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Chamando o Servo de Deus de "Santo" não queremos, aqui, antecipar o pronunciamento da Santa Igreja, mas queremos tão somente falar como o povo de Deus chama o Cônego Lafayette: "Santo Cônego".

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

CRO­NO­LO­GIA DO SERVO DE DEUS CÔNEGO LAFAYETTE DA COSTA COELHO

1886 - Nas­ci­men­to do Ser­vo de ­Deus La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho, em Ser­ro - MG, em 10 de no­vem­bro. É o sex­to fi­lho de Jo­sé da Cos­ta Coe­lho e Jú­lia Fe­lis­bi­na de Je­sus.
1887 - Ba­tis­mo do Ser­vo de ­Deus, na Ma­triz de Ser­ro, pe­lo Pe. Jo­sé Al­ves de Mes­qui­ta, em 30 de ­abril.
1888 - Abo­li­ção da Es­cra­va­tu­ra no dia 13 de ­maio.
1889 - Pro­cla­ma­ção da Re­pú­bli­ca no dia 15 de no­vem­bro; se­pa­ra­ção da Igre­ja e Es­ta­do.
1908 - In­gres­so do jo­vem La­fa­yet­te no Se­mi­ná­rio da Dio­ce­se de Dia­man­ti­na - MG, com 22 ­anos in­com­ple­tos.
1909 - Fun­da­ção da Ir­man­da­de do San­tís­si­mo Sa­cra­men­to, no Bra­sil. Per­mis­são de se dar a Co­mu­nhão aos me­ni­nos e me­ni­nas nos ­dias 25 de ca­da mês - Era a co­mu­nhão da "Cru­za­da An­gé­li­ca". Iní­cio do cos­tu­me da ado­ra­ção no­tur­na ao San­tís­si­mo Sa­cra­men­to na 1ª quin­ta-fei­ra pa­ra sex­ta-fei­ra de ca­da mês.
1914 - Iní­cio da Pri­mei­ra Guer­ra Mun­dial; Pri­mei­ra Ton­su­ra re­ce­bi­da pe­lo se­mi­na­ris­ta La­fa­yet­te, no Se­mi­ná­rio, em 24 de ­abril.
1915 - Dia­co­na­to de La­fa­yet­te, em Dia­man­ti­na, em 08 de ­abril.
1917 - Or­de­na­ção pres­bi­te­ral do jo­vem La­fa­yet­te, pe­la im­po­si­ção das ­mãos de S. Ex.a Rev.ma Dom Joa­quim Sil­vé­rio de Sou­za, Ar­ce­bis­po de Dia­man­ti­na, em 15 de ­abril, na Ca­pe­la do Se­mi­ná­rio. No­mea­ção pa­ra au­xi­liar Pe. Jo­sé Ma­ria dos ­Reis, em Sta. Ma­ria de São Fé­lix - MG.
Em Por­tu­gal, as crian­ças Fran­cis­co, Ja­cin­ta e Lú­cia re­ce­bem men­sa­gens da Vir­gem de Fá­ti­ma.
1918 - Fim da Pri­mei­ra Guer­ra Mun­dial.
1919 - Mor­te do Pe. Jo­sé Ma­ria e no­mea­ção do Pe. La­fa­yet­te co­mo Vi­gá­rio Ecô­no­mo, fun­ção que ocu­pa até ­maio de 1922, quan­do pas­sa a ser o Pá­ro­co En­co­men­da­do de San­ta Ma­ria. Con­vo­ca­ção de Mis­sões Re­den­to­ris­tas pa­ra a Pa­ró­quia.
1923 - Mis­sões com os Pa­dres La­za­ris­tas na Pa­ró­quia.
1925 - Vi­si­ta Pas­to­ral do Sr. Ar­ce­bis­po Dom Joa­quim Sil­vé­rio de Sou­za a San­ta Ma­ria.
1927 - Cria­ção, pe­lo Pe. La­fa­yet­te, em San­ta Ma­ria, da Guar­da de Hon­ra, da ­qual fa­zia par­te, em Dia­man­ti­na, nos tem­pos de se­mi­na­ris­ta. No­vas Mis­sões Re­den­to­ris­tas. Au­to­ri­za­ção pa­ra ex­po­si­ção do San­tís­si­mo du­ran­te to­das as pri­mei­ras quin­tas-fei­ras de ca­da mês.
1929 - Cri­se eco­nô­mi­ca mun­dial, com a que­da da Bol­sa de No­va ­York.
1930 - Cria­ção da As­so­cia­ção das Fi­lhas de Ma­ria, na Pa­ró­quia.
1933 - Em Dia­man­ti­na, or­de­na­ção do Pe. Jo­sé Ba­tis­ta dos San­tos, que foi en­via­do ao Se­mi­ná­rio pe­lo Pe. La­fa­yet­te. O neo-sa­cer­do­te can­ta sua pri­mei­ra Mis­sa na ter­ra na­tal no dia 09 de ja­nei­ro de 1934. É o pri­mei­ro fi­lho de San­ta Ma­ria a ser or­de­na­do pres­bí­te­ro. No­vas Mis­sões com os Pa­dres La­za­ris­tas.
1937 - Vi­si­ta Pas­to­ral de Dom Se­ra­fim Go­mes Jar­dim, Ar­ce­bis­po de Dia­man­ti­na, a San­ta Ma­ria, em se­tem­bro.
1938 - Vi­si­ta Pas­to­ral de Dom Se­ra­fim à Ca­pe­la de S. Se­bas­tião do Ma­ra­nhão.
1939 - Iní­cio da Se­gun­da Guer­ra Mun­dial.
1941 - Pe. La­fa­yet­te com­ple­ta 55 ­anos e já sen­te os pri­mei­ros sin­to­mas da ve­lhi­ce. No­va Vi­si­ta Pas­to­ral de Dom Se­ra­fim, em agos­to.
