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Chamando o Servo de Deus de "Santo" não queremos, aqui, antecipar o pronunciamento da Santa Igreja, mas queremos tão somente falar como o povo de Deus chama o Cônego Lafayette: "Santo Cônego".

domingo, 30 de novembro de 2008

Sorriso de paz!


Amigos e admiradores do Servo de Deus Lafayette da Costa Coelho: encontrei uma joia rara - uma foto com o nosso Cônego Lafayette em amplo sorriso - Vejam!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

UM POUCO DA HISTÓRIA DO JOVEM LA­FA­YET­TE

O Se­nhor me cha­mou des­de o ­seio ma­ter­no; quan­do eu es­ta­va ain­da no ­seio de mi­nha mãe pro­nun­ciou o meu no­me(Pro­fe­ta ­Isaías 40,1).

Foi nu­ma quar­ta-fei­ra que nas­ceu o sex­to fi­lho de seu Ju­ca Pa­ra­guaio e do­na Jú­lia. Era o dia 10 de no­vem­bro de 1886. Na pia ba­tis­mal da ma­jes­to­sa igre­ja ma­triz de Nos­sa Se­nho­ra da Con­cei­ção de Ser­ro, Ar­qui­dio­ce­se de Dia­man­ti­na, o me­ni­no re­ce­beu o no­me de La­fa­yet­te, em 30 de ­abril de 1887, quan­do o Vi­gá­rio Pe. Jo­sé Al­ves de Mes­qui­ta o aco­lheu pa­ra o ba­tis­mo so­le­ne. O pa­dri­nho foi seu tio Fran­cis­co de Sa­les e Sil­va, ca­sa­do com Ve­ri­dia­na(ver nota 1), ir­mã de do­na Jú­lia. A ma­dri­nha foi sua avó ma­ter­na, Ma­ria Eu­lá­lia da Luz. Foi um dia im­por­tan­tís­si­mo, ­pois aque­le me­ni­no, que se­ria um vir­tuo­so sa­cer­do­te, tor­na­va-se cris­tão a par­tir da­que­le mo­men­to. Era sua en­tra­da na gran­de fa­mí­lia dos fi­lhos de ­Deus. Mo­men­to de fes­ta, mo­men­to de ale­gria.
O me­ni­no La­fa­yet­te che­gou qua­se no fi­nal do sé­cu­lo XIX, con­si­de­ra­do pe­los ca­tó­li­cos co­mo o "sé­cu­lo da Vir­gem Ma­ria", ­pois a pie­da­de ma­ria­na foi mar­ca­da por cin­co gran­des acon­te­ci­men­tos: a apa­ri­ção da Vir­gem a San­ta Ca­ta­ri­na de La­bou­ré (Me­da­lha Mi­la­gro­sa, em 1830), apa­ri­ção de La Sa­let­te (1846), pro­cla­ma­ção do dog­ma da Ima­cu­la­da Con­cei­ção pe­lo Pa­pa Pio IX (1854), apa­ri­ção em Lour­des (1858) e apa­ri­ção em Pont­main (1871). E as­sim o me­ni­no cres­ceu sa­dio e for­te sob o ­olhar ma­ter­no de Nos­sa Se­nho­ra, sua pa­droei­ra de to­da a vi­da.
La­fa­yet­te te­ve uma in­fân­cia co­mum. Brin­cou com os ir­mãos, fre­qüen­tou es­co­la... Foi, cer­ta­men­te, alu­no da Mes­tra Cris­ti­na de Quei­roz Quei­ro­ga, que man­ti­nha uma es­co­la par­ti­cu­lar e foi pro­fes­so­ra de vá­rias ge­ra­ções de ser­ra­nos.
Os ­três pri­mei­ros ­anos da vi­da do Ser­vo de ­Deus fo­ram os úl­ti­mos do Se­gun­do Im­pé­rio Bra­si­lei­ro, tem­pos agi­ta­dos no ce­ná­rio na­cio­nal. Cin­co ­dias ­após o me­ni­no La­fa­yet­te com­ple­tar ­três ­anos, o Ma­re­chal Deo­do­ro da Fon­se­ca pro­cla­mou a Re­pú­bli­ca no Bra­sil. Es­se era o ce­ná­rio do ­País, acom­pa­nha­do por mui­tos de ­seus ilus­tres con­ter­râ­neos.
