­do ao tra­ta­men­to de "fra­de". Mas às ve­zes tu­do se trans­for­ma­va nu­ma gran­de brin­ca­dei­ra de crian­ças e jo­vens.
No Se­mi­ná­rio Epis­co­pal de Dia­man­ti­na, que sem­pre ofe­re­ceu uma das me­lho­res for­ma­ções pa­ra o cle­ro do Bra­sil, La­fa­yet­te fez os cur­sos de Hu­ma­ni­da­des (Se­mi­ná­rio Me­nor), com du­ra­ção de cin­co ­anos; Fi­lo­so­fia, com du­ra­ção de ­dois ­anos; e Teo­lo­gia (Se­mi­ná­rio ­Maior), com du­ra­ção de ­três ­anos. Fo­ram dez ­anos de es­tu­do e ora­ção na­que­la ca­sa que já for­mou tan­tos fi­lhos ilus­tres pa­ra a Igre­ja e pa­ra o ­País.
Atra­vés da ci­ta­ção das dis­ci­pli­nas cur­sa­das no Se­mi­ná­rio Me­nor, o lei­tor te­rá uma vi­são so­bre a for­ma­ção hu­ma­nís­ti­ca dos alu­nos: es­tu­da­vam Por­tu­guês, La­tim, In­glês, Fran­cês, Ál­ge­bra, De­se­nho, Geo­gra­fia, His­tó­ria Uni­ver­sal, Ins­tru­ção Re­li­gio­sa, etc. O Cur­so de Teo­lo­gia ti­nha as se­guin­tes dis­ci­pli­nas: Dog­ma, Mo­ral, His­tó­ria Ecle­siás­ti­ca, Di­rei­to Ca­nô­ni­co, Sa­gra­da Es­cri­tu­ra, Her­me­nêu­ti­ca, Li­tur­gia, etc.
No Se­mi­ná­rio Me­nor, La­fa­yet­te te­ve co­mo co­le­gas uma tur­ma de ra­pa­zi­nhos bem ­mais jo­vens do que ele, em sua maio­ria, dos ­quais foi Re­gen­te (au­xi­liar de dis­ci­pli­na). Co­mo Re­gen­te, ti­nha um quar­to in­di­vi­dual. No Se­mi­ná­rio ­Maior, era um alu­no mé­dio. No cur­so de Teo­lo­gia ­suas me­lho­res no­tas ­eram em Teo­lo­gia Mo­ral, Di­rei­to Ca­nô­ni­co e His­tó­ria da Igre­ja.
Du­ran­te a as­cen­são nos es­tu­dos do Se­mi­ná­rio, até che­gar a ser or­de­na­do pres­bí­te­ro, o se­mi­na­ris­ta re­ce­bia as cha­ma­das or­dens me­no­res. São os "de­graus do sa­cer­dó­cio". Foi as­sim que no dia 24 de ­abril de 1914 che­gou a vez do se­mi­na­ris­ta La­fa­yet­te re­ce­ber a pri­mei­ra ton­su­ra (uma pe­que­na co­roa no al­to da ca­be­ça, não ­mais pra­ti­ca­da ho­je). Em 1915, re­ce­beu o dia­co­na­to, em 8 de ­abril.
An­tes da or­de­na­ção o can­di­da­to ao sa­cer­dó­cio de­ve­ria es­cre­ver um re­que­ri­men­to pe­din­do ao Bis­po que in­cluís­se o seu no­me en­tre aque­les que re­ce­be­riam as or­dens sa­cras no fi­nal do ano. Era fei­to um pro­ces­so ca­nô­ni­co na Dio­ce­se pa­ra a es­co­lha e ad­mis­são do can­di­da­to. Com o dia­co­na­to, con­fir­ma-se o cha­ma­do de ­Deus, atra­vés da es­co­lha e cha­ma­do da Igre­ja, na pes­soa do Bis­po.