1942 - Rea­li­za­ção de no­vas Mis­sões Re­den­to­ris­tas na Pa­ró­quia: ­abril e ­maio. Vi­si­ta Pas­to­ral de Dom Se­ra­fim, em ju­lho.
1944 - Pe. La­fa­yet­te as­sis­te o Pe. Ale­xan­dri­no Cor­dei­ro da Luz, Vi­gá­rio de ­Água Boa, que fa­le­ceu na Ca­sa Pa­ro­quial de San­ta Ma­ria. Cria­ção da Pa­ró­quia de S. Se­bas­tião do Ma­ra­nhão. Pe. La­fa­yet­te é no­mea­do De­le­ga­do do Sr. Ar­ce­bis­po pa­ra dar pos­se ao 1º Vi­gá­rio, Pe. Ja­dir Bran­dão Cos­ta.
1945 - Vi­si­ta Pas­to­ral do Sr. Ar­ce­bis­po Dom Se­ra­fim Go­mes Jar­dim, em agos­to. Fim da Se­gun­da Guer­ra Mun­dial
1946 - Che­ga­da à Pa­ró­quia do Vi­si­ta­dor Apos­tó­li­co "Ad hoc" Cô­ne­go Se­bas­tião Fer­nan­des.
1947 - Con­sa­gra­ção da Pa­ró­quia ao Ima­cu­la­do Co­ra­ção de Ma­ria, pe­lo Pe. La­fa­yet­te, a pe­di­do de Dom Se­ra­fim Go­mes Jar­dim. Or­de­na­ção, em 30 de no­vem­bro de ­dois pa­ro­quia­nos: Pe. Joa­quim Araú­jo Sil­vei­ra e Pe. Jo­sé de Ávi­la Gar­cia, en­via­dos ao Se­mi­ná­rio pe­lo Pe. La­fa­yet­te. No­mea­ção de Pa­dre La­fa­yet­te Cô­ne­go Ti­tu­lar da Ca­te­dral de Dia­man­ti­na, por Dom Se­ra­fim Go­mes Jar­dim.
1948 - No­va Vi­si­ta Pas­to­ral de Dom Se­ra­fim à Pa­ró­quia de San­ta Ma­ria, em agos­to.
1949 - No­mea­ção do Cô­ne­go La­fa­yet­te pa­ra Vi­gá­rio Fo­râ­neo da Co­mar­ca das Se­te Do­res.
1952 - Che­ga­da a San­ta Ma­ria de um Vi­gá­rio Coo­pe­ra­dor, Pe. Afon­so Araú­jo Sil­va, em mar­ço.
1953 - Vi­si­ta Pas­to­ral de Dom ­João de Sou­za Li­ma, Bis­po Au­xi­liar de Dia­man­ti­na, du­ran­te os ­dias 20 de ­maio a 6 de ju­nho. Rea­li­za­ção de no­vas Mis­sões dos Pa­dres La­za­ris­tas nas ca­pe­las de N. Se­nho­ra da Con­cei­ção de ­Poaia e de São Jo­sé da Sa­fi­ra.
1954 - Re­cep­ção, no ano San­to de Ma­ria e Cen­te­ná­rio da Cria­ção da Ar­qui­dio­ce­se de Dia­man­ti­na, pe­la Pa­ró­quia de San­ta Ma­ria, da ima­gem pe­re­gri­na de N. Se­nho­ra de Fá­ti­ma, con­du­zi­da pe­los pa­dres La­za­ris­tas.
1956 - No­mea­ção de Pe. ­Sady Pe­rei­ra da Sil­va pa­ra no­vo Vi­gá­rio Coo­pe­ra­dor de San­ta Ma­ria, em subs­ti­tui­ção ao Pe. Afon­so.
1958 - Cria­ção da Cru­za­da Eu­ca­rís­ti­ca In­fan­til na Pa­ró­quia.
1959 - Con­vo­ca­ção do Con­cí­lio Va­ti­ca­no II pe­lo San­to Pa­dre ­João ­XXIII.
1961 - Ho­me­na­gem do De­pu­ta­do Es­ta­dual Na­cip Ray­dan Cou­ti­nho, de San­ta Ma­ria do Sua­çuí, ao seu pa­dri­nho Cô­ne­go La­fa­yet­te, dan­do o seu no­me à Es­co­la da Vi­la Jo­sé Ray­dan, em fe­ve­rei­ro.
Fa­le­ci­men­to, ­após vá­rios ­dias de en­fer­mi­da­de, do Ser­vo de ­Deus La­fa­yet­te, aos 75 ­anos in­com­ple­tos, na Ca­sa Pa­ro­quial, no dia 21 de se­tem­bro, quin­ta-fei­ra. O se­pul­ta­men­to ocor­re no dia se­guin­te.
1972 - Ten­ta­ti­va de es­cri­ta da bio­gra­fia do Cô­ne­go La­fa­yet­te pe­lo Pe. Eu­ler Al­ves Pe­rei­ra, SVD. Iní­cio de um trí­duo pre­pa­ra­tó­rio pa­ra o dia 21 de se­tem­bro.
1986 - Ano do cen­te­ná­rio do nas­ci­men­to do Ser­vo de ­Deus. Pu­bli­ca­ção de um opús­cu­lo, de au­to­ria do se­mi­na­ris­ta Is­mar ­Dias de Ma­tos, ce­le­bran­do o acon­te­ci­men­to.
1994 - Pu­bli­ca­ção, com a au­to­ri­za­ção do Bis­po Dio­ce­sa­no, Dom An­tô­nio Fe­lip­pe da Cu­nha, SDN, de um pe­que­no li­vro so­bre o Cô­ne­go La­fa­yet­te, de au­to­ria do Pe. Is­mar ­Dias de Ma­tos.