A his­tó­ria do Bra­sil foi mar­ca­da, des­de o iní­cio, pe­la pre­sen­ça e ­ação evan­ge­li­za­do­ra dos mis­sio­ná­rios da Igre­ja Ca­tó­li­ca, cu­jo in­ten­so tra­ba­lho não se li­mi­tou ape­nas à ca­te­que­se e à ad­mi­nis­tra­ção dos sa­cra­men­tos, mas con­tri­buiu na di­fu­são da cul­tu­ra e na for­ma­ção in­te­gral do po­vo bra­si­lei­ro. As­sim co­mo po­de-se di­zer que é im­pos­sí­vel es­cre­ver a his­tó­ria do Bra­sil sem men­cio­nar a his­tó­ria da Igre­ja Ca­tó­li­ca, po­de-se di­zer, tam­bém, ho­je, que é im­pos­sí­vel es­cre­ver a his­tó­ria da Ar­qui­dio­ce­se de Dia­man­ti­na, e, ­mais re­cen­te­men­te, da Dio­ce­se de Gua­nhães sem men­cio­nar a his­tó­ria do Ser­vo de ­Deus La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho.
La­fa­yet­te tor­nou-se um jo­vem de es­pí­ri­to ale­gre e ex­tro­ver­ti­do e foi ser pro­fes­sor pri­má­rio na fa­zen­da de Teo­tô­nio Ma­ga­lhães. Ti­nha uma vi­da nor­mal, co­mo os ra­pa­zes de seu tem­po. Te­ve ­dois "na­mo­ros de ja­ne­la", co­mo se di­zia. O pri­mei­ro, com a fi­lha de seu pa­dri­nho, a jo­vem Ma­ria Ga­brie­la; de­pois, com a pri­ma Ma­ria Na­za­ré, fi­lha de ­João Ba­tis­ta, seu tio pa­ter­no.
Em 1984, quan­do es­ti­ve no Ser­ro, con­ver­sei com Ma­ria Ere­mi­ta Sou­za, his­to­ria­do­ra da ci­da­de, e com o Sr. Vi­cen­te Mi­ran­da, co­nhe­ci­do co­mo Vi­cen­te de Be­la, que me con­fir­mou: "Cô­ne­go La­fa­yet­te, an­tes de se tor­nar se­mi­na­ris­ta, te­ve um na­mo­ro com mi­nha mãe, quan­do ­eram bem no­vos".
Na mes­ma oca­sião, tam­bém con­ver­sei com Ma­ria da Con­cei­ção Sa­les Coe­lho, Do­na ­Iaiá, fi­lha de Ole­gá­rio da Cos­ta Coe­lho. Ela e o ir­mão Síl­vio mo­ram na mes­ma ca­sa on­de mo­ra­vam os ­seus ­avós Ju­ca Pa­ra­guaio e Jú­lia, na Rua Ge­ne­ral Osó­rio n.º 55.
O so­bri­nho do Cô­ne­go La­fa­yet­te, Síl­vio Sa­les Coe­lho dis­se que quan­do o tio che­ga­va a Ser­ro, hos­pe­da­va-se sem­pre no mes­mo quar­to, um quar­ti­nho pe­que­no que dá pa­ra a sa­la de jan­tar. Os me­ni­nos fi­ca­vam na sa­la es­pe­ran­do o tio Cô­ne­go ­abrir a por­ta, por­que ti­nham cer­te­za de que re­ce­be­riam um pra­ta de mil ­réis... "À noi­te nós tí­nha­mos um pu­nha­do de pra­tas. Ele tam­bém aju­da­va nos­sa tia Ri­ta, que pas­sa­va por di­fi­cul­da­des fi­nan­cei­ras; meu pai re­ce­bia o di­nhei­ro pa­ra fa­zer as com­pras pa­ra ela. To­das as noi­tes ele fi­ca­va pas­san­do de um la­do pa­ra ou­tro na sa­la de jan­tar, re­zan­do o ter­ço. Ce­le­bra­va às 4:00 ho­ras da ma­nhã na Igre­ja de San­ta Ri­ta, ­aqui per­to de nos­sa ca­sa."