En­con­tra-se no Ar­qui­vo da Cú­ria Me­tro­po­li­ta­na de Dia­man­ti­na o se­guin­te do­cu­men­to, fei­to de pró­prio pu­nho pe­lo se­mi­na­ris­ta La­fa­yet­te:

La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho, nas­ci­do, ba­ti­za­do e mo­ra­dor na Fre­gue­zia de Nos­sa Se­nho­ra da Con­cei­ção do Ser­ro, des­te Bis­pa­do de Dia­man­ti­na, fi­lho le­gí­ti­mo de Jo­sé da Cos­ta Coe­lho e Jú­lia Fe­lis­bi­na de Je­sus, na­tu­rais da di­ta Fre­gue­zia, ne­to pa­ter­no de Ro­gé­rio da Cos­ta Coe­lho e Ma­ria Eu­frá­sia de Je­sus, e ma­ter­no de Ber­nar­di­no da Cos­ta Coe­lho e Ma­ria Eu­lá­lia da Luz, com vin­te e no­ve ­anos de ida­de, de­se­jan­do ser pro­mo­vi­do às or­dens sa­cras até o Pres­bi­te­ra­to, vem ro­gar a V. Ex.a Rev.ma se dig­ne ad­mi­ti-lo à ha­bi­li­ta­ção de ge­ne­re, man­dan­do pro­ce­der as di­li­gên­cias de es­ti­lo.
Nes­tes ter­mos, pe­de a V. Ex.a Rev.ma be­nig­no de­fe­ri­men­to e E.R.M
Dia­man­ti­na, 22 de mar­ço de 1916.
a) La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho

Den­tro das "di­li­gên­cias de es­ti­lo" fo­ram ou­vi­dos os de­poi­men­tos de ­duas tes­te­mu­nhas pe­la Câ­ma­ra Ecle­siás­ti­ca, em Dia­man­ti­na: Vir­gí­lio Ma­me­de Al­ves Pe­rei­ra, 52 ­anos, e Fer­nan­do Au­gus­to de Vas­con­ce­los, 49 ­anos, am­bos re­si­den­tes na ci­da­de de Ser­ro.
De­pois de to­do o pro­ces­so apro­va­do, a or­de­na­ção pres­bi­te­ral acon­te­ceu no dia 15 de ­abril de 1917, pe­la im­po­si­ção das ­mãos do Bis­po de Dia­man­ti­na, Dom Joa­quim Sil­vé­rio de Sou­za, em ce­ri­mô­nia rea­li­za­da na Ca­pe­la do Sa­gra­do Co­ra­ção de Je­sus, ane­xa ao Se­mi­ná­rio, que ho­je é a Ba­sí­li­ca do Co­ra­ção de Je­sus. La­fa­yet­te foi o úni­co de sua tur­ma a tor­nar-se sa­cer­do­te.
