Localizada no Vale do Rio Doce (Bacia do Suaçuí), no centro-nordeste de Minas Gerais, a Paróquia de Santa Maria teve seu início na década de 1860. Em 1865 contava três casas de telha e outras seis cobertas de palmeira ou sapé, segundo relatos do Capitão Ramalho, testemunha ocular daqueles primórdios (FERREIRA 5, 141-145). Capitão Ramalho relata no seu diário que os primeiros habitantes de Santa Maria foram Camilo dos Santos, Fortunato Chaves, Ana Alves de Oliveira, Francisca Maria da Costa, Manuel Felipe, Meofaldo Floriano, Inhambu e outros.
Os escritos do Capitão Ramalho datam de 1865 e registram que surge, mais tarde, no povoado, um grupo de italianos com suas harpas e "instrumentos exóticos", tocando e dançando para ganhar dinheiro. Dentre eles destacava-se o de nome José Baratti, que morreu anos depois. Falam também de um aldeamento dos índios botocudos, um pouco abaixo do Arraial.
Santa Maria pertencia, naquela época, ao Município de Minas Novas. Mas a Paróquia era atendida pelo Pe. Francisco da Luz, Vigário de Capelinha das Graças (hoje cidade de Capelinha). Em sua companhia vinha, quase sempre, o subdelegado de polícia, Coronel Jesuíno Gomes da Silva.
A partir de 1871, o Presidente da Província de Minas Gerais, Francisco Leite da Costa Belém, convicto de que a resposta para o desafio da catequização dos índios dessa imensa região seria confiá-la a missionários, pede ao Superior Geral dos Frades Capuchinhos que tome providência nesse sentido. Formaram-se, então, várias colônias indígenas em Minas, entre as quais Itambacuri, de onde vieram os Frades Capuchinhos para a região de Santa Maria. Entre os pioneiros estão Frei Virgílio de Amblar e o seu companheiro Frei Joaquim da Lomia de Canicatti que, no início de 1872, fundaram o Aldeamento de Santa Maria de São Félix (PALAZZOLO 9).
Os Frades Capuchinhos tiveram um trabalho enorme na região, dadas as precariedades de tudo. Em 1873, os Superiores transferiram Frei Joaquim e em seu lugar veio Frei João de Gangi, que ficou até 1878, quando foi transferido para a Aldeia de Nossa Senhora da Conceição. Frei Virgílio ficou sozinho, vindo a falecer pouco tempo depois, na região da Poaia14 .
O historiador Nelson de Sena, no Anuário Histórico Corográfico de Minas Gerais, escreveu sobre o então Distrito de Santa Maria: "Este opulento distrito agrícola do município e termo de Peçanha pertenceu antes de 1875 à Comarca de Minas Novas e depois, até 1881, ao município de São João Batista (Comarca de Itamarandiba). Foi criada a sua Paróquia em 5 de outubro de 1870 (lei mineira n.º 1.719) e confirmada pelo § 2º do art. 1º da lei n.º 2.214, de 3 de junho de 1876.
Em 1881 ganhou o distrito uma Agência de Correios. O Telégrafo Nacional foi inaugurado a 3 de abril de 1909. Duas escolas públicas foram criadas pela lei n.º 2.478, de 9 de novembro de 1878, sancionada pelo Vice Presidente da Província de Minas Gerais, Cônego Joaquim José de Sant'Anna.
Pelo recenseamento de 1900, o Distrito de Santa Maria apresentou um número de 11.980 habitantes e em 1905, um colégio eleitoral de 417 eleitores, com uma população urbana de 3.000 habitantes. Na sede do distrito o recenseamento escolar apresentou um número de 286 alunos".
No número 17 de A Estrela Polar, datado de 30 de junho de 1908, lê-se o seguinte: "O distrito de Santa Maria de São Félix, parte integrante do vasto município do Peçanha, está situado a 6 léguas da margem esquerda do Suaçuí Grande. Confina ao norte com Água Boa, município de Minas Novas; ao oeste com São José do Jacuri e S. Pedro do Suaçuí; ao sul com Ramalhete; ainda limita-se com Capelinha, São João Batista (Itamarandiba) e Coluna. Conta a Freguezia com quatro Capelas filiais, a saber: Santo Antônio da Folha Larga, S. Sebastião do Maranhão, S. Sebastião dos Cristais e Nossa Senhora da Conceição da Poaia, antigo aldeamento. A população da Freguezia é de 16.000 habitantes, sendo a do perímetro do arraial de quase 4.000. O maior diâmetro distrital é de 15 léguas, entre a cachoeira grande do Suaçuí e o alto da Boa Vista, vertente para Itamarandiba... Situado no cruzamento de estradas entre o sertão e a mata, o distrito de Santa Maria de São Félix ocupa vantajosa posição para o desenvolvimento de suas riquezas; esta circunstância geográfica concorre imensamente para as boas condições do seu comércio ativo: por exemplo, quando no Rio de Janeiro o café tipo 7 é cotado a 4$000, o café deste distrito, exportado em grande escala para Montes Claros e Januária, é vendido, com muita procura, a 6$000 e 7$000, mesmo sem o bom preparo em máquinas, que aqui não há. Infelizmente luta-se com muita dificuldade para o transporte em costas de burros: não temos estradas boas, nem mesmo sofríveis!" (SENA 11, 777-779).
O Distrito de Santa Maria de São Félix (que se chamou Fazenda de Santa Maria Maior e Capela de Santa Maria Eterna) foi elevado à categoria de Vila através da lei n.º 843, de 7 de setembro de 1923. Foi instalada solenemente a 16 de março de 1924, tomando a Vila a denominação de Santa Maria do Suaçuí, cuja grafia, na época, era Suasshuy (MINAS GERAIS 6, 1042-1044).
Foi para essa região, que hoje engloba os municípios de Santa Maria do Suaçuí, São Sebastião do Maranhão, São José da Safira e José Raydan, que foi enviado o Servo de Deus Lafayette da Costa Coelho. Até 1986 a Paróquia fazia parte da Arquidiocese de Diamantina e, com a instalação da Diocese de Guanhães, em 1º de maio de 1986, passou a pertencer a esta nova circunscrição eclesiástica.
MINAS E SEUS SANTOS
Há 15 anos
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