2000 - En­tre­ga em Ro­ma, por Dom Ema­nuel Mes­sias de Oli­vei­ra, Bis­po Dio­ce­sa­no de Gua­nhães, do pe­di­do pa­ra ini­ciar a cau­sa de ca­no­ni­za­ção do Cô­ne­go La­fa­yet­te.
NI­HIL OBS­TAT, da Sa­gra­da Con­gre­ga­ção pa­ra as Cau­sas dos San­tos, de Ro­ma, au­to­ri­zan­do o iní­cio do Pro­ces­so de Ca­no­ni­za­ção do Ser­vo de ­Deus La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho, dia 13 de no­vem­bro.
2001 - No­mea­ção do Pos­tu­la­dor da Cau­sa do Ser­vo de ­Deus, do Tri­bu­nal Ecle­siás­ti­co Dio­ce­sa­no e da Co­mis­são His­tó­ri­ca, que cui­da­rão da ins­tru­ção do pro­ces­so de bea­ti­fi­ca­ção a ní­vel dio­ce­sa­no, com pos­se so­le­ne em 24 de ju­nho.
19 de se­tem­bro: Ho­me­na­gem pres­ta­da ao Ser­vo de ­Deus na As­sem­bléia Le­gis­la­ti­va do Es­ta­do de Mi­nas Ge­rais.
21 de se­tem­bro: Ce­le­bra­ção, em San­ta Ma­ria do Sua­çuí, do 40º ani­ver­sá­rio de fa­le­ci­men­to do Ser­vo de ­Deus.
2009
08 de setembro: exumação dos restos mortais do Servo de Deus.
20 de setembro:Procissão pelas ruas de Santa Maria do Suaçuí com os restos mortais do servo de Deus, celebração da Eucaristia e novo sepultamento do Servo de Deus no interior do Santuário São Miguel, anexo ao Cemitério de Santa Maria. Conclusão da fase diocesana do processo de beatificação do Servo de Deus.
21 de setembro: celebração festiva no 48º aniversário de falecimento do Servo de Deus.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

SAN­TA MA­RIA DO SUA­ÇUÍ: A NO­VA TER­RA DO SER­VO DE ­DEUS

Lo­ca­li­za­da no Va­le do Rio Do­ce (Ba­cia do Sua­çuí), no cen­tro-nor­des­te de Mi­nas Ge­rais, a Pa­ró­quia de San­ta Ma­ria te­ve seu iní­cio na dé­ca­da de 1860. Em 1865 con­ta­va ­três ca­sas de te­lha e ou­tras ­seis co­ber­tas de pal­mei­ra ou sa­pé, se­gun­do re­la­tos do Ca­pi­tão Ra­ma­lho, tes­te­mu­nha ocu­lar da­que­les pri­mór­dios (FER­REI­RA 5, 141-145). Ca­pi­tão Ra­ma­lho re­la­ta no seu diá­rio que os pri­mei­ros ha­bi­tan­tes de San­ta Ma­ria fo­ram Ca­mi­lo dos San­tos, For­tu­na­to Cha­ves, Ana Al­ves de Oli­vei­ra, Fran­cis­ca Ma­ria da Cos­ta, Ma­nuel Fe­li­pe, Meo­fal­do Flo­ria­no, Inham­bu e ou­tros.
Os es­cri­tos do Ca­pi­tão Ra­ma­lho da­tam de 1865 e re­gis­tram que sur­ge, ­mais tar­de, no po­voa­do, um gru­po de ita­lia­nos com ­suas har­pas e "ins­tru­men­tos exó­ti­cos", to­can­do e dan­çan­do pa­ra ga­nhar di­nhei­ro. Den­tre ­eles des­ta­ca­va-se o de no­me Jo­sé Ba­rat­ti, que mor­reu ­anos de­pois. Fa­lam tam­bém de um al­dea­men­to dos ín­dios bo­to­cu­dos, um pou­co abai­xo do Ar­raial.
San­ta Ma­ria per­ten­cia, na­que­la épo­ca, ao Mu­ni­cí­pio de Mi­nas No­vas. Mas a Pa­ró­quia era aten­di­da pe­lo Pe. Fran­cis­co da Luz, Vi­gá­rio de Ca­pe­li­nha das Gra­ças (ho­je ci­da­de de Ca­pe­li­nha). Em sua com­pa­nhia vi­nha, qua­se sem­pre, o sub­de­le­ga­do de po­lí­cia, Co­ro­nel Je­suí­no Go­mes da Sil­va.
A par­tir de 1871, o Pre­si­den­te da Pro­vín­cia de Mi­nas Ge­rais, Fran­cis­co Lei­te da Cos­ta Be­lém, con­vic­to de que a res­pos­ta pa­ra o de­sa­fio da ca­te­qui­za­ção dos ín­dios des­sa imen­sa re­gião se­ria con­fiá-la a mis­sio­ná­rios, pe­de ao Su­pe­rior Ge­ral dos Fra­des Ca­pu­chi­nhos que to­me pro­vi­dên­cia nes­se sen­ti­do. For­ma­ram-se, en­tão, vá­rias co­lô­nias in­dí­ge­nas em Mi­nas, en­tre as ­quais Itam­ba­cu­ri, de on­de vie­ram os Fra­des Ca­pu­chi­nhos pa­ra a re­gião de San­ta Ma­ria. En­tre os pio­nei­ros es­tão ­Frei Vir­gí­lio de Am­blar e o seu com­pa­nhei­ro ­Frei Joa­quim da Lo­mia de Ca­ni­cat­ti que, no iní­cio de 1872, fun­da­ram o Al­dea­men­to de San­ta Ma­ria de São Fé­lix (PA­LAZ­ZO­LO 9).