Ir­mã Ga­brie­la Sa­les, com ­seus 90 ­anos, per­fei­ta­men­te lú­ci­da, con­tou-me al­guns de­ta­lhes so­bre a vi­da fa­mi­liar, so­bre a in­fân­cia e a ju­ven­tu­de do Ser­vo de ­Deus. De­pois de al­gum tem­po, ela en­viou-me por es­cri­to os prin­ci­pais pon­tos de nos­sa con­ver­sa. Ela re­la­tou: "La­fa­yet­te, du­ran­te sua vi­da, foi um bom me­ni­no. Car­re­ga­va ­água do cha­fa­riz pa­ra en­cher to­do o va­si­lha­me de ca­sa. Era mui­to tra­ba­lha­dor. Do­na Ma­ria da ­Cruz da Cos­ta Coe­lho, de oi­ten­ta e se­te ­anos, pri­ma-ir­mã do Cô­ne­go, ria mui­to e zom­ba­va de Do­na Jú­lia, por­que es­ta pa­ga­va ao La­fa­yet­te ape­nas 40 ­réis pa­ra en­go­mar uma aná­gua".
O ir­mão de La­fa­yet­te, Jo­sé da Cos­ta Coe­lho, o quar­to fi­lho de Ju­ca Pa­ra­guaio e Jú­lia, era de tem­pe­ra­men­to di­fe­ren­te do ir­mão ­mais no­vo. Jo­sé era sé­rio e in­tro­ver­ti­do, e, ain­da ado­les­cen­te, de­ci­diu ir pa­ra o Se­mi­ná­rio de Dia­man­ti­na (cf. nota 2). La­fa­yet­te, à pri­mei­ra vis­ta, não ma­ni­fes­tou de­se­jo de se­guir o ir­mão. Era um ra­paz re­li­gio­so, mas não re­ve­la­va ne­nhum pen­dor pa­ra o sa­cer­dó­cio. Con­tu­do, a ati­tu­de de Jo­sé foi um le­ve cha­ma­do pa­ra ele.
O Sr. Aci­li­no de Oli­vei­ra Oto­ni, de 81 ­anos de ida­de, re­la­tou ao Pe. Eu­ler, em 1972, o se­guin­te: "Quan­do o Jo­sé ia pa­ra o Se­mi­ná­rio, ajun­tá­va­mos um gran­de nú­me­ro de jo­vens ca­va­lei­ros e ía­mos le­vá-lo a uma dis­tân­cia de lé­gua e ­meia a ­duas. Quan­do re­gres­sa­va do Se­mi­ná­rio, de fé­rias, era a mes­ma coi­sa. Fa­zía­mos uma far­ra da­na­da. À noi­te fa­zía­mos uma al­ga­zar­ra tre­men­da em ca­sa do Ju­ca Pa­ra­guaio".
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Nota 1: Francisco e Veridiana, tios do Cônego Lafayette, tiveram os seguintes filhos: Maria Sales, Joaquim Sales (padre *05/06/1906 +13/03/1976), Gabriela Sales (Freira Vicentina), Vidica, Antônio, Francisco, Francisca e José.
Nota 2: Vicente, 83 anos, e sua irmã Isabel Pires da Costa Coelho, 85 anos, primos do Cônego Lafayette, lembram que já foram ordenados vários padres na família: Mons. José Coelho, Cônego Lafayette, Pe. Joaquim Sales, Dom José Pedro de Araújo Costa, Pe. Afonso de Fátima e Pe. João Nogueira. Juca, filho de Olegário, faleceu quando faltavam três anos para sua ordenação presbiteral. Para a Vida Religiosa, a família contribuiu com: Maria Costa Coelho, irmã de Juca Paraguaio, Ir. Gabriela Sales (+28/02/1996), Ir. Antônia Augusta, Ir. Maria Assunção Oliveira Coelho e Ir. Apoline Coelho.

