Milhares de devotos de Cônego Lafayette em Minas e outros estados se reúnem para lembrar 50 anos da morte do religioso
Carlos Herculano Lopes – Jornal “Estado de Minas” Publicação: 21/09/2011
Lafayette ficou famoso na região por abençoar pessoas adoentadas
Cerca de 15 mil pessoas de várias partes de Minas Gerais, Espírito Santo e outros estados estão sendo esperadas nesta quarta-feira, em Santa Maria do Suaçuí, no Vale do Rio Doce, para participar da tradicional romaria que, em todo 21 de setembro, lembra a morte do cônego Lafayette. Em 2011, completam 50 anos de seu falecimento. De acordo com o padre da cidade, Sebastião Madureira, as celebrações no Santuário de São Miguel, onde estão os restos mortais do religioso, terão início às 5h30, depois do repicar dos sinos, e se estendem ao longo do dia. A missa solene, que será presidida pelo padre Marcelo Romano, atualmente respondendo pela diocese de Guanhães, à qual a paróquia de Santa Maria do Suaçuí está subordinada, será celebrada às 10h, com a participação de vários padres.
Independentemente do processo de beatificação iniciado em 2000 com autorização da Santa Sé pelo então bispo de Guanhães, dom Emanuel Messias de Oliveira, para o povo da cidade e do Vale do Rio Doce o cônego já é considerado santo. O estudo foi concluído em 2009 e enviado para análise ao Vaticano, onde se encontra ainda hoje. Desde a sua morte, milhares de devotos lotam o Santuário de São Miguel, túmulo, onde ele foi enterrado, e também ruas, bares, pousadas e casas de Santa Maria do Suaçuí. Na maioria delas, em lugar de destaque, existe uma foto do “santo cônego”. A cidade tem cerca de 14 mil habitantes, quantidade que dobra hoje.
HistóriaO padre Ismar Dias de Matos, autor da biografia do cônego e atualmente professor da PUC Minas, contou no livro Cônego Lafayette, sacerdote para sempre, lançado em 1994, que o candidato a santo nasceu no Serro, no Vale do Jequitinhonha, em 10 de novembro de 1886. Ele foi o quarto dos cinco filhos de Júlia Felisbina de Jesus e José da Costa Coelho, conhecido como “Juca Paraguaio”. O pai ganhou o apelido por ter lutado como voluntário na companhia de dois irmãos durante toda a Guerra do Paraguai, que Brasil, Argentina e Uruguai levaram a cabo contra o país vizinho, de 1864 a 1870. Quando voltou para o Serro, com o título de alferes, se tornou comerciante, se casou e deu início à família.
No Seminário Episcopal de Diamantina, Lafayette fez cursos de humanidades. “Era um aluno médio. No curso de teologia suas melhores notas eram em teologia moral, direito canônico e história da Igreja. A ordenação sacerdotal foi no dia 15 de abril de 1917, aos 30 anos, por imposição das mãos do bispo de Diamantina, dom Joaquim Silvério de Souza. Foi o único sacerdote da sua turma”, escreveu padre Ismar.
O início da lenda
Com a morte do padre José Maria dos Reis, da Paróquia de Santa Maria de São Félix , em 1919, o cônego Lafayette assumiu a direção do local, e aí começou a lenda. Sempre que algum doente precisava de extrema-unção a léguas de distância da cidade, ele ia, muitas vezes a cavalo ou a pé. Tornou-se padrinho de dezenas de crianças e batizava com rapidez, sempre que chamado, para que elas não morressem pagãs. Resolvia pendências que poderiam terminar em morte, como questões políticas e de terra.
Segundo relatos descritos no livro do padre Ismar Dias de Matos, ele tentava apaziguar qualquer briga com uma palavra conciliadora, independentemente da classe social à qual os envolvidos pertencessem. E conseguiu evitar muitas tragédias. Mas o seu principal carisma, de acordo com o padre Sebastião Madureira, que há oito anos está à frente da paróquia da cidade, consistia na famosa “bênção da saúde”, que o cônego ministrava a todos os que o procurassem. Muita gente, com os mais variados tipos de doenças, vinha de longe para recebê-las.
Como centenas de graças foram alcançadas com ele ainda vivo e continuam a ocorrer – mesmo já tendo se passado meio século da sua morte –, como comprovam o relato de incontáveis homens e mulheres, sua fama de santo, ano após ano, só faz crescer muito além dos limites de Santa Maria do Suaçuí. “Os testemunhos dos milagres são incríveis, de deixar qualquer um emocionado. Lafayette foi um homem extremamente fiel à Igreja. Um sacerdote humilde, de muita oração e, sobretudo, um grande servidor do povo”, diz padre Sebastião, ele também, como tantos, “um devoto do santo cônego”.
Texto disponível em: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2011/09/21/interna_gerais,251782/romeiros-prometem-lotar-santa-maria-do-suacui-pela-memoria-do-santo-conego.shtml
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