Os Fra­des Ca­pu­chi­nhos ti­ve­ram um tra­ba­lho enor­me na re­gião, da­das as pre­ca­rie­da­des de tu­do. Em 1873, os Su­pe­rio­res trans­fe­ri­ram ­Frei Joa­quim e em seu lu­gar ­veio ­Frei ­João de Gan­gi, que fi­cou até 1878, quan­do foi trans­fe­ri­do pa­ra a Al­deia de Nos­sa Se­nho­ra da Con­cei­ção. ­Frei Vir­gí­lio fi­cou so­zi­nho, vin­do a fa­le­cer pou­co tem­po de­pois, na re­gião da ­Poaia14 .
O his­to­ria­dor Nel­son de Se­na, no Anuá­rio His­tó­ri­co Co­ro­grá­fi­co de Mi­nas Ge­rais, es­cre­veu so­bre o en­tão Dis­tri­to de San­ta Ma­ria: "Es­te opu­len­to dis­tri­to agrí­co­la do mu­ni­cí­pio e ter­mo de Pe­ça­nha per­ten­ceu an­tes de 1875 à Co­mar­ca de Mi­nas No­vas e de­pois, até 1881, ao mu­ni­cí­pio de São ­João Ba­tis­ta (Co­mar­ca de Ita­ma­ran­di­ba). Foi cria­da a sua Pa­ró­quia em 5 de ou­tu­bro de 1870 (lei mi­nei­ra n.º 1.719) e con­fir­ma­da pe­lo § 2º do art. 1º da lei n.º 2.214, de 3 de ju­nho de 1876.
Em 1881 ga­nhou o dis­tri­to uma Agên­cia de Cor­reios. O Te­lé­gra­fo Na­cio­nal foi inau­gu­ra­do a 3 de ­abril de 1909. ­Duas es­co­las pú­bli­cas fo­ram cria­das pe­la lei n.º 2.478, de 9 de no­vem­bro de 1878, san­cio­na­da pe­lo Vi­ce Pre­si­den­te da Pro­vín­cia de Mi­nas Ge­rais, Cô­ne­go Joa­quim Jo­sé de ­Sant'Anna.
Pe­lo re­cen­sea­men­to de 1900, o Dis­tri­to de San­ta Ma­ria apre­sen­tou um nú­me­ro de 11.980 ha­bi­tan­tes e em 1905, um co­lé­gio elei­to­ral de 417 elei­to­res, com uma po­pu­la­ção ur­ba­na de 3.000 ha­bi­tan­tes. Na se­de do dis­tri­to o re­cen­sea­men­to es­co­lar apre­sen­tou um nú­me­ro de 286 alu­nos".
No nú­me­ro 17 de A Es­tre­la Po­lar, da­ta­do de 30 de ju­nho de 1908, lê-se o se­guin­te: "O dis­tri­to de San­ta Ma­ria de São Fé­lix, par­te in­te­gran­te do vas­to mu­ni­cí­pio do Pe­ça­nha, es­tá si­tua­do a 6 lé­guas da mar­gem es­quer­da do Sua­çuí Gran­de. Con­fi­na ao nor­te com ­Água Boa, mu­ni­cí­pio de Mi­nas No­vas; ao oes­te com São Jo­sé do Ja­cu­ri e S. Pe­dro do Sua­çuí; ao sul com Ra­ma­lhe­te; ain­da li­mi­ta-se com Ca­pe­li­nha, São ­João Ba­tis­ta (Ita­ma­ran­di­ba) e Co­lu­na. Con­ta a Fre­gue­zia com qua­tro Ca­pe­las fi­liais, a sa­ber: San­to An­tô­nio da Fo­lha Lar­ga, S. Se­bas­tião do Ma­ra­nhão, S. Se­bas­tião dos Cris­tais e Nos­sa Se­nho­ra da Con­cei­ção da ­Poaia, an­ti­go al­dea­men­to. A po­pu­la­ção da Fre­gue­zia é de 16.000 ha­bi­tan­tes, sen­do a do pe­rí­me­tro do ar­raial de qua­se 4.000. O ­maior diâ­me­tro dis­tri­tal é de 15 lé­guas, en­tre a ca­choei­ra gran­de do Sua­çuí e o al­to da Boa Vis­ta, ver­ten­te pa­ra Ita­ma­ran­di­ba... Si­tua­do no cru­za­men­to de es­tra­das en­tre o ser­tão e a ma­ta, o dis­tri­to de San­ta Ma­ria de São Fé­lix ocu­pa van­ta­jo­sa po­si­ção pa­ra o de­sen­vol­vi­men­to de ­suas ri­que­zas; es­ta cir­cuns­tân­cia geo­grá­fi­ca con­cor­re imen­sa­men­te pa­ra as ­boas con­di­ções do seu co­mér­cio ati­vo: por exem­plo, quan­do no Rio de Ja­nei­ro o ca­fé ti­po 7 é co­ta­do a 4$000, o ca­fé des­te dis­tri­to, ex­por­ta­do em gran­de es­ca­la pa­ra Mon­tes Cla­ros e Ja­nuá­ria, é ven­di­do, com mui­ta pro­cu­ra, a 6$000 e 7$000, mes­mo sem o bom pre­pa­ro em má­qui­nas, que ­aqui não há. In­fe­liz­men­te lu­ta-se com mui­ta di­fi­cul­da­de pa­ra o trans­por­te em cos­tas de bur­ros: não te­mos es­tra­das ­boas, nem mes­mo so­frí­veis!" (SE­NA 11, 777-779).
O Dis­tri­to de San­ta Ma­ria de São Fé­lix (que se cha­mou Fa­zen­da de San­ta Ma­ria ­Maior e Ca­pe­la de San­ta Ma­ria Eter­na) foi ele­va­do à ca­te­go­ria de Vi­la atra­vés da lei n.º 843, de 7 de se­tem­bro de 1923. Foi ins­ta­la­da so­le­ne­men­te a 16 de mar­ço de 1924, to­man­do a Vi­la a de­no­mi­na­ção de San­ta Ma­ria do Sua­çuí, cu­ja gra­fia, na épo­ca, era Suass­huy (MI­NAS GE­RAIS 6, 1042-1044).