(Trecho do livro "A grandeza na simplicidade", de Pe. Ismar Dias de Matos, editora FUMARC, Belo Horizonte-MG, 2001, p.34-37).

A FA­MÍ­LIA DO SER­VO DE ­DEUS CÔNEGO LAFAYETTE


O fu­tu­ro da hu­ma­ni­da­de pas­sa pe­la fa­mí­lia. (Pa­pa ­João Pau­lo II, Ho­mi­lia no Rio de Ja­nei­ro, 1997.)

Os ­pais do Ser­vo de ­Deus La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho vi­ve­ram no pe­río­do que cor­res­pon­de, his­to­ri­ca­men­te, do Se­gun­do Rei­na­do (1831-1889) ao ad­ven­to da Re­pú­bli­ca (1889 em dian­te). O mun­do co­me­ça­va a co­nhe­cer o te­le­fo­ne, in­ven­ta­do em 1876, e ain­da não ha­via o au­to­mó­vel (sur­gi­do em 1891). As pes­soas não co­nhe­ciam a co­mu­ni­ca­ção pe­lo rá­dio, fei­ta pe­la pri­mei­ra vez em 1896.
No dia 1º de ­maio de 1865 te­ve iní­cio o ­mais vio­len­to con­fli­to tra­va­do na Amé­ri­ca do Sul, quan­do o Im­pe­ra­dor Dom Pe­dro II, do Bra­sil, as­si­nou a Trí­pli­ce Alian­ça, em Bue­nos Ai­res, es­ta­be­le­cen­do a ­união dos ­três paí­ses - Ar­gen­ti­na, Bra­sil e Uru­guai - con­tra So­la­no Lo­pez, lí­der do Pa­ra­guai, que co­man­da­va cer­ca de ses­sen­ta e qua­tro mil sol­da­dos.
Com cin­co ­anos de du­ra­ção (1865-1870), a Guer­ra do Pa­ra­guai ti­nha co­mo pa­no de fun­do inú­me­ras ques­tões de fron­tei­ra, ­além de pro­ble­mas de na­ve­ga­ção nos ­dois gran­des ­rios da re­gião do Pra­ta (Pa­ra­ná e Pa­ra­guai), que re­sul­ta­ram em con­fli­tos na es­tru­tu­ra das re­la­ções man­ti­das en­tre os paí­ses fron­tei­ri­ços. A guer­ra, que trou­xe tris­tes con­se­qüên­cias pa­ra os en­vol­vi­dos, du­rou até mar­ço de 1870, quan­do foi mor­to So­la­no Lo­pez.
Pa­ra es­ses com­ba­tes par­ti­ram do Ser­ro vá­rios vo­lun­tá­rios, den­tre ­eles, os fi­lhos do Sr. Ro­gé­rio da Cos­ta Coe­lho e de D. Ma­ria Eu­frá­sia de Je­sus, Ro­gé­rio, Re­no­va­to e Jo­sé da Cos­ta Coe­lho. Es­te úl­ti­mo se­rá o pai de nos­so Cô­ne­go La­fa­yet­te.