Sua or­de­na­ção foi re­gis­tra­da pe­lo se­ma­ná­rio "A Es­tre­la Po­lar", ór­gão ofi­cial da Ar­qui­dio­ce­se de Dia­man­ti­na, que, em sua edi­ção de 22 de ­abril de 1917, trou­xe uma pe­que­na co­lu­na, as­si­na­da por Pra­do, in­ti­tu­la­da NO SE­MI­NÁ­RIO, que di­zia:
"O dia 15 de ­abril, do­min­go pas­sa­do, foi, pa­ra os alu­nos des­te Es­ta­be­le­ci­men­to, ­cheio de ale­gria. Vi­ram de joe­lhos aos pés do Pon­tí­fi­ce, no re­cin­to sa­gra­do, na Ca­pe­la do Sa­gra­do Co­ra­ção de Je­sus, to­da or­na­da e re­ves­ti­da de ga­las, um jo­vem le­vi­ta e cin­co ou­tros se­mi­na­ris­tas... Co­mo ma­ni­fes­ta­ções do en­tu­sias­mo de que se acha­vam pos­suí­dos, qui­se­ram os se­mi­na­ris­tas me­no­res sau­dar o no­vo sa­cer­do­te, Rev.mo Se­nhor Pe. La­fa­yet­te Coe­lho, seu re­gen­te des­de al­guns ­anos. ­Após o al­mo­ço, se di­ri­gi­ram ao sa­lão, com a ban­da de mú­si­ca, fa­zen­do-se ou­vir o alu­no Jo­sé Al­ti­mi­ras Jú­nior, que di­ri­giu, em no­me dos co­le­gas, ao no­vo Pa­dre, pa­la­vras de gra­ti­dão e ­amor. Tam­bém o se­mi­na­ris­ta me­nor Pau­lo Ce­sá­rio pro­nun­ciou um atraen­te dis­cur­so de con­gra­tu­la­ção... O alu­no Fran­cis­co Sil­va sau­dou o no­vo sa­cer­do­te e os ou­tros se­mi­na­ris­tas por um bem ela­bo­ra­do dis­cur­so: ­'Sois, Pa­dre, dis­se ele. ­Ides es­pa­lhar en­tre os ri­cos e po­bres, en­tre os or­gu­lho­sos e os hu­mil­des, a dou­tri­na san­ta do Evan­ge­lho, tra­zer ao ­seio da re­li­gião e da Igre­ja as ove­lhas des­gar­ra­das, se­guin­do o exem­plo do Di­vi­no Mes­tre... Ó ­quão su­bli­me é a vos­sa mis­são! ­Sois aque­le que en­tra­rá no ­mais ri­co pa­lá­cio co­mo na ­mais hu­mil­de cho­ça... Te­reis le­ni­ti­vos pa­ra as do­res, pa­ra as mi­sé­rias dos in­di­gen­tes...' (E ou­tras coi­sas ­mais).
À noi­te, hou­ve tea­tro, com apre­sen­ta­ção do Dra­ma O Tio Fa­lot ou o In­cen­diá­rio de Van­gi­rar. Du­ran­te os in­ter­va­los, a ban­da exe­cu­tou vá­rias pe­ças".
Na­que­le ano de 1917, por es­tes nos­sos la­dos, lon­ge das in­for­ma­ções so­bre a guer­ra mun­dial, ­alheios a qua­se tu­do, mui­tos vi­viam tran­qüi­la­men­te. Os ­meios de co­mu­ni­ca­ção ­eram ra­ros e pou­co efi­ca­zes. O neo-sa­cer­do­te, po­rém, sa­bia que aque­le era um ano di­fí­cil: a Pri­mei­ra Guer­ra mun­dial (1914-1918) con­ti­nua­va. Os afa­ze­res mas­cu­li­nos no cam­po e nas ofi­ci­nas co­me­ça­ram a ser exe­cu­ta­dos por mu­lhe­res, ­pois os ho­mens tinham sido con­vo­ca­dos pa­ra a guer­ra. O ca­pi­ta­lis­mo co­me­ça­va a se fir­mar por to­da a par­te, com um avan­ço no se­tor in­dus­trial. A Rús­sia re­ti­ra­va-se da Guer­ra e ins­ta­la­va o re­gi­me so­cial - mar­xis­ta (co­mu­nis­mo). No­vi­da­des pa­ra o mun­do! Po­rém, em ­meio a es­ses acon­te­ci­men­tos, uma no­va luz bri­lha­va pa­ra o mun­do: em Por­tu­gal, a Vir­gem de Fá­ti­ma fa­zia de Fran­cis­co, Lú­cia e Ja­cin­ta os por­ta­do­res de sua men­sa­gem de es­pe­ran­ça e de paz.
Es­sa é uma pe­que­na mos­tra do con­tex­to em que o Pe. La­fa­yet­te ini­cia­va o seu mi­nis­té­rio pas­to­ral.
A mis­são es­ta­va co­me­çan­do. E foi exer­ci­da uni­ca­men­te na Ar­qui­dio­ce­se de Dia­man­ti­na.