Foi pa­ra es­sa re­gião, que ho­je en­glo­ba os mu­ni­cí­pios de San­ta Ma­ria do Sua­çuí, São Se­bas­tião do Ma­ra­nhão, São Jo­sé da Sa­fi­ra e Jo­sé Ray­dan, que foi en­via­do o Ser­vo de ­Deus La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho. Até 1986 a Pa­ró­quia fa­zia par­te da Ar­qui­dio­ce­se de Dia­man­ti­na e, com a ins­ta­la­ção da Dio­ce­se de Gua­nhães, em 1º de ­maio de 1986, pas­sou a per­ten­cer a es­ta no­va cir­cuns­cri­ção ecle­siás­ti­ca.

CÕNEGO LAFAYETTE NO SEMINÁRIO DE DIAMANTINA

O Se­mi­ná­rio de Dia­man­ti­na foi fun­da­do em 1867 pe­lo pri­mei­ro Bis­po da Dio­ce­se, Dom ­João An­tô­nio dos San­tos, que, se­guin­do uma for­te es­pi­ri­tua­li­da­de da épo­ca, de­di­cou aque­la ca­sa de for­ma­ção sa­cer­do­tal ao Sa­gra­do Co­ra­ção de Je­sus. Ali, jun­ta­men­te com as ciên­cias, apren­dia-se tam­bém a sa­lu­tar de­vo­ção ao Sa­gra­do Co­ra­ção, bas­tan­te li­ga­da à de­vo­ção Eu­ca­rís­ti­ca. Foi a par­tir da pu­bli­ca­ção da En­cí­cli­ca "An­num Sa­crum" (1899), pe­lo Pa­pa ­Leão ­XIII, que o cul­to to­mou gran­de im­pul­so, com as la­dai­nhas, o mês do Sa­gra­do Co­ra­ção e a de­vo­ção à "pri­mei­ra sex­ta-fei­ra do mês". O pró­prio Ro­ma­no Pon­tí­fi­ce fez um so­le­ne ato de Con­sa­gra­ção ao Sa­gra­do Co­ra­ção de Je­sus no dia 31 de de­zem­bro de 1899.
O Se­mi­ná­rio foi di­ri­gi­do até 1964 pe­los pa­dres da Con­gre­ga­ção da Mis­são, ­mais co­nhe­ci­dos co­mo Pa­dres La­za­ris­tas. Es­ses pa­dres ­eram, em sua gran­de maio­ria, eu­ro­peus. E o Se­mi­ná­rio se­guia o es­ti­lo es­co­lar da Eu­ro­pa, com o ano le­ti­vo co­me­çan­do em ou­tu­bro. Era uma vi­da bem di­fe­ren­te dos tem­pos de ho­je.
Em 1908, num do­min­go, 4 de ou­tu­bro10, o rei­tor do Se­mi­ná­rio Epis­co­pal, o mis­sio­ná­rio fran­cês Pe. Er­nes­to Hen­ri­que La­cos­te, re­ce­beu o jo­vem La­fa­yet­te, que vi­nha ma­tri­cu­lar-se na­que­la ca­sa de for­ma­ção sa­cer­do­tal. Con­ta­va, en­tão, vin­te e ­dois ­anos. Aque­le jo­vem al­to, for­te e ­cheio de vi­da, es­ta­va cons­cien­te do que que­ria.
Jun­ta­men­te com La­fa­yet­te ma­tri­cu­la­ram-se: Zó­zi­mo Ra­mos Cou­to (Dia­man­ti­na), Jo­sé Via­na Gon­çal­ves (Dia­man­ti­na), Gil Pe­rei­ra da Sil­va (Gua­nhães), ­Sylvio Ca­tão (Gua­nhães), Plí­nio de Ma­ga­lhães e Au­gus­to ­Lins (Ser­ro), Ubi­ra­ja­ra Via­na No­vaes e Ál­va­ro Via­na No­vaes (Ita­bi­ra do Ma­to Den­tro)11.
En­tran­do pa­ra o Se­mi­ná­rio, ele sa­bia que ­iria tra­jar, do­ra­van­te, ba­ti­na e bar­re­te. Sa­bia que as vi­si­tas à ca­sa pa­ter­na se­riam ra­ras. Co­me­ça­va uma vi­da aus­te­ra, de obe­diên­cia ao Pa­dre Su­pe­rior, aos pro­fes­so­res e re­gen­tes. Le­van­ta­va às cin­co ho­ras da ma­nhã pa­ra a ora­ção, mis­sa e ca­fé. Às se­te co­me­ça­vam as au­las, que ­eram in­ter­ca­la­das com equi­va­len­te tem­po de es­tu­dos. Es­tu­da­va-se uma ho­ra e ha­via, su­ces­si­va­men­te, uma au­la com du­ra­ção de uma ho­ra. O al­mo­ço era às dez e ­meia da ma­nhã. ­Após o ­meio-dia re­co­me­ça­vam as ati­vi­da­des es­co­la­res. Às 16:30, era o jan­tar. À noi­te, ha­via o chá, a ora­ção da noi­te às 20:30 ho­ras e de­pois... dor­mir. As­sim era o dia-a-dia do Se­mi­ná­rio em 1908.
Da­li do Se­mi­ná­rio, La­fa­yet­te po­dia con­tem­plar o ma­jes­to­so Pi­co do Itam­bé, que lhe tra­zia sau­da­des de ca­sa. Mas as li­ções de sau­da­des se mis­tu­ra­vam ao enor­me de­se­jo de atin­gir os de­graus do sa­cer­dó­cio e, com es­te, a pos­si­bi­li­da­de de se­cun­dar as ­ações do Cris­to Pas­tor e Mes­tre do ­Amor.