Ter­mi­na­da a guer­ra, já no iní­cio do cha­ma­do "de­clí­nio do Im­pé­rio", aque­les ­três ser­ra­nos re­tor­na­ram. Vi­nham sen­tir, lon­ge dos gri­tos e ge­mi­dos, a se­gu­ran­ça nos bra­ços tran­qüi­los das Mi­nas Ge­rais. Quan­tas aven­tu­ras pu­de­ram con­tar! Jo­sé vol­tou com o hon­ro­so tí­tu­lo de Al­fe­res, pa­ra ame­ni­zar os in­gen­tes pre­juí­zos au­fe­ri­dos no cam­po de ba­ta­lha. Au­xi­lia­do com o sol­do de "he­rói na­cio­nal" que pas­sou a re­ce­ber, es­ta­be­le­ceu-se co­mo co­mer­cian­te em sua ci­da­de. E no co­mér­cio, en­tre as ri­que­zas do so­lo e sub­so­lo, com­pra­va tam­bém ou­ro em pó, que vi­nha das ­mãos das cen­te­nas de ga­rim­pei­ros, que aju­da­ram a es­cre­ver a his­tó­ria de Mi­nas.
Seu Ju­ca Pa­ra­guaio, co­mo pas­sou a ser cha­ma­do o nos­so Al­fe­res, co­nhe­ceu uma das fi­lhas do se­nhor Ber­nar­di­no da Cos­ta Coe­lho e de do­na Ma­ria Eu­lá­lia da Luz, a pe­que­na Jú­lia, com a ­qual con­traiu ma­tri­mô­nio (veja foto, acima). Jú­lia con­ta­va en­tão qua­tor­ze ­anos de ida­de. O jo­vem ca­sal foi es­ta­be­le­cer-se em um ca­sa­rão, de nú­me­ro 55, na rua Ge­ne­ral Osó­rio, co­nhe­ci­da po­pu­lar­men­te co­mo "Al­to do Gam­bá", de on­de se avis­ta o gran­dio­so Pi­co do Itam­bé. Ali, na­que­le ca­sa­rão de pa­re­des bran­cas e de ja­ne­las e por­tas ­azuis, per­to da Igre­ja de San­ta Ri­ta, nas­ce­ram os oi­to fi­lhos do ca­sal Jo­sé e Jú­lia: Mar­cos, Ma­ria Te­re­za, Ri­ta, Jo­sé, Es­te­fâ­nia, La­fa­yet­te, Ole­gá­rio e An­dre­li­na.
Mar­cos, o pri­mei­ro fi­lho, nas­ceu em 7 de ­abril de 1872. Os ­pais pu­de­ram en­ca­mi­nhá-lo pa­ra es­tu­dar na tra­di­cio­nal ci­da­de de Ou­ro Pre­to. Ali co­me­çou a es­tu­dar En­ge­nha­ria. Não che­gan­do a con­cluir o cur­so, ­veio re­si­dir em sua ci­da­de na­tal, on­de foi Se­cre­tá­rio da Câ­ma­ra Mu­ni­ci­pal. Ca­sou-se, em pri­mei­ras núp­cias, com Ja­cin­ta Fon­tou­ra e te­ve os se­guin­tes fi­lhos: Ju­lia­ne­te, Ate­ná­go­ras, Ju­li­ta, Fran­cis­ca, Cí­ce­ro e Mar­cos. Fi­can­do viú­vo, ca­sou-se com Ga­brie­la, com ­quem não te­ve ne­nhum fi­lho.
Ma­ria Te­re­za, que aten­dia pe­lo ca­ri­nho­so ape­li­do de Te­tê, é a se­gun­da fi­lha. Fa­le­ceu ain­da mui­to jo­vem. Ri­ta, a ter­cei­ra fi­lha, nas­ceu em 25 de ­abril de 1878.
O quar­to fi­lho, Jo­sé, que ti­nha o mes­mo no­me do pai, cur­sou a an­ti­ga Es­co­la Nor­mal do Ser­ro. Ain­da jo­vem, sen­tin­do o cha­ma­do ao sa­cer­dó­cio, in­gres­sou no Se­mi­ná­rio de Dia­man­ti­na. Per­ten­ceu ao cle­ro dia­man­ti­nen­se e exer­ceu im­por­tan­tes fun­ções, sen­do or­de­na­do pres­bí­te­ro em 1909. Era co­nhe­ci­do co­mo Mon­se­nhor Jo­sé Coe­lho. Tra­ba­lhou em sua ci­da­de na­tal e exer­ceu a fun­ção de jor­na­lis­ta. A ­maior par­te de seu mi­nis­té­rio ele a vi­veu na ci­da­de de Se­nho­ra do Por­to -MG, on­de per­ma­ne­ceu du­ran­te cin­qüen­ta ­anos. Ali fa­le­ceu em 31 de agos­to de 1966, aos 84 ­anos.
Es­te­fâ­nia ca­sou-se jo­vem e foi mo­rar em São Pau­lo de Mu­riaé. Os so­bri­nhos, de Ser­ro, pou­ca lem­bran­ça têm de­la.
Ole­gá­rio tor­nou-se al­faia­te. En­con­tra-se o seu no­me en­tre o "cor­po de ju­ra­dos" do Fó­rum de Ser­ro. Ca­sou-se ­duas ve­zes. As pri­mei­ras núp­cias fo­ram no dia 29 de mar­ço de 1913, com sua pri­ma Fran­cis­ca de Sal­les e Sil­va (Chi­qui­nha), com ­quem te­ve ­dois fi­lhos. O sa­cra­men­to foi aben­çoa­do pe­lo vi­gá­rio, Pe. Jo­sé da Cos­ta Coe­lho, ir­mão do noi­vo. As se­gun­das núp­cias fo­ram com Rai­mun­da Ma­ria de Je­sus, com ­quem te­ve os se­guin­tes fi­lhos: Ju­ca, La­faie­te, Leo­nor, Te­re­zi­nha, Síl­vio, Fran­cis­co, Ma­ria da Con­cei­ção (­Iaiá) e Ma­ria das Do­res. Em ca­sa de Ole­gá­rio o Cô­ne­go La­fa­yet­te se hos­pe­da­ria, quan­do de sua ida ao Ser­ro. É a mes­ma ca­sa em que mo­ra­ram ­seus ­pais.
An­dre­li­na, úl­ti­ma fi­lha, aos 17 ­anos en­con­trou o seu ca­mi­nho na Con­gre­ga­ção das Fi­lhas da Ca­ri­da­de e, co­mo re­li­gio­sa, ado­tou o no­me de Ir­mã Apo­li­ne. A ser­vi­ço da Con­gre­ga­ção es­te­ve em di­ver­sos lu­ga­res: no Cea­rá, Per­nam­bu­co, Ba­hia e Bra­sí­lia, on­de ­veio a fa­le­cer. (Trecho do livro "A grandeza na simplicidade", de Pe. Ismar Dias de Matos, Editora FUMARC, Belo Horizonte-MG, 2001, p. 31-33).