Quan­do o jo­vem se­mi­na­ris­ta foi pas­sar as pri­mei­ras fé­rias, co­me­çou a vi­ver uma ex­pe­riên­cia no­va. Era a pri­mei­ra vez que vol­ta­va à con­vi­vên­cia fa­mi­liar, ­após um pe­río­do de ro­ti­na aus­te­ra e dis­ci­pli­na­da, que ele co­me­ça­va a in­cor­po­rar à sua no­va op­ção de vi­da. Os pró­prios ­pais dos se­mi­na­ris­tas cos­tu­ma­vam tra­tá-los com for­ma­li­da­des, ­pois ven­do-os com os tra­jes ecle­siás­ti­cos, já an­te­viam os pa­dres que tan­to res­pei­ta­vam. As­sim, em ca­sa, La­fa­yet­te co­me­çou a tra­tar ­suas pri­mas com ­mais ce­ri­mô­nias, dis­se-me sua pri­ma Ir. Ga­brie­la Sa­les. Ele as cha­ma­va de "frei­ras", res­pon­den­do ao tra­ta­men­to de "fra­de". Mas às ve­zes tu­do se trans­for­ma­va nu­ma gran­de brin­ca­dei­ra de crian­ças e jo­vens.
No Se­mi­ná­rio Epis­co­pal de Dia­man­ti­na, que sem­pre ofe­re­ceu uma das me­lho­res for­ma­ções pa­ra o cle­ro do Bra­sil, La­fa­yet­te fez os cur­sos de Hu­ma­ni­da­des (Se­mi­ná­rio Me­nor), com du­ra­ção de cin­co ­anos; Fi­lo­so­fia, com du­ra­ção de ­dois ­anos; e Teo­lo­gia (Se­mi­ná­rio ­Maior), com du­ra­ção de ­três ­anos. Fo­ram dez ­anos de es­tu­do e ora­ção na­que­la ca­sa que já for­mou tan­tos fi­lhos ilus­tres pa­ra a Igre­ja e pa­ra o ­País.
Atra­vés da ci­ta­ção das dis­ci­pli­nas cur­sa­das no Se­mi­ná­rio Me­nor, o lei­tor te­rá uma vi­são so­bre a for­ma­ção hu­ma­nís­ti­ca dos alu­nos: es­tu­da­vam Por­tu­guês, La­tim, In­glês, Fran­cês, Ál­ge­bra, De­se­nho, Geo­gra­fia, His­tó­ria Uni­ver­sal, Ins­tru­ção Re­li­gio­sa, etc. O Cur­so de Teo­lo­gia ti­nha as se­guin­tes dis­ci­pli­nas: Dog­ma, Mo­ral, His­tó­ria Ecle­siás­ti­ca, Di­rei­to Ca­nô­ni­co, Sa­gra­da Es­cri­tu­ra, Her­me­nêu­ti­ca, Li­tur­gia, etc.
No Se­mi­ná­rio Me­nor, La­fa­yet­te te­ve co­mo co­le­gas uma tur­ma de ra­pa­zi­nhos bem ­mais jo­vens do que ele, em sua maio­ria, dos ­quais foi Re­gen­te (au­xi­liar de dis­ci­pli­na). Co­mo Re­gen­te, ti­nha um quar­to in­di­vi­dual. No Se­mi­ná­rio ­Maior, era um alu­no mé­dio. No cur­so de Teo­lo­gia ­suas me­lho­res no­tas ­eram em Teo­lo­gia Mo­ral, Di­rei­to Ca­nô­ni­co e His­tó­ria da Igre­ja.
Du­ran­te a as­cen­são nos es­tu­dos do Se­mi­ná­rio, até che­gar a ser or­de­na­do pres­bí­te­ro, o se­mi­na­ris­ta re­ce­bia as cha­ma­das or­dens me­no­res. São os "de­graus do sa­cer­dó­cio". Foi as­sim que no dia 24 de ­abril de 1914 che­gou a vez do se­mi­na­ris­ta La­fa­yet­te re­ce­ber a pri­mei­ra ton­su­ra (uma pe­que­na co­roa no al­to da ca­be­ça, não ­mais pra­ti­ca­da ho­je). Em 1915, re­ce­beu o dia­co­na­to, em 8 de ­abril.
An­tes da or­de­na­ção o can­di­da­to ao sa­cer­dó­cio de­ve­ria es­cre­ver um re­que­ri­men­to pe­din­do ao Bis­po que in­cluís­se o seu no­me en­tre aque­les que re­ce­be­riam as or­dens sa­cras no fi­nal do ano. Era fei­to um pro­ces­so ca­nô­ni­co na Dio­ce­se pa­ra a es­co­lha e ad­mis­são do can­di­da­to. Com o dia­co­na­to, con­fir­ma-se o cha­ma­do de ­Deus, atra­vés da es­co­lha e cha­ma­do da Igre­ja, na pes­soa do Bis­po.
En­con­tra-se no Ar­qui­vo da Cú­ria Me­tro­po­li­ta­na de Dia­man­ti­na o se­guin­te do­cu­men­to, fei­to de pró­prio pu­nho pe­lo se­mi­na­ris­ta La­fa­yet­te:

La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho, nas­ci­do, ba­ti­za­do e mo­ra­dor na Fre­gue­zia de Nos­sa Se­nho­ra da Con­cei­ção do Ser­ro, des­te Bis­pa­do de Dia­man­ti­na, fi­lho le­gí­ti­mo de Jo­sé da Cos­ta Coe­lho e Jú­lia Fe­lis­bi­na de Je­sus, na­tu­rais da di­ta Fre­gue­zia, ne­to pa­ter­no de Ro­gé­rio da Cos­ta Coe­lho e Ma­ria Eu­frá­sia de Je­sus, e ma­ter­no de Ber­nar­di­no da Cos­ta Coe­lho e Ma­ria Eu­lá­lia da Luz, com vin­te e no­ve ­anos de ida­de, de­se­jan­do ser pro­mo­vi­do às or­dens sa­cras até o Pres­bi­te­ra­to, vem ro­gar a V. Ex.a Rev.ma se dig­ne ad­mi­ti-lo à ha­bi­li­ta­ção de ge­ne­re, man­dan­do pro­ce­der as di­li­gên­cias de es­ti­lo.