sábado, 8 de novembro de 2008

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

VIMOS DEUS NUM HOMEM


Len­do, ou me­lhor, sa­bo­rean­do a bio­gra­fia do Ser­vo de ­Deus La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho, co­le­tâ­nea de da­dos bio­grá­fi­cos, fa­tos e acon­te­ci­men­tos cri­te­rio­sa­men­te reu­ni­dos em li­vro pe­lo Pe. Is­mar ­Dias de Ma­tos, co­lo­co por es­cri­to a im­pres­são que me fi­cou bem ní­ti­da:
Cer­ta­men­te La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho não foi um ­João Ma­ria Vian­ney, o san­to cu­ra ­d'Ars. Com cer­te­za San­ta Ma­ria do Sua­çuí não é em na­da pa­re­ci­da com a ci­da­de­zi­nha de Ars. Co­mo sa­cer­do­tes, po­rém, os ­dois são bem pa­re­ci­dos. ­João Vian­ney te­ve uma pa­ró­quia pe­que­ni­na cu­jo ter­ri­tó­rio ele po­dia per­cor­rer a pé em to­das as di­re­ções e fre­qüen­te­men­te o fa­zia. Cô­ne­go La­fa­yet­te en­fren­ta­va lon­gas via­gens de car­ro ou a ca­va­lo pa­ra se fa­zer pre­sen­te às nu­me­ro­sas co­mu­ni­da­des de sua pa­ró­quia ou pa­ra se co­lo­car à ca­be­cei­ra de en­fer­mos que re­si­diam lon­ge de San­ta Ma­ria e so­li­ci­ta­vam sua pre­sen­ça con­for­ta­do­ra que os dis­pu­ses­se pa­ra com­pa­re­cer dian­te do Se­nhor. A se­me­lhan­ça en­tre ­João Ma­ria de Ars e o La­fa­yet­te de San­ta Ma­ria é que am­bos ­agiam com a mes­ma fé no Cris­to res­sus­ci­ta­do, a mes­ma pa­ciên­cia com as pes­soas, a mes­ma se­re­ni­da­de fa­ce às in­tem­pé­ries ou ao can­sa­ço fí­si­co, os ­dois vi­viam o mes­mo ­amor a ­Deus e a mes­ma ca­ri­da­de pa­ra com aque­les e aque­las em fa­vor dos ­quais exer­ciam o mi­nis­té­rio da sal­va­ção.
Co­mo ­eram pa­re­ci­dos es­ses ­dois ser­vos de ­Deus! ­João Vian­ney era ho­mem de ora­ção e con­tem­pla­ção con­tí­nuas. Cô­ne­go La­fa­yet­te ma­dru­ga­va pa­ra re­ci­tar Ma­ti­nas e Lau­des, a gran­de ora­ção da ma­nhã do Bre­viá­rio dos Mon­ges e de to­dos os pa­dres dio­ce­sa­nos até que ­veio a re­for­ma de­ter­mi­na­da pe­lo Con­cí­lio Va­ti­ca­no II. Na épo­ca de Cô­ne­go La­fa­yet­te, Ma­ti­nas ti­nha ­três "No­tur­nos", ca­da um com ­três sal­mos e ­três lei­tu­ras, o que sig­ni­fi­ca um tem­po ­três ve­zes su­pe­rior ao que se em­pre­ga ho­je, ­após a re­for­ma do Ofí­cio Di­vi­no, nes­se tem­po ma­ti­nal de ora­ção. E não fi­ca­va só no "Bre­viá­rio". ­Após a re­ci­ta­ção de Ma­ti­nas e Lau­des, ele da­va iní­cio a um lon­go tem­po de me­di­ta­ção se­guin­do o mo­de­lo pra­ti­ca­do an­ti­ga­men­te no Se­mi­ná­rio. ­Eram as cé­le­bres Me­di­ta­ções de Ha­mon. Os sa­cer­do­tes que se hos­pe­da­vam em sua ca­sa ­eram gen­til­men­te con­vi­da­dos a re­zar jun­to com ele. Des­se pri­vi­lé­gio eu pu­de des­fru­tar vá­rias ve­zes, du­ran­te os ­anos 1953-1955 quan­do, na con­di­ção de Mis­sio­ná­rio Dio­ce­sa­no da Ir­man­da­de da Pro­vi­dên­cia, vi­si­tei com fre­qüên­cia San­ta Ma­ria e me hos­pe­da­va com o Cô­ne­go La­fa­yet­te na Ca­sa Pa­ro­quial.
Co­mo ­João Vian­ney, Cô­ne­go La­fa­yet­te não era ho­mem de gran­des ar­rou­bos ora­tó­rios. Sua pre­ga­ção era sim­ples e co­lo­quial. Pa­re­cia ­mais um ca­te­quis­ta do que um ora­dor. O pa­la­vrea­do aces­sí­vel ao po­vo na pre­ga­ção, o es­ti­lo di­re­to nas con­ver­sa­ções e o es­for­ço de ou­vir com aten­ção o in­ter­lo­cu­tor atin­giam ­mais fun­do as pes­soas do que os gran­des ser­mões de oca­sião ou os ar­ra­zoa­dos eru­di­tos. Nu­ma pa­la­vra, pos­so as­se­gu­rar que em mi­nha con­vi­vên­cia com o Cô­ne­go La­fa­yet­te, não per­ce­bi na­da de ex­traor­di­ná­rio a não ser sua ex­traor­di­ná­ria sim­pli­ci­da­de e trans­pa­rên­cia em tu­do o que fa­zia ou di­zia. Seu ir­mão, Mon­se­nhor Jo­sé da Cos­ta Coe­lho, era pá­ro­co de Se­nho­ra do Por­to. Os ­dois se vi­si­ta­vam com fre­qüên­cia e, ape­sar dos es­ti­los di­fe­ren­tes, ­eram mui­to uni­dos. Nu­ma des­sas vi­si­tas, Mon­se­nhor Coe­lho cha­mou a aten­ção de Cô­ne­go La­fa­yet­te por­que, ce­le­bran­do a Mis­sa na Ma­triz de Se­nho­ra do Por­to, ele deu a co­mu­nhão a se­nho­ras que não tra­ziam a ca­be­ça co­ber­ta com o véu ou ves­tiam rou­pas de man­gas cur­tas. Cô­ne­go La­fa­yet­te res­pon­deu com seu sor­ri­so ca­rac­te­rís­ti­co: "Eu não ve­jo". Sua aten­ção não se fi­xa­va no ex­te­rior. Ele via ­mais lon­ge e ­mais den­tro. Ele ar­ti­cu­la­va mui­to bem a obe­diên­cia às pres­cri­ções dos su­pe­rio­res com o res­pei­to de­vi­do às pes­soas, a com­preen­são, a to­le­rân­cia, a ca­ri­da­de pa­ra com to­dos en­fim.
Con­ta-se que um ­ateu foi a Ars mo­vi­do tão so­men­te pe­la cu­rio­si­da­de. Ele que­ria en­ten­der por que tan­tas pes­soas da Fran­ça e até de paí­ses vi­zi­nhos se des­lo­ca­vam pa­ra um lu­ga­re­jo tão inex­pres­si­vo co­mo Ars. Ao re­tor­nar, o ­ateu não per­dia ­mais Mis­sa do­mi­ni­cal nem co­mu­nhão. Per­gun­ta­ram-lhe ad­mi­ra­dos: "Dou­tor, o que foi que o se­nhor viu em Ars pa­ra vol­tar tão mu­da­do?" Ele res­pon­deu: "Vi ­Deus num ho­mem". O po­vo de San­ta Ma­ria que co­nhe­ceu o Cô­ne­go La­fa­yet­te dá o mes­mo tes­te­mu­nho com es­tas ou com pa­la­vras equi­va­len­tes: "Vi­mos ­Deus num ho­mem".
Que a lei­tu­ra dos fa­tos e dos de­poi­men­tos reu­ni­dos em li­vro pe­lo tra­ba­lho di­li­gen­te do Pe. Is­mar pos­sa aju­dar quan­tos a ele ti­ve­rem aces­so a co­nhe­cer um pou­co da vi­da e do mi­nis­té­rio do Ser­vo de ­Deus La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho. É for­ço­so con­fes­sar que os fa­tos nar­ra­dos e os de­poi­men­tos da­dos, por ­mais fi­de­dig­nos que se­jam, não con­se­guem trans­mi­tir o que se sen­tia na pre­sen­ça e na con­vi­vên­cia com o Cô­ne­go La­fa­yet­te. É al­go que pa­la­vras não tra­du­zem: ­Deus num ho­mem.
E que a me­mó­ria de Cô­ne­go La­fa­yet­te des­per­te nos ­fiéis cris­tãos ­maior de­vo­ção e ­maior com­pro­mis­so com a cau­sa da evan­ge­li­za­ção. Que fa­ça cres­cer no Cle­ro a mís­ti­ca do ser­vi­ço hu­mil­de e sim­ples aos que fo­ram con­fia­dos aos des­ve­los pas­to­rais de ca­da sa­cer­do­te.

Dom Jo­sé Ma­ria Pi­res
Ar­ce­bis­po Emé­ri­to da Pa­raí­ba