Nes­tes ter­mos, pe­de a V. Ex.a Rev.ma be­nig­no de­fe­ri­men­to e
E.R.M

Dia­man­ti­na, 22 de mar­ço de 1916.
a) La­fa­yet­te da Cos­ta Coe­lho12

Den­tro das "di­li­gên­cias de es­ti­lo" fo­ram ou­vi­dos os de­poi­men­tos de ­duas tes­te­mu­nhas pe­la Câ­ma­ra Ecle­siás­ti­ca, em Dia­man­ti­na: Vir­gí­lio Ma­me­de Al­ves Pe­rei­ra, 52 ­anos, e Fer­nan­do Au­gus­to de Vas­con­ce­los, 49 ­anos, am­bos re­si­den­tes na ci­da­de de Ser­ro.
De­pois de to­do o pro­ces­so apro­va­do, a or­de­na­ção pres­bi­te­ral acon­te­ceu no dia 15 de ­abril de 1917, pe­la im­po­si­ção das ­mãos do Bis­po de Dia­man­ti­na, Dom Joa­quim Sil­vé­rio de Sou­za, em ce­ri­mô­nia rea­li­za­da na Ca­pe­la do Sa­gra­do Co­ra­ção de Je­sus, ane­xa ao Se­mi­ná­rio, que ho­je é a Ba­sí­li­ca do Co­ra­ção de Je­sus. La­fa­yet­te foi o úni­co de sua tur­ma a tor­nar-se sa­cer­do­te.
Sua or­de­na­ção foi re­gis­tra­da pe­lo se­ma­ná­rio "A Es­tre­la Po­lar", ór­gão ofi­cial da Ar­qui­dio­ce­se de Dia­man­ti­na, que, em sua edi­ção de 22 de ­abril de 1917, trou­xe uma pe­que­na co­lu­na, as­si­na­da por Pra­do, in­ti­tu­la­da NO SE­MI­NÁ­RIO, que di­zia:
"O dia 15 de ­abril, do­min­go pas­sa­do, foi, pa­ra os alu­nos des­te Es­ta­be­le­ci­men­to, ­cheio de ale­gria. Vi­ram de joe­lhos aos pés do Pon­tí­fi­ce, no re­cin­to sa­gra­do, na Ca­pe­la do Sa­gra­do Co­ra­ção de Je­sus, to­da or­na­da e re­ves­ti­da de ga­las, um jo­vem le­vi­ta e cin­co ou­tros se­mi­na­ris­tas... Co­mo ma­ni­fes­ta­ções do en­tu­sias­mo de que se acha­vam pos­suí­dos, qui­se­ram os se­mi­na­ris­tas me­no­res sau­dar o no­vo sa­cer­do­te, Rev.mo Se­nhor Pe. La­fa­yet­te Coe­lho, seu re­gen­te des­de al­guns ­anos. ­Após o al­mo­ço, se di­ri­gi­ram ao sa­lão, com a ban­da de mú­si­ca, fa­zen­do-se ou­vir o alu­no Jo­sé Al­ti­mi­ras Jú­nior, que di­ri­giu, em no­me dos co­le­gas, ao no­vo Pa­dre, pa­la­vras de gra­ti­dão e ­amor. Tam­bém o se­mi­na­ris­ta me­nor Pau­lo Ce­sá­rio pro­nun­ciou um atraen­te dis­cur­so de con­gra­tu­la­ção... O alu­no Fran­cis­co Sil­va sau­dou o no­vo sa­cer­do­te e os ou­tros se­mi­na­ris­tas por um bem ela­bo­ra­do dis­cur­so: ­'Sois, Pa­dre, dis­se ele. ­Ides es­pa­lhar en­tre os ri­cos e po­bres, en­tre os or­gu­lho­sos e os hu­mil­des, a dou­tri­na san­ta do Evan­ge­lho, tra­zer ao ­seio da re­li­gião e da Igre­ja as ove­lhas des­gar­ra­das, se­guin­do o exem­plo do Di­vi­no Mes­tre... Ó ­quão su­bli­me é a vos­sa mis­são! ­Sois aque­le que en­tra­rá no ­mais ri­co pa­lá­cio co­mo na ­mais hu­mil­de cho­ça... Te­reis le­ni­ti­vos pa­ra as do­res, pa­ra as mi­sé­rias dos in­di­gen­tes...' (E ou­tras coi­sas ­mais).
À noi­te, hou­ve tea­tro, com apre­sen­ta­ção do Dra­ma O Tio Fa­lot ou o In­cen­diá­rio de Van­gi­rar. Du­ran­te os in­ter­va­los, a ban­da exe­cu­tou vá­rias pe­ças"13.
Na­que­le ano de 1917, por es­tes nos­sos la­dos, lon­ge das in­for­ma­ções so­bre a guer­ra mun­dial, ­alheios a qua­se tu­do, mui­tos vi­viam tran­qüi­la­men­te. Os ­meios de co­mu­ni­ca­ção ­eram ra­ros e pou­co efi­ca­zes. O neo-sa­cer­do­te, po­rém, sa­bia que aque­le era um ano di­fí­cil: a Pri­mei­ra Guer­ra mun­dial (1914-1918) con­ti­nua­va. Os afa­ze­res mas­cu­li­nos no cam­po e nas ofi­ci­nas co­me­ça­ram a ser exe­cu­ta­dos por mu­lhe­res, ­pois os ho­mens tinham sido con­vo­ca­dos pa­ra a guer­ra. O ca­pi­ta­lis­mo co­me­ça­va a se fir­mar por to­da a par­te, com um avan­ço no se­tor in­dus­trial. A Rús­sia re­ti­ra­va-se da Guer­ra e ins­ta­la­va o re­gi­me so­cial - mar­xis­ta (co­mu­nis­mo). No­vi­da­des pa­ra o mun­do! Po­rém, em ­meio a es­ses acon­te­ci­men­tos, uma no­va luz bri­lha­va pa­ra o mun­do: em Por­tu­gal, a Vir­gem de Fá­ti­ma fa­zia de Fran­cis­co, Lú­cia e Ja­cin­ta os por­ta­do­res de sua men­sa­gem de es­pe­ran­ça e de paz.
Es­sa é uma pe­que­na mos­tra do con­tex­to em que o Pe. La­fa­yet­te ini­cia­va o seu mi­nis­té­rio pas­to­ral.
A mis­são es­ta­va co­me­çan­do. E foi exer­ci­da uni­ca­men­te na Ar­qui­dio­ce­se de Dia­man­ti­na.

SER­RO: TER­RA NA­TAL DO SER­VO DE ­DEUS

A vi­da da fa­mí­lia do Cô­ne­go La­fa­yet­te se pas­sou na re­gião mi­nei­ra de Ser­ro, um am­bien­te pri­vi­le­gia­do por ­Deus. A be­la e pi­to­res­ca ci­da­de, que viu nas­cer o me­ni­no La­fa­yet­te, tem uma lon­ga his­tó­ria. Aque­las ­ruas tor­tuo­sas, com ca­sa­rões de ar­qui­te­tu­ra ti­pi­ca­men­te co­lo­nial, que so­bem e des­cem os mor­ros de cal­ça­men­to de pe­dra sa­bão ou pé-de-mo­le­que, ti­ve­ram iní­cio com o cha­ma­do "ci­clo do ou­ro" de Mi­nas Ge­rais, um glo­rio­so pe­río­do de opu­lên­cia. Os vá­rios tem­plos, ri­ca­men­te or­na­men­ta­dos, re­tra­tam a fé cris­tã que im­preg­na to­da a cul­tu­ra do lu­gar.
Na re­gião cen­tral-les­te de Mi­nas Ge­rais, en­tre os va­les do rio Je­qui­ti­nho­nha e rio Do­ce, a ci­da­de es­tá si­tua­da a 940 me­tros de al­ti­tu­de, o que ex­pli­ca o an­ti­go no­me Hi­vi­tu­ruí (ou Ser­ro ­Frio), por ser com­ba­ti­da por fri­gi­dís­si­mos ven­tos. Es­tá a pou­co ­mais de 80 km de dis­tân­cia de Dia­man­ti­na, e a 320 km de Be­lo Ho­ri­zon­te, pas­san­do por Cur­ve­lo.
Em 14 de mar­ço de 1702 já se en­con­tra as­sen­ta­men­to es­cri­to da exis­tên­cia do lu­gar, quan­do o Pro­cu­ra­dor da Fa­zen­da ­Real, Bal­ta­zar de Le­mos Mo­rais, nu­me­rou e ru­bri­cou o Li­vro Pri­mei­ro da Re­cei­ta da Fa­zen­da ­Real das Mi­nas do Ser­ro do ­Frio e Tu­cam­bi­ra.
Pri­mi­ti­va­men­te foi cha­ma­da de "Ar­raial das La­vras Ve­lhas", sen­do, ­mais tar­de, ele­va­da a Vi­la, com o no­me de "Vi­la do Prín­ci­pe", em 29 de ja­nei­ro de 1714. A Co­mar­ca do Ser­ro foi cria­da e de­mar­ca­da pe­la pro­vi­são ré­gia de 17 de fe­ve­rei­ro de 1720, pu­bli­ca­da em 26 de ­abril de 1721. Pas­sou a ser ci­da­de, com o no­me de Ser­ro, atra­vés da Lei Pro­vin­cial n.º 93, de 6 de mar­ço de 1838. For­ma­va um mu­ni­cí­pio imen­so que, em 1890, con­ta­va 75.270 ha­bi­tan­tes3 .
A Pa­ró­quia do Ser­ro foi fun­da­da em 1703 e, por al­va­rá de 16 de fe­ve­rei­ro de 1724, foi tor­na­da co­la­ti­va. O pri­mei­ro vi­gá­rio en­co­men­da­do foi Pe. An­tô­nio de Men­da­nha Sou­to ­Maior e o pri­mei­ro vi­gá­rio co­la­do, Pe. Si­mão Pa­che­co.
Ser­ro foi a quar­ta lo­ca­li­da­de de Mi­nas a pos­suir im­pren­sa pe­rió­di­ca: sur­giu em 1830 a Sen­ti­ne­la do Ser­ro, fun­da­da e di­ri­gi­da pe­lo ser­ra­no Teó­fi­lo Oto­ni. Ou­tros se se­gui­ram: No­ti­cia­dor Ser­ra­no (1833), Bo­le­tim da Le­ga­li­da­de (1842), etc. (BAR­BO­SA 1, 493-495).
A ci­da­de de Ser­ro es­tá in­cluí­da no ro­tei­ro tu­rís­ti­co do Es­ta­do de Mi­nas Ge­rais e pre­ser­va to­da a ri­que­za cul­tu­ral do pas­sa­do atra­vés das tra­di­ções fol­cló­ri­cas e fes­tas re­li­gio